O dia ‘impossível’ de Diogo Ribeiro (vídeo)

Natação O dia ‘impossível’ de Diogo Ribeiro (vídeo)

NATAÇÃO24.07.202315:16

Diogo Ribeiro com o italiano e campeão Mundial Thomas Ceccon e o francês Maxime Grousset após a cerimónia no pódio

Chegou o dia impossível que atuais e antigos nadadores portugueses, assim como as famílias que os levam de madrugada aos treinos desde o início da adolescência, sonharam poder assistir: ver um português subir ao pódio num campeonato do mundo e a bandeira hasteada.

Aos 18 anos e esteando-se no evento Diogo Ribeiro proporcionou-o ao ser prata na final dos 50 mariposa do 20.º Mundial de Fukuoka com um novo e sensacional recorde nacional de 22,80s.

Final em que apenas se viu batido pelo italiano Thomas Ceccon com 22,68s, que ontem já havia sido prata nos 4x100 livres, e com o bronze a ficar para o francês Maxime Grousset, 22,82.

Através de uma prova imaculada desde a saída dos blocos, onde com o tempo de reação de 0,58s foi o mais rápido dos oito atletas, a par do britânico Benjamin Proud (5.º, 22,91) e do austríaco Simon Bucher (7.º, 23,26), o qual, na meia-final, sobrevivera a um swim-off para ocupar a última vaga na final.

Proud e Bucher não tiraram tanto partido dessa explosividade de reação no salto para a água. O nadador do Benfica, tricampeão campeão mundial júnior em Lima (50 livres, 50 e 100 mariposa) em setembro do ano passado e ainda recordista mundial do escalão nos 50 mariposa aproveitou-a ao máximo.

Colocado na pista 1, onde quase ninguém o consegue controlar - se é que em 50 mariposa, onde nem sequer se respira e existe tempo e oportunidade para tal -, Diogo manteve-se desde cedo no topo da prova para, nos últimos 25 metros, ir ultrapassando um após outro.

Só o transalpino Thomas Ceccon, dois anos mais velho que português, o mais novo entre os oito, não foi apanhado. Ceccon, que ao contrário do que há muito acontece na natação, usa um bigode à Mark Spitz e tem o cabelo quase pelos ombros, garantiu que tocava na parede 0,12s antes de Ribeiro.

Já o gaulês Grousset, que tanto dominara as eliminatórias (22,72) como as meias-finais (22,74), teve de se contentar com o último degrau do pódio. Nas qualificações de ontem Cecco havia sido 6.º (23,14) e 3.º na semifinal (22,92).     

Surgindo no Japão com o 8.º melhor tempo da start list graças aos 22,98s que eram recorde nacional e lhe permitiram conquistar o título no Mundial de Júnior, logo nas eliminatórias Diogo obteve a 6.ª melhor marca (23,14) entre 91 participantes.

Na meia-final, não ter nadado abaixo dos 22s e ter terminado em 5.º na primeira série (23,04) deixou em sério risco a possibilidade de estar na final de hoje. Porém a segunda série não foi muito melhor e acabou por passar em 7.º à decisão das medalhas.

Aproveitou-a ao máximo, mostrando ainda que, apesar de ter sofrido covid há apenas um mês, o que o impediu de fazer uma última competição de preparação em Roma, a infeção não o afetou quando teve de puxar pelo corpo para dar o seu melhor de sempre e a decisão passou a ser ao milésimo de segundo.   

Recorde-se que, em 18 participações da Seleção no evento, Diogo Ribeiro foi apenas o terceiro português a chegar a uma final individual num Mundial em piscina de 50 meros depois de Alexandre Yokochi nos 200 bruços (5.º) em Madrid-1986 e Ana Barros nos 50 costas (8.ª) em Perth-1991.

Aos quais ainda se pode juntar a estafeta de 4x50 livres (7.º)  composta por Paulo Trindade, Paulo Camacho, Diogo Madeira e Artur Costa também em Perth-1991.

CLASSIFICAÇÃO

50 mariposa:

1.º, Thomas Ceccon (Ita), 22,68s;

2.º, Diogo Ribeiro (Por), 22,80;

3.º, Maxime Grousset (Fra), 22,82:

4.º, Jacob Peters (Gbr), 22,84;

5.º, Benjamin Proud (Gbr), 22,91;

6.º, Dare Rose (EUA), 23,01:

7.º, Simon Bucher (Aut), 23,26;

8.º, Abdeirahman Sameh (Egy), 23,34.