Tantos e tão poucos!
Etapa lusa do Circuito Mundial começa hoje com recorde de 624 judocas de 90 países. Dos 11 da equipa olímpica só competem cinco
Portugal já recebeu dois Grand Prix desde que, em 2022, passou a integrar o Circuito Mundial da federação internacional, mas, nenhum teve a dimensão daquele que, entre hoje e domingo, decorrerá no Pavilhão Multiusos de Odivelas. Após dois anos de sucesso em Almada, a etapa que assinala o arranque do Circuito em 2024 e o início da reta final da qualificação olímpica para Paris-2024 vai conhecer maratonas de combates e, possivelmente, emoções e qualidade de luta como nunca.
A começar pelo recorde de participantes: 624 judocas, 280 dos quais mulheres, em representação de 90 países. Números que suplantam os máximos de 544 atletas de 81 países obtidos há um ano. Efeito provocado pela corrida aos Jogos e também de no próximo fim de semana se realizar o mítico Grand Slam de Paris numa altura em que o Grand Prix de Telavive se mantém suspenso — não há previsões que venha a realizar-se —, e por isso há menos uma prova nesta altura da época e para tentar chegar a Paris-2024 até que tudo encerre em maio, no Mundial de Abu Dhabi.
Neste primeiro dia, dedicado (-48 kg, -52 kg e -57 kg nos femininos, e -60 kg e -66 kg, nos masculinos) realizar-se-ão cerca de 150(!) combates só para completar a primeira e segunda ronda. O que obrigou a começar a prova às 7.30h — nos dois dias seguintes será às 8h —, com os judocas a terem de sair duas horas antes dos hotéis, para que as eliminatórias terminem cerca das 15h, de forma a preparar a sala e a tecnologia para o bloco de finais marcado para as 17h, com transmissão mundial.
O único senão no meio desta festa do judo é a ausência de algumas das principais estrelas do judo nacional, pese a equipa contar com 27 elementos em virtude do país organizador poder apresentar um máximo de quatro judocas por peso, em vez dos habituais dois.
Seja por recuperação de intervenções cirúrgicas ou pequenas lesões que podiam colocar o resto da qualificação em risco, dos 11 elementos que integram a chamada equipa olímpica, que combate quase em exclusivo no Circuito, apenas cinco estarão em prova: Maria Siderot (-52 kg), Bárbara Timo (-63 kg), Rodrigo Lopes (-60 kg), João Fernando (-81 kg) e Anri Egutidze (-81 kg). O que significa que multimedalhados como Telma Monteiro (-57 kg), Jorge Fonseca (-100 kg), Catarina Costa (-48 kg), Patrícia Sampaio (-78 kg) e Rochele Nunes (+78 kg), a que ainda se junta Joana Diogo (-52 kg), só surgirão nas bancadas.
Nas duas anteriores edições do Grand Prix, Portugal conquistou sete pódios através de sete judocas. Deles, só a olímpica Bárbara, duas vezes medalhada em Mundiais e uma em Europeu, combaterá e é sobre ela, sábado, que residem as maiores expectativas, depois das atenções de hoje estarem viradas para Siderot e Rodrigo. Dos virtuais oito apurados para os Jogos neste momento, três estarão em ação: Timo, Rodrigo e Fernando. Por isso a expectativa, assim como a dúvida, é muita.