Morreu o 'nosso' Fernando Emílio
Apaixonado por ciclismo, mas especializado em diversas modalidades, deixou-nos esta sexta-feira, exatamente 40 anos depois de Joaquim Agostinho
Fernando Emílio, jornalista de A BOLA, 77 anos, faleceu hoje, após prolongada doença. Partiu rodeado pela família, com os filhos a segurarem-lhe a mão. O nosso Emílio, como carinhosamente era tratado entre nós, era um dos mais conceituados especialistas portugueses de ciclismo e esteve presente, ao serviço de vários meios de comunicação social, em nada menos de 50 Voltas a Portugal. Recebeu, em 2023, no decorrer da última prova, as insígnias de Sócio de Mérito da Federação Portuguesa de Ciclismo como reconhecimento pela longevidade do seu trabalho, quer a noticiar quer a comentar a modalidade pela qual era apaixonado.
Alentejano, natural do Ciborro (Montemor-o-Novo) e residente em Évora, Fernando Emílio transpirava jornalismo e ciclismo por todos os poros. Era um ‘monstro’ que atingira um patamar que todos nós, jornalistas desta casa e de todas as outras queriam, um dia, atingir. Há cerca de um ano, a saúde pregou-lhe uma rasteira, mas que o ‘Ti Emílio’ – ‘Lurdinhas’, para quase todos – teimou em querer superar. Manteve sempre, mesmo assim, a verticalidade, rigor, humor, sagacidade e tirada certeira que todos lhe conhecíamos.
«É uma figura incontornável do ciclismo e do jornalismo português», resumiu o diretor da Volta, Joaquim Gomes, aquando da homenagem que, em agosto de 2023, recebeu por parte da organização da Volta a Portugal.
Delmino Pereira, presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, reconheceu-lhe também, nesse dia, a dedicação de uma vida ao jornalismo e ciclismo: «Obrigada pelo seu amor ao ciclismo, do qual é conhecedor profundo e, enquanto jornalista, se tornou uma referência e a quem a FPV, na sua AG de 4 de abril do corrente ano [2023], por unanimidade aprovou atribuir a condição de Sócio de Mérito, e o respetivo diploma, neste dia recebido.
Também Vítor Serpa, diretor de ABOLA entre 1992 e 2022, reconheceu, na altura, o prestígio de Fernando Emílio: «Estamos gratos à organização da Volta e à Federação Portuguesa de Ciclismo. Seguiu uma tradição do jornalismo desportivo que não no futebol em que A BOLA teve nomes como Carlos Miranda, ou o Carlos Pinhão. Também nós estamos gratos ao Fernando por tudo aquilo que tem dado à modalidade, não só pela promoção do ciclismo, que agora faz por ser justo para com o Fernando Emílio».
Fernando Emílio relembrou, então, como teve início a paixão pelo ciclismo: «Comecei de 'carroça', a termos de parar em todos os cafés e restaurantes a pedir chamadas para Lisboa para mandar o serviço para a rádio. Tive grandes mestres e amigos, como José Neves de Sousa, David Borges, Abel de Figueiredo, Artur Agostinho, Ribeiro Cristóvão. Acho que fui um bom aprendiz, tento ser um razoável professor agora. Hoje estou um choramingas, desculpem lá, o que é que querem, deu-me para isto, deu-me para aqui».
A BOLA envia à família e aos amigos de Fernando Emílio, as mais sentidas condolências, extensivas, igualmente, à família do ciclismo português. O corpo vai para a Igreja dos Álamos (Évora) pelas 16 horas deste sábado e o funeral será às 15 horas de domingo no cemitério do Espinheiro, igualmente em Évora.