«Tem de existir maior transparência onde e porque que se gasta»
Miguel Arrobas deseja continuar a competir caso ganhe as eleções para presidente da FPN, mesmo que tenha de ser só em provas fora do calendário oficial Fotografia A BOLA

ENTREVISTA A BOLA «Tem de existir maior transparência onde e porque que se gasta»

NATAÇÃO13.07.202413:41

PARTE 2 - Apesar de avançar com a candidatura a presidente da federação de natação, Miguel Arrobas quer continuar a nadar, nem que seja em provas de águas abertas à parte do calendário oficial. Revela alguns nomes para os órgãos sociais e os DTN para o polo-aquático e natação e que elogia do programa Portugal a Nadar , mas que este tem de ser reavaliado e pensado.

Se for presidente não pode competir, não é?

– Posso, se calhar terá de ser individual e não por um clube. Enfim, está ainda por ver. Como sabe eu compito, faço muitas águas abertas em termos de ultramaratonas completamente à parte de qualquer calendário oficial. E aquilo que faço no calendário oficial, se pelos estatutos, em que não há nada, creio. Ou seja, não poderia ser dirigente de clube, treinador ou árbitro, como atleta acho que é a única hipótese que tenho. Espero continuar, porque é isso que me faz sentido. Naquele bocadinho que estou também dentro de água, perceber as dificuldades dos outros atletas. Claro que já não faço natação pura ao mais alto nível, não jogo polo aquático em competição, mas são modalidades que conheço bem, gostei de praticar e sinto que há muita coisa que ainda precisa de ser mudada.

 – Uma vez que não quis dizer quais as associações que o apoiam, quem é que o acompanha nos corpos sociais ou em lugares técnicos?

– Em órgãos sociais, posso adiantar dois ou três nomes. O António Gomes no polo aquático, que tem paixão enorme, e muito conhecimento da modalidade. A Cecília Carmo, a segunda mulher do jornalismo desportivo em Portugal, acompanhou vários Jogos Olímpicos. Contamos com o Alexis Santos, olímpico dos últimos tempos que nos deu excelentes resultados e antecede estes do Diogo Ribeiro, a Joana Arantes, olímpica em 1992… E na parte técnica sinto que estou muitíssimo bem acompanhado. Desde já no polo aquático, natação pura e águas abertas.

Quem é do polo-aquático e da natação pura?

– O diretor técnico para o polo-aquático será o Paulo Tejo e o da natação pura Ricardo Antunes, que foi treinador do Cantanhede. Obteve bons resultados e tem uma visão também que entendo ser única e boa para aquilo que  pretendemos da modalidade. Por isso sinto que também em termos técnicos começo a estar bem acompanhado.

Entendo também que há muita coisa, se não quase tudo, para fazer outra vez em prol do polo-aquático, que tem decaído imenso. A nível feminino é uma coisa quase pontual e o polo-aquático tem história em Portugal. Tem de se mudar esse paradigma.

O que é que é mais urgente na federação?

– Creio que é mudar um pouco a filosofia de como estar na modalidade e gerir uma federação, que deve ser gerida em prol de todos os atletas. Não nos podemos contentar com um ou dois grandes resultados de um ou dois nadadores extraordinários. Há muita coisa a mudar em termos de planeamento, os planeamentos plurianuais em termos de alto rendimento. As competições têm de ser calendarizadas de forma mais coerente e certa. Que dê certezas a quem tem que planear as competições.

«Posso dar mais à natação a outro nível»

13 julho 2024, 12:14

«Posso dar mais à natação a outro nível»

PARTE 1 – Olímpico em Barcelona-1992, Miguel Arrobas diz que chegou o momento de ajudar a federação e mudar o paradigma das modalidades e avança candidatura para a presidência

A nível da comunicação é preciso focar muito no atleta. Com as associações territoriais, temos que trabalhar essencialmente em dois pontos: o atleta e o treinador. E a relação existente entre um e outro tem que ser fundamental. Daí, por exemplo, tenha também uma psicóloga nos órgãos sociais, a Marta Andrada de Aguiar, que tem acompanhado muitos atletas. A própria foi atleta, não de natação, mas gostava de valorizar a parte psicológica que é cada vez mais fundamental, nos atletas, treinadores e inclusivamente na própria federação e equipa que a compõe. Ela deve ser valorizada e deve ter um programa que os incentive e motive, porque fazem trabalho extraordinário, muitas vezes sem horas e fins de semana. Entendo também que há muita coisa, se não quase tudo, para fazer outra vez em prol do polo-aquático, que tem decaído imenso. A nível feminino é uma coisa quase pontual e o polo-aquático tem história em Portugal. Tem de se mudar esse paradigma.

