PARTE 1 – Olímpico em Barcelona-1992, Miguel Arrobas diz que chegou o momento de ajudar a federação e mudar o paradigma das modalidades e avança candidatura para a presidência
– Porque decidiu avançar com a candidatura a presidente da federação de natação neste momento quando as eleições serão em novembro?
– Porque tenho mais de 40 anos de natação e já fiz um pouco de tudo. Competi em quatro das modalidades sob a alçada da federação – natação pura, águas abertas, polo aquático e masters – e acho que posso dar mais à natação a outro nível. Isto é, na parte do dirigismo, mantendo-me também como par daqueles que estão a competir, ou seja, ainda continuo a nadar, a fazer provas, principalmente de águas abertas e algumas nos masters. Portanto, se merecer a confiança de quem votar, pretendo ser um presidente que continua dentro de água.
– Ter avançado significa que já conseguiu apoios importantes?
– Sinto que já tenho apoios importantes e o facto de estar também atualmente em competição, e estar junto daqueles para quem espero vir a trabalhar, que são todos os atletas das várias disciplinas aquáticas, tenho visto uma receção fantástica que me deixa bastante motivado. Há muito trabalho a fazer? Claro que sim. O trabalho não acaba sequer no dia das eleições, mas tenho tido apoios aos mais variados níveis, não só das associações territoriais como na área dos treinadores, principalmente dos nadadores e de clubes. Por isso estou otimista que posso chegar a um bom resultado.
PARTE 2 - Apesar de avançar com a candidatura a presidente da federação de natação, Miguel Arrobas quer continuar a nadar, nem que seja em provas de águas abertas à parte do calendário oficial. Revela alguns nomes para os órgãos sociais e os DTN para o polo-aquático e natação e que elogia do programa Portugal a Nadar , mas que este tem de ser reavaliado e pensado.
– E pode-se já saber que apoios são esses?
- Tenho apoios fortes na área das associações territoriais. Não só grandes como mais pequenas. Não as quero divulgar já porque ainda há muito caminho para fazer, mas são apoios que me deixam esperançado, são associações que sabem o que fazem, que reconhecem em mim mérito e valor de alguém que pode dar mais à natação. Com essa confiança espero vir a trabalhar com esses e com quem não me apoie, porque desejo ser o presidente de todos. As associações territoriais são fundamentais no desenvolvimento da natação.
– Levou muito a decidir ser candidato ou estava planeado há algum tempo?
– Ah, Isso é uma história longa que eu, enfim, também não posso entrar em grandes detalhes, mas levou o tempo a partir do momento em que recebi o apoio das associações que quiseram lançar o meu nome. Agora, isto já se fala há cerca de dois anos e meio porque há pessoas que já falavam do meu nome, mesmo quando ainda não estava sequer a pensar nisso. Obviamente que nunca pus de parte uma possível candidatura. Aquilo que sempre disse é que estaria disponível para fazer mais e melhor pela natação, fosse como presidente ou noutro órgão qualquer, mas que estivesse na estrutura e que pudesse contribuir. Isso nunca afastei. Agora, como presidente é algo que passou a estar na minha cabeça em finais de outubro.
PARTE 3 - Miguel Arrobas, candidato à liderança da FPN, conta o que pensa sobre a possibilidade do duas vezes campeão do Mundo ir para um clube estrangeiro e deixar de se treinar em Portugal e sobre a continuidade ou não, caso seja eleito, de Alberto Silva, técnico que tem preparado Diogo Ribeiro para os resultados de excelência. Mas fala tanbém da preocupação em que os atletas não deixem precocemente a competição por causa da universidade ou deixem de estudar devido à natação.
– É o terceiro a declarar intenção de concorrer a presidente da FPN. Significa que não se reviu em nenhum dos outros dois [Avelino Silva e Rui Bettencourt Sardinha]?
– São percursos diferentes, pelo menos os outros dois candidatos assumidos, para já. Um nunca esteve na federação e, no entanto, tenho por ele grande amizade e sinto que fez bom trabalho na sua área geográfica. O outro, enfim, deixo para que a natação possa responder a isso. Não tenho qualquer mal-estar com nenhum, agora, não me revejo na filosofia de que deve estar inerente a um cargo destes. E para quem se trabalha. Aí sim, não me revejo. Noutros revejo-me nos trabalhos que fizeram. Acho que deram contributos importantes e podem continuar a fazê-lo.
– Apesar de, como disse, ter feito quatro modalidades da natação, há quem diga que está afastado da modalidade há algum tempo, concorda?
– Bom, não podia estar mais próximo da modalidade. Passei por tudo, fui nadador olímpico, joguei polo aquático dois anos e pouco em dois clubes diferentes. Depois sim, afastei-me. Voltei em 2001, em 2002 começo a voltar à natação e desde aí, interruptamente, há mais de 20 anos estou a acompanhar a natação e quase todas as modalidades. Fiz e faço comentários desportivos, não só das águas abertas, como da natação pura. E depois há todo um conhecimento. Os masters e as águas abertas têm mantido um crescimento enorme. Nesses estou lá dentro. Sou um dos que fez também esse crescimento, porque continuo a praticar. Enfim, se disseram a isso é porque não têm outro argumento para me atacar.