Ciclismo «Não tomo nada que não desse à minha filha»
«Não esperava ter um dia tão bom. É difícil descrevê-lo. Estou verdadeiramente aliviado», afirmou Jonas Vingegaard, de 26 anos, após ter concluído a 17.ª etapa do Tour 2023 em 4.º, a 1.52m do Austríaco Felix Gall (AG2R-Team Citroen), que completou os 185 km com partida em St. Gervais em 4.49,98h.
O alívio não era para menos, o dinamarquês da Jumbo construíra um avanço de quase 6m em relação ao esloveno Tadej Pogacar, principal rival, que na meta em Courchevel se traduziu numa impressionante liderança da classificação geral de 7.35m.
«Conseguir uma vantagem de 7 minutos é ótimo. Ainda não estamos em Paris, há etapas complicadas pela frente e tenho de dar o melhor possível. Tadel nunca desiste, com certeza que tentará algo. Estou convencido disso e tenho de estar preparado. Ainda há algumas coisas entusiasmantes para acontecer neste Tour», referiu o vencedor de 2022 que esta quinta-feira estará novamente de amarelo.
«Estava atrás de Tadej quando ele caiu. Um tipo tocou-lhe na roda. É lamentável para Tadej que tal tenha acontecido. Esperámos que voltasse após o acidente para não lucrarmos com a situação, mas é difícil dizer se o acidente foi a razão para a sua performance», completou.
Minutos depois, quando circulava na zona do pódio e já estivera com a filha Frida, de 3 anos, ao colo, o dinamarquês, que em dois dias consecutivos terá resolvido a conquista da 110.ª edição do Tour com brilhantes atuações, foi questionado sobre doping. Haviam-lhe perguntado o mesmo na véspera, após brilhar no crono.
«Percebo que seja difícil de acreditar. Mas posso assegurar-lhes uma coisa do fundo do coração: não tomo nada que não desse à minha filha e, definitivamente, não lhe daria quaisquer drogas».
Vingegaard continua a atribuir grande parte deste sucesso no Tour aos especialistas da Jumbo. «A maioria dos planos são elaborados pela equipa de performance. Em dezembro são eles que têm de decidir e depois nós só temos de afinar as coisas. Até ontem revimos a estratégia de dezembro de que já havíamos falado bastante. Acreditamos nesse plano e temos lutado todo o Tour com esta etapa no pensamento».
«Quando, em outubro, vi o percurso do Tour achei que era mau para mim. Fiquei desapontado. Mas depois notei esta etapa e fiquei feliz com ela. Fiquei logo com a ideia que não era assim tão complicada, mas a realidade é que, desde há muito tempo, tem sido umas das mais difíceis», referiu o líder que após quatro duros dias no Alpes, quinta-feira não terá de se preocupar com a alta montanha pois só encontrará terreno plano nos 185 km a percorrer entre Moutiers e Bourg-En-Bresse.