Juju, a menina que corria descalça pintou St. Lucia de ouro
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Juju, a menina que corria descalça pintou St. Lucia de ouro

JOGOS OLÍMPICOS04.08.202408:20

Velocista ganhou 100m metros femininos e conquista primeira medalha olímpica do pequeno país das Caraíbas. Realizou sonho de criança — apenas competir nuns Jogos — mas o pai já não assistiu. Usain Bolt inspirou-a de manhã

Em Santa Lucia, a pequena ilha/país nas Caraíbas que tem 180 mil habitantes e onde Julien Alfred nasceu há 23 anos e viveu na capital Castries antes de se mudar para os Estados Unidos para estudar e treinar na Universidade do Texas, haviam montando alguns ecrãs gigantes para que a população seguisse os Jogos de Paris-2024.

Não o futebol ou basquetebol mas especialmente as provas de velocidade de atletismo onde a filha da terra, que todos conhecem por Juju, iria competir com a expectativa que já deixara no ar depois de, em março, ter sido campeã mundial dos 60m em pista coberta em Glasgow-2024, o que significou o primeiro pódio de Santa Lucia em mundiais de atletismo e, no ano anterior, ter sido 4.ª nos 200m nos Mundiais de Budapeste.

Tão cedo alguém se esquecerá o verão de 2024 e o dia em que, depois de já ter sido a mais veloz das meias-finais dos 100m (10,84), Juju voou no Stade de France e conquistou o ouro na final com recorde nacional (10,72s), relegando, com mais de um corpo de diferença, as americanas americanas Sha’Carri Richardson (10,87), que passou na zona mista e escusou-se a falar com a imprensa, e Melissa Jefferson (10,92) para fazer história ao arrebatar a primeira medalha olímpica do país que só começou a ir ao Jogos a partir de Atlanta 1996.

«Acreditava que seria capaz»

Entre lágrimas de felicidade, tocar sino da vitória junto à pista e procurar alguém conhecido na bancada para celebrar e descarregar a adrenalina de quem em criança sonhava ir ao Jogos, Alfred não se esqueceu de recordar o pai, falecido no ano passado. «Ele acreditava de que eu seria capaz. Faleceu em 2013 e não conseguiu ver-me no maior palco da minha carreira. Mas sei que sempre se orgulhará da sua filha ser uma atleta olímpica e agora isso aconteceu».

«Enquanto crescia costumava lutar no campo sem sapatos, a correr descalça e com o meu uniforme escolar. Corria por todo lado; vai contando a nova campeã olímpica que sucedeu à jamaicana Elaine Thompson-Herah. Aliás, há quatro edições que a sprinters da Jamaica levavam o título.

«Mal temos instalações em condições. O estádio não está arranjado. Espero realmente que esta medalha de ouro também ajude os jovens e ajude Santa Lúcia a construir um novo estádio e realmente ajude a modalidade a crescer», referiu ainda Julien Alfred que quando lhe perguntaram como se sente quando lhe chamam campeã olímpica, não teve de pensar muito: «Parece-me muito bem. Soa bem».

Já sobre como se havia inspirado para a prova, Juju contou que foi desde cedo de manhã a ver vídeos do jamaicano tricampeão dos 100 metros e detentor de oito ouros olímpicos Usain Bolt. «Ele ganhou tantas medalhas. Esta manha voltei a ver a ver as corridas que fez. Não vou mentir, esta manhã vi toda as corridas do Usain Bolt», concluiu.

Fraser-Price não 'passou' na porta para as meias-finais

Quem não marcou presença na final pela primeira vez desde Pequim 2008 foi Shelly-Ann Fraser-Pryce, duas vezes campeã olímpica dos 100m (Pequim-2008 e Londres-2012), distância em que tem mais dois pódios (bronze no Rio 2016 e prata em Tóquio 2020) entre um total de oito medalhas olímpicas.

A jamaicana, de 37 anos, que em Paris-2024 compete pela última vez nuns Jogos, não disputou as meias-finais de ontem depois de ter obtido a segunda melhor marca das eliminatórias (10,92s).

Constava que não lhe havia sido permitido acesso à área de aquecimento fora do Stade de France por uma porta que entrara nos dias anteriores e por não ter chegado ao local no autocarro dos atletas.

Isto porque, entretanto, havia existido uma alteração das regras no que se refere à chegada dos atletas, de que muitos não tomaram conhecimento, e por mais que a jamaicana tentasse explicar, os seguranças defendiam-se com as ordens existentes e que não podiam entrar por ali outro tipo de veículos. Shelly-Ann por não correr, alegando uma lesão, o diretor de equipa da Jamaica Ludlow Watts.

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