Atletismo Polémica na marcha com substituição de prova
A decisão da World Athletics de substituir a longa distância de marcha (35 km) por uma estafeta mista de maratona está a suscitar repúdio junto dos marchadores europeus e Portugal não é exceção, com João Vieira a classificá-la de «falta de respeito» e de «balde de água fria» pelo trabalho realizado nos últimos anos, juntando-se a Inês Henriques, que também já tinha criticado a indefinição relativamente ao programa para os próximos Jogos Olímpicos de Paris-2024.
«É uma grande falta de respeito para com os atletas que trabalham todos os dias, sem saber para quê. Já se ouve isso [alterações no formato da marcha] há imenso tempo. Em janeiro divulgaram e deviam fazê-lo com alguma coisa que estivesse aprovada, para não andarem a brincar com as nossas vidas», lamentou Inês Henriques em fevereiro.
Esperou cerca de dois meses pela decisão da World Athletics, a pouco mais de um ano dos Jogos Olímpicos e quando os marchadores se preparavam para correr não os 50 quilómetros de Tóquio-2020, mas os 35 também coletivos mistos e não individuais, a génese dos atletas, que «gostam de estar entregues a si próprios, depender do seu esforço», nas palavras do técnico nacional de marcha, Carlos Carmino.
«Isto é, em princípio, o início do fim da marcha em termos de Jogos Olímpicos», defendeu João Vieira, vice-campeão do mundo nos 50 quilómetros em Doha2019 e quinto classificado nos Jogos Olímpicos Tóquio-2020. «Neste momento, o que se está a ver é que os marchadores não estão de acordo com o que a World Athletics quer fazer. Não fomos ouvidos. É uma falta de respeito para com os marchadores que tinham vindo a trabalhar para os 35 quilómetros neste ciclo olímpico», reforçou o sportinguista, fazendo eco de descontentamento também em Espanha. «No caso de um atleta como eu, há muitos tempo por este mundo fora, que nos últimos anos tem trabalhado as grandes distâncias, é um balde de água fria.»
Voltar à discussão dos 20 quilómetros, dos quais se tinha despedido no Rio-2016, é uma possibilidade para João Vieira, que se recusa a «baixar os braços» e a abdicar do «sonho de voltar a representar Portugal nos Jogos Olímpicos, porque ainda há a distância mais curta e a estafeta».
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