Ciclismo Fugitivos traídos pela fúria do pelotão
Na véspera da chegada ao maciço do Gran Sasso, o pelotão baixou a guarda e correu sem grandes preocupações a 6.ª etapa da Volta à Itália, que teve partida e chegada a Nápoles na distância de 162 quilómetros, mantendo-se as classificações sem alterações, com Andreas Leknessund ( Team DSM) de líder.
Prevendo o tremendo desgaste físico na etapa com final em Campo Imperatore, em que a subida tem 45 quilómetros, a passagem pela contagem de 2.ª cat. e chegada à meta de 1.ª cat., deverão constituir os pontos decisivos para uma revolução na classificação geral, num importante teste para os que correm para os primeiros lugares.
Evenepoel, Roglic, João Almeida, Thomas, Vlasov, Geoghegan Hart, Haig, Arensman, Carthy e Vine, realizaram uma etapa em economia de esforço, atentos às quedas e sem arriscarem, chegaram à meta e passaram despercebidos ao longo da jornada.
O interesse da etapa residiu na fuga iniciada nos primeiros quilómetros por Alexandre Delettre (Cofidis), Francesco Gavazzi (Eolo), Simon Clarke (Israel), Charlie Quartemann (Corratec) e Alessandro De Marchi (Jayco).
O percurso com duas contagens de montanha e uma quilometragem acessível, motivou os veteranos Clarke e De Marchi, que depois dos restantes companheiros de aventura terem abdicado a 70 quilómetros da meta, acreditaram que seria possível discutir a vitória em Nápoles.
O ritmo imposto pela Trek-Segafredo nos últimos 20 km, com Movistar, Bahrain e Bora a darem uma ajuda, nem a troca de bicicleta de Primoz Roglic e a avaria de Geraint Thomas, beliscaram a fúria do pelotão que mais uma vez foi impiedoso para os dois protagonistas da etapa, neutralizados a 300 metros da meta completamente esgotados e sem forças.
«Demos tudo e fomos mais longe do que realmente era possível, Alessandro estava muito forte e a entreajuda foi perfeita. Depois de um contrarrelógio de 160 quilómetros não podemos reclamar», afirmou Simon Clarke algo desiludido.
No sopé do Vesúvio, Fernando Gaviria (Movistar) num sprint lançado abriu cedo de mais as hostilidades, confirmando os prognósticos o antigo campeão do mundo, Mads Pedersen explodiu nos últimos 100 metros e culminou com sucesso o trabalho desenvolvido pela Trek-Segafredo. «Sinto-me culpado por termos absorvido os fugitivos que mereciam ter melhor sorte. Naturalmente que estou muito feliz pela vitória, porque foi para isso que viemos ao Giro. Foi uma etapa muito dura e tivemos que colocar todo grupo a trabalhar para chegarmos bem colocados à reta da meta. Tinha planeado fazer um sprint longo, mas Gaviria começou mais cedo e tive de explodir ao lado de Milan e Ackermann que se mostraram muito fortes», afirmou o vencedor que registou a terceira vitória da temporada.
«Foi uma etapa muito rápida, mas sempre me senti bem e apoiado pela equipa. Se tenho sequelas? Claro que sim porque não passam de um momento para o outro, sinto a perna dura mas não se ressentiu do esforço. Hoje fiz uma boa corrida e amanhã espero estar muito bem na subida», frisou Remco Evenepoel (Soudal).
Também João Almeida perspetivou a etapa de sexta-feira: «Amanhã é o verdadeiro teste para os candidatos à geral. É uma subida muito longa até ao final. Não é a mais difícil, mas vai ser um dia bem longo, com frio no final, por isso, de certeza que vai ser duro. Vamos descobrir como estão as pernas, sobretudo depois da queda. Esperemos que esteja bem.»
6.ª ETAPA NÁPOLES - NÁPOLES 162 KM
1.º Mads Pedersen (Din/Trek-Segafredo) 3.44,45 h à média de 43,248 km/h
2.º Jonathan Milan (Ita/Bahrain) mt
3.º Pascal Ackermann (Ale/Emirates) mt
4.º Kaden Groves (Aus/Alpecin-Deceuninck) mt
5.º Fernando Gaviria (Col/Movistar) mt
6.º Michael Matthews (Aus/Jayco) mt
7.º Vincenzo Albanesi (Ita/Eolo) mt
8.º Marius Mayrhofer (Ale/Team DSM) mt
9.º Lorenzo Rota (Ita/Intermarché) mt
10.º Simone Velasco (Ita/Astana) mt
38.º João Almeida (Por/Emirates) mt
CLASSIFICAÇÃO GERAL
1.º Andreas Leknessund (Nor/Team DSM) 22.50,48 h
2.º Remco Evenepoel (Bel/Soudal) a 28 s
3.º Aurélien Paret-Peintre (Fra/AG2R) a 30 s
4.º João Almeida (Por/Emirates) a 1,00 m
5.º Primoz Roglic (Slo/Jumbo) a 1,12 m
6.º Geraint Thomas (Gbr/Ineos) a 1,26 m
7.º Aleksandr Vlasov (Rus/Bora) mