Patrícia 'Gyokeres' Sampaio
Fotografia Tamara Kulumbegashvili/IJF

Patrícia 'Gyokeres' Sampaio

Bronze nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 contou a A BOLA porque festejou a vitória para o 3.º lugar no Grand Slam de Tóquio como o avançado sueco do Sporting. 'Slam' de Paris será a primeira prova em 2025

No passado domingo, quando assegurou a medalha de bronze dos -78 kg no Grand Slam de Tóquio, prova que marcou o regresso à competição no Circuito Mundial após ter sido 3.ª classificada nos Jogos de Paris 2024, além dos habituais festejos ainda no tatami, Patrícia Sampaio, de 25 anos, acrescentou algo: levou as mãos à cara e fez uma máscara, tal como Viktor Gyokeres festeja os golos que marca pelo Sporting e pela seleção da Suécia.

«Um dos meus melhores amigos no clube é fã do Gyokeres, então, quando nos treinos eu marcava um golo a jogar futebol, comecei a fazer esse gesto na brincadeira. Ficou uma coisa nossa»

Não, não se tratava de qualquer mensagem neste final de temporada no judo. Patrícia, de 25 anos, não está a pensar trocar o Gualdim Pais, onde faz judo desde sempre e é treinada pelo irmão mais velho, Igor, pelo Sporting, um dos principais clubes da modalidade em Portugal.

Fotografia Tamara Kulumbegashvili/IJF

Após derrubar para ippon, a 15s do final do combate, a japonesa Shori Hamada (33.ª do ranking), Sampaio apenas cumpria uma promessa. «Um dos meus melhores amigos no clube é fã do Gyokeres, então, quando nos treinos eu marcava um golo a jogar futebol, comecei a fazer esse gesto na brincadeira. Ficou uma coisa nossa», conta a 11 vezes (1+1+9) medalhada no Circuito e bronze no Europeu de 2023.

Refira-se que nos clubes em Portugal e até na Seleção, antes de começar o treino, os judocas habitualmente usam o tapete para uma futebolada.

Na semana seguinte, antes de vir para Tóquio, voltei a dizer que o repetiria se medalhasse. Ao que ele respondeu: ‘O ‘se’ nem vou comentar para não me chatear’. E pronto, cumpri a promessa

Fotografia Tamara Kulumbegashvili/IJF

«Então, no campeonato Nacional [há duas semanas] disse que lhe ia dedicar a vitória [foi campeã pela quinta vez] e fazer o gesto. Depois, na semana seguinte, antes de vir para Tóquio, voltei a dizer que o repetiria se medalhasse. Ao que ele respondeu: ‘O ‘se’ nem vou comentar para não me chatear’. E pronto, cumpri a promessa», completou a duas vezes olímpica, que continuará a treinar no Japão, com a Seleção, até à próxima semana.

No próximo ano, logo no início, vou ao estágio de Mittersill [Áustria] e em fevereiro ao Grand Slam de Paris

«Ficamos ainda até quinta-feira. Depois, no próximo ano, logo no início, vou ao estágio de Mittersill [Áustria] e em fevereiro ao Grand Slam de Paris. A partir daí ainda não está totalmente decidido que provas disputarei», revela quem, entretanto, saltou do 10.º para o 7.º lugar do ranking.

Fotografia Tamara Kulumbegashvili/IJF

E tem pena de já não haver o Grand Prix de Portugal que, em janeiro, havia passado a marcar o início do Circuito Mundial e vencer em 2023? «Sim, sobretudo porque era uma competição acessível de pessoas mais próximas de mim - família e amigos e colegas -, terem oportunidade de assistir aos meus combates e eu de os ter perto. É bocadinho por aí que tenho pena», conta.

Se elas pensarem como eu, qualquer pessoa que me apareça pela frente é um alvo a abater. Tenha ela medalha no Mundial, nos Jogos ou no campeonato nacional

Fotografia Tamara Kulumbegashvili/IJF

E no Grand Slam de Tóquio, sentiu que passou a ter um alvo maior nas costas após ter ganho o bronze olímpico? «Acho que nem pensei muito no assunto. Abordei os combates como sempre. Neste momento, depois de um ciclo olímpico, é altura em que começam a aparecer adversárias novas, como a japonesa com quem perdi [Kurena Ikeda (93.ª), nos quartos de final]. Todas as outras já tinha lutado contra elas. Vai ser sobretudo isso que irei sentir: gente nova a aparecer e ter de aprender a lutar contra pessoas que não conhecia», diz.

«Quanto à questão de ser um alvo a abater, se elas pensarem como eu, qualquer pessoa que me apareça pela frente é um alvo a abater. Tenha ela medalha no Mundial, nos Jogos ou no campeonato nacional», concluiu.