Ciclismo Volta a Itália: Continua vivo o sonho de João Almeida no pódio
No decorrer da 18.ª etapa da Volta à Itália que finalizou em Val di Zoldo, notou-se que João Almeida (Emirates) não estava nos seus melhores dias ao passar por dificuldades que não se previam, mas que são perfeitamente normais no ciclismo. No final conseguiu manter um lugar no pódio, embora tenha descido para terceiro na geral por troca com Primoz Roglic (Jumbo), enquanto Geraint Thomas (Ineos) manteve a camisola rosa de líder.
É normal no ciclismo surgirem dias menos bons e desta vez calhou a João Almeida, que salvou a jornada e provavelmente um lugar no pódio, com o apoio inquestionável de Jay Vine, que se entregou de alma e coração para manter o ciclista português com Thomas e Roglic à vista. O facto de ter gastado mais 21 segundos, pesam nos objetivos de poder chegar ao primeiro lugar, mas manteve intocável o sonho de terminar no pódio em Roma no domingo.
O ritmo imposto pela Ineos nos dois primeiros terços da etapa, foi complementado pela Jumbo-Visma na ultima parte, com o renovado e portentoso Roglic que desfez todas as duvidas e confirmou que vai lutar para vencer a geral. O ataque de Roglic na penúltima subida no Alto de Coi, refletiu-se em João Almeida, que não conseguiu responder, quando Geraint Thomas já se encontrava na roda do esloveno.
Em circunstâncias normais a recolagem teria sido possível, um despiste de Jay Vine atrapalhou a situação e foi a partir daí que João Almeida perdeu todas as possibilidades de se juntar aos adversários diretos. O tempo perdido seja ele muito ou pouco, afeta qualquer desportista que corre para o primeiro lugar, que neste acaso ficou um pouco mais longe, embora a etapa de sexta-feira em alta montanha nos Dolomitas e o contrarrelógio no sábado com 7,3 km sempre a subir, ainda possam dar a volta à classificação geral.
«Foi um dia muito duro desde o início, com um ritmo muito alto. Fiz o meu melhor e estou feliz com isso, Amanhã há mais e será ainda mais difícil, por isso espero estar lá em cima com eles. Sei que não será fácil mas vou lutar até ao fim. Os adversários estavam hoje mais fortes do que eu, o que não é o ideal, mas feitas as contas estou feliz. Estamos perto de Roma, mas ainda falta muita corrida. Estou ok e amanhã quero seguir com eles, vamos ver se algo acontece, porque facilmente se ganha ou se perde tempo nesta etapa. Não me senti muito bem e a minha equipa fez um trabalho perfeito, eles taparam alguns buracos. Jay Vine foi muito bom esteve sempre comigo e estou-lhe muito agradecido», declarações de João Almeida depois de cortar a meta.
A luta a três vai manter-se inalterada nas próximas etapas, no final Geraint Thomas mostrava-se satisfeito: «Foi um bom dia, não perdi tempo e mantive Roglic controlado. Ele gosta de mudanças de andamento e estava muito forte, mas estou feliz com o que fiz ao longo da etapa. A diferença aumentou para João Almeida o que é bom, mas tenho que ser consistente. Roglic já tinha tido um dia mau e hoje foi Almeida, eu levo isso em conta dia após dia e subida após subida».
Dos sete homens em fuga, Paret-Peintre (AG2R), Vadim Pronsky (Astana), Thibaut Pinot (Groupama), Marco Frigo (Israel), Derek Gee (Israel), Warren Barguil (Arkéa) e Filippo Zana (Jayco-Alula), apenas restaram Zana e Pinot. No sprint final o campeão italiano foi mais forte que o francês que recuperou a camisola do prémio da montanha. «Todo este Giro já é para mim um sonho. Agradeço à equipa que me deu esta oportunidade, no meu primeiro ano de World Tour. Ainda não consigo acreditar o que aconteceu. Dificilmente irei passar por outro momento como este na minha carreira, apostei no sprint e deu certo, estou feliz por ter aproveitado a oportunidade», afirmou Filippo Zana, que registou o melhor resultado da temporada e a primeira vitória numa grande volta.
Mauro Gianetti gerente da UAE-Team Emirates, justificou aos jornalistas o dia menos positivo de João Almeida: «Depois da corrida ele disse-me que não se tinha sentido bem desde o início. Foi bom, mas não foi ótimo. O João teve um pouco mais de dificuldades no dia de hoje. Não sentiu boas sensações mas não perdeu tanto tempo para os seu dois concorrentes. Limitou os danos e teve que recuperar o fôlego, mas nunca foi capaz de chegar junto de Roglic e Thomas. O objetivo continua a ser o pódio e ainda não chegámos ao fim. Também está a competir contra Thomas e Roglic, dois verdadeiros campeões. Sexta-feira promete ser um espetáculo maravilhoso. Roglic quer recuperar parte do seu atraso, Thomas quer terminar e ganhar tempo antes do contrarrelógio e João quer aproximar-se. Com certeza que será uma boa luta», concluiu.
18.ª ETAPA ORDESO - VAL DI ZOLDO 161 KM
1.º Filippo Zana (Ita/Jayco-Alula) 4.25,12 h à média de 36,425 km/h
2.º Thibaut Pinot (Fra/Groupama-FDJ) mt
3.º Warren Barguil (Fra/Arkéa-Sumsic) a 50 s
4.º Derek Gee (Can/Israel-Premier Tech) a 1,03 m
5.º Aurélien Paret-Peintre (Fra/AG2r-Citroen) a 1,24 m
6.º Marco Frigo (Ita/Israel-Premier Tech) mt
7.º Primoz Roglic (Slo/Jumbo-Visma) a 1,56 m
8.º Geraint Thomas (Gbr/Ineos-Grenadiers) mt
9.º João Almeida (Por/UAE-Team Emirates) a 2,17 m
10.º Eddie Dunbar (Irl/Jayco-Alula) ma 2,32 m
CLASSIFICAÇÃO GERAL
1.º Geraint Thomas (Gbr/Ineos-Grenadiers) 76.25,51 h
2.º Primoz Roglic (Slo/Jumbo-Visma) a 29 s
3.º João Almeida (Por/UAE Team Emirates) a 39 s
4.º Eddie Dunbar (Irl/Jayco-Alula) a 3,39 m
5.º Damiano Caruso (Ita/Bahrain Victorious) a 3,51 m
6.º Lennard Kamna (Ale/Bora-Hansgrohe) a 4,27 m
7.º Thibaut Pinot (Frs/Groupama-FDJ) a 4,43 m
8.º Andreas Leknessund (Din/Team DSM) a 4,47 m
9.º Thymen Arensman (Ned/Ineos-Grenadiers) a 4,53 m
10.º Laurens De Plus (Bel/Ineos-Grenadiers) a 5,52 m
PONTOS
1.º Jonathan Milan (Ita/Bahrain-Victorious)
MONTANHA
1.º Thibaut Pinot (Fra/Groupama-FDJ)
JUVENTUDE
1.º João Almeida (Por/UAE-Team Emirates)