Powless surpreende Visma em 1 vs. 3 na Através da Flandres
Isolado contra trio adversário, o norte-americano derrotou ao sprint o favorito Wout van Aert, contrariando a opção da equipa neerlandesa em apostar na velocidade final do belga
Neilson Powless conquistou «a maior vitória» da sua carreira esta terça-feira na clássica Através da Flandres, impondo-se a um trio da equipa Visma-Lease a Bike, que apostou tudo em Wout van Aert para o sprint final, mas com surpresa o belga foi batido pelo norte-americano da EF Education-EasyPost.
Único corredor capaz de acompanhar Wout van Aert, Tiesj Benoot e Matteo Jorgenson durante o ataque concertado da equipa neerlandesa a 70 km da chegada, isolando definitivamente o quarteto, Neilson Powless encaixou-se nas rodas do poderoso bloco oponente, que preferiu levá-lo, sem o atacar, à reta da meta.
Tão surpreendente como a capacidade de Powless para derrotar um velocista como Van Aert numa chegada plana, numa longa reta, e lançado pelos seus companheiros de equipa, foi a decisão da equipa Visma de nem sequer colocar à prova o solitário rival.
Até então, o conjunto dos Países Baixos tinha feito uma exibição digna dos seus maiores momentos de glória, primeiro com uma aceleração pelos seus elementos de trabalho e depois com Bennot, Jorgenson e Van Aert a destroçarem a concorrência com um fortíssimo ritmo nos setores e muros de empedrado característicos desta clássica belga. O terceto alcançou, depois, um grupo que se mantinha em fuga e do qual o único a resistir à investida do comboio amarelo foi Neilson Powless, que, contra todas as expectativas, acabou por ser bem-sucedido com a opção em Van Aert.
O vencedor estava incrédulo. «É inacreditável, realmente não consigo acreditar! É verdade que me senti muito forte durante toda a corrida, mas nunca pensei em vencer naquele grupo. Pensei que estaria a competir pela segunda posição. Estou orgulhoso da maneira como corri. Esta é a maior vitória da minha carreira», declarou Powless, que alcançou a segunda vitória em clássicas do WorldTour, após a Clássica San Sebastian em 2021.
O norte-americano da equipa EF-Education, sexto na classificação geral da Volta ao Algarve, em fevereiro, chegou à Através da Flandres depois da 37.ª posição na Milão Sanremo e de ainda mais discreto 64.º lugar na recente E3 Saxo Classic.
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Nos derradeiros metros de uma prova em que tudo lhe correra bem, um sprint perfeito. «Sabia que o Wout [van Aert] era o mais forte, que eu teria uma oportunidade num milhão de batê-lo num sprint como este», reconheceu o vencedor, de sorriso rasgado, que detalhou depois o grande momento.
«Há uma grande distância entre a última curva e a meta, uma longa reta, por isso tentei posicionar-me na roda dele quando Benoot o lançou e quando iniciou o sprint procurei reagir rapidamente, dar tudo e... rezei!», descreveu Neilson Powless, que certamente vai ter esta vitória entre as mais espetaculares e surpreendentes do ciclismo.
Por seu turno, Wout van Aert, imagem da frustração, assumiu toda a responsabilidade pela decisão da equipa. «Sou totalmente responsável por esta derrota porque fui eu que tomei a decisão de ir para o sprint. Fui muito egoísta no final. E no sprint, tive uma forte cãibra».