Ciclismo Roglic testou candidatos e Ben Healy impressionou
O dia do 114.º aniversário da Volta à Itália apagou a desilusão da jornada anterior e proporcionou um empolgante final de etapa, numa luta de gigantes, na qual Andreas Leknessund (Tema DSM) manteve a camisola rosa de líder.
As duas fases do percurso entre Terni e Fossombrone com 207 km, proporcionaram dois tipos de corrida diferentes. Nos primeiros 150 km, a fuga de 12 ciclistas foi mantendo uma interessante vantagem que ultrapassou os seis minutos. Paret-Peintre (AG2R), Healy (Education), Gee (Israel), Verona (Movistar), Skujins (Trek), Battistella (Astana), Bidart (Cofidis), Bais (Eolo), Toneli (Green Project), Barguil (Arkéa), Iacchi (Corratec), Zana (Jayco), não incomodavam na geral e tiveram rédea larga do pelotão.
O irlandês Ben Healy (EF Education) com 22 anos, demonstrando os dotes de trepador, aproveitou a primeira passagem por Cappuccini a 50 km da meta, despediu-se dos companheiros de aventura e venceu de forma meritória pela primeira vez uma etapa numa grande volta; «Foi a cereja no topo do bolo, depois de alguns meses incríveis. Em etapas longas como esta, a dinâmica do grupo desempenha um papel importante no final. Não queria correr nenhum risco e apenas fugi por conta própria, na primeira subida senti que as pernas estavam boas e não me importei de ir sozinho. Fiquei surpreso por ninguém me seguir, mas sempre tenho um contrarrelógio nas pernas e consegui manter o ritmo até ao fim. As ultimas semanas foram incríveis. Esta foi a minha terceira vitória e todas em Itália», afirmou Healy que foi o mais novo ciclista a vencer uma etapa no Tour de L’Avenir em 2019, este ano tinha sido primeiro na 3.ª etapa na Settimana Coppi & Bartali e primeiro no GP Industria & Artigianato, segundo na Amstel Gold Race e quarto na Liége-Bastogne-Liége.
Na fase incandescente da etapa Primoz Roglic (Jumbo) destacou-se entre os candidatos, o esloveno aproveitou a segunda passagem pela subida de Cappuccini e encostou às cordas os principais adversários, demonstrando a solidez de um ciclista consistente, com uma cadencia de pedalada impressionante. Apenas Geraint Thomas e Tao Geoghegan Hart (Ineos) conseguiram chegar à sua roda, João Almeida, Jay Vine, Remco Evenepoel, Damiano Caruso, Eddie Dunbar e Pavel Sivakov, acabaram por gastar mais 14 segundos, na véspera de um importante contrarrelógio com 35 km.
João Almeida (Emirates) não respondeu à explosão de Roglic, manteve o seu ritmo e ao ficar no grupo não conseguiu utilizar a estratégia que lhe é tão peculiar. Em situações do género mantém um ritmo constante e consegue a aproximação, fazendo a progressão de uma forma compassada e constante de pedalada. Dada a instabilidade no grupo de que fazia parte, o ciclista português não colocou em pratica a sua forma de correr, a cooperação não resultou porque todos pensavam mais em si próprios do que no grupo e o resultado foram 14 segundos que perderam numa fase importante do Giro.
Entre os ainda candidatos, João Almeida mostrou ter boas pernas, Roglic Thomas, Geoghegan e Vlasov mostraram-se sólidos, enquanto Remco Evenepoel pregou um pequeno susto à legião belga, quando Almeida acelerou e o campeão do mundo cedeu na roda do português, para recuperar mais adiante.
«Não foi o meu melhor dia, caso contrario teria seguido Roglic. Parecia que ele estava a sentir-se bem e colocou todos sob pressão, a 400 metros do topo as minhas pernas estavam cheias. Foi mais uma lição que aprendi com um ciclista experiente, fui um pouco infeliz e talvez um pouco estupido. Tinha pernas para seguir mas se as usasse mal seria lamentável. Ainda tenho meio minuto e espero que amanhã leve segundos ou um minuto», afirmou Evenepoel, com Primoz Roglic a rematar: «Fazemos planos mas às vezes a realidade é diferente. Estou sempre pronto para agarrar as oportunidades quando elas chegam. A subida final foi difícil e íngreme, mas eu tinha boas pernas e estava bem. Estou satisfeito com a minha condição». Filippo Ganna (Ineos) não alinhou à partida por ter dado positivo com Covid-19.
8.ª ETAPA TERNI - FOSSOMBRONE 207 KM
1.º Ben Healy (Irl/EF Education) 4.44,24 h à média de 43,671 km/h
2.º Derek Gee (Can/Israel) a 1,49 m
3.º Filippo Zanna (Ita/Jayco-Alula) mt
4.º Warren Barguil (Fra/Arkéa) mt
5.º Carlos Verona (Esp/Movistar) a 2,12 m
6.º Mattia Bais (Ita/Eolo-Komeya) a 2,37 m
7.º Toms Skujins (Let/Trek-Segafredo) a 3,51 m
8.º Alessandro Tonelli (Ita/Green Project) a 3,56 m
9.º Oscar Riesebeek (Ned/Alpecin-Deceuninck) a 4,00 m
10.º Tao Geoghegan Hart (Gbr/Ineos-Grenadiers) a 4,34 m
15.º João Almeida (Por/Emirates) a 4,48 m
CLASSIFICAÇÃO GERAL
1.º Andreas Leknessund (Nor/Team DSM) 33.52,10 h
2.º Remco Evenepoel (Bel/Soudal) a 8 s
3.º Primoz Roglic (Slo/Jumbo) a 38 s
4.º João Almeida (Por/Emirates) a 40 s
5.º Geraint Thomas (Gbr/Ineos) a 52 s
6.º Tao Geoghegan Hart (Gbr/Ineos) a 56 s
7.º Aurélien Paret-Peintre (Fra/AG2R) a 58 s
8.º Aleksandr Vlasov (Rus/Bora) a 1,26 m
9.º Damiano Caruso (Ita/Bahrain) a 1,39 m
10.º Lennard Kamna (Ale/Bora) a 1,54 m
PONTOS
1.º Jonathan Milan (Ita/Bahrain)
MONTANHA
1.º Davide Bais (Ita/Eolo-Kometa)
JUVENTUDE
1.º Andreas Leknessund (Nor/Team DSM)
EQUIPAS
1.ª Ineos-Grenadiers 101.38,51 h
2.ª EF Education-EasyPost a 1,57 m
3.ª Bahrain-Victorious a 3,03 m
Ordem de saída do contrarrelógio
12.15 h Veljko Stojnic (Corratec)
15.01 h Lennard Kamna (Bora)
15.04 h Damiano Caruso (Bahrain)
15,07 h Aleksandr Vlasov (Bora)
13.10 h Aurélien Paret-Peintre (AG2R)
15,13 h Tao Geoghegan Hart (Ineos)
15.16 h Geraint Thomas (Ineos)
15.19 h João Almeida (Emirates)
15.22 h Primoz Roglic (Jumbo)
15.25 h Remco Evenepoel (Soudal)
15.28 h Andreas Leknessund (Team DSM)
Os últimos 15 ciclistas partem com intervalos de três minutos, os restantes de minuto a minuto.