A federação, atualmente, já está em cerca de 8 milhões de euros de orçamento. É muito dinheiro e não pode haver um único atleta ou treinador que diga que não tem condições para fazer o seu trabalho. Há que olhar para as competições e existir um planeamento anual correto, certo, com regulamentos.

– E há algo que deseje manter ?

Tenho ainda de referir a formação. Deteção de novos talentos na natação pura é fundamental. Deixámos de competir a nível mais jovem em competições internacionais, que é fundamental. Antes participávamos em provas internacionais e isso era fundamental para o crescimento e comparação com a Europa e o resto do mundo. Isso perdeu-se.

A federação, atualmente, já está em cerca de 8 milhões de euros de orçamento. É muito dinheiro e não pode haver um único atleta ou treinador que diga que não tem condições para fazer o seu trabalho. Há que olhar para as competições e existir um planeamento anual correto, certo, com regulamentos.

Não sou orgulhoso para dizer que vou mudar tudo, Aproximamos dos 100 anos da Federação Portuguesa de Natação, em 2030, portanto, tudo aquilo que me antecede é parte da história. Nunca renegarei essa história. Entendo que todos aqueles que estiveram nestas funções fizeram da melhor maneira possível e da melhor forma que entenderam. Agora, há muita coisa a mudar. Existe um controlo financeiro que tem de se continuar a manter e ser mais rígido. Tem de existir maior transparência onde e porque que se gasta. É fundamental que não haja um único atleta que necessite de apoio e não o tenha porque não há dinheiro. A federação, atualmente, já está em cerca de 8 milhões de euros de orçamento. É muito dinheiro e não pode haver um único atleta ou treinador que diga que não tem condições para fazer o seu trabalho. Há que olhar para as competições e existir um planeamento anual correto, certo, com regulamentos.

Creio que o Portugal a Nadar, é um programa bem pensado e idealizado. No meu ponto de vista, precisa, obviamente, ser reavaliado e repensado. É muita coisa. Há quem possa criticar. Eu aí não o faço.

A natação é um exemplo de uma modalidade que todos em Portugal deviam saber nadar. É inconcebível que se entre num site da federação e vejamos que até os textos dos regulamentos não batem certo uns com os outros e remetem para normas que, afinal, nem estão lá, ou estatutos que já nem dizem aquilo que diz o regulamento eleitoral, Geral ou disciplinar. Temos de ser um exemplo porque somos a segunda, e orgulhosamente pelo trabalho que foi sendo feito, maior federação do país. É preciso dar um exemplo de transparência, ética e responsabilidade que, muitas vezes, creio que pode faltar.

«O Diogo Ribeiro irá para aquilo que decidir e for melhor para ele»

13 julho 2024, 15:05

«O Diogo Ribeiro irá para aquilo que decidir e for melhor para ele»

PARTE 3 - Miguel Arrobas, candidato à liderança da FPN, conta o que pensa sobre a possibilidade do duas vezes campeão do Mundo ir para um clube estrangeiro e deixar de se treinar em Portugal e sobre a continuidade ou não, caso seja eleito, de Alberto Silva, técnico que tem preparado Diogo Ribeiro para os resultados de excelência. Mas fala tanbém da preocupação em que os atletas não deixem precocemente a competição por causa da universidade ou deixem de estudar devido à natação.

Mas é a segunda maior porque quem quiser inscrever, por exemplo, um filho com seis meses a ter aulas de natação tem de ser atleta inscrito na federação de natação.

– É verdade. Não vou criticar. Foi uma estratégia. Creio que o Portugal a Nadar, é um programa bem pensado e idealizado. No meu ponto de vista, precisa, obviamente, ser reavaliado e repensado. É muita coisa. Há quem possa criticar. Eu aí não o faço. De facto deixámos de estar nos 10 mil filiados para passarmos à ordem dos 100/110 mil, com as vantagens que isto traz. Há trabalho bem feito, ideias bem pensadas, mas tem de ser reavaliado. Não posso conceber que existam piscinas certificadas quando não o devem ser de acordo com os regulamentos. Ou que a certificação de um equipamento apenas dê direito a um mero diploma a dizer que está tudo bem. Podemos ir muito mais além disso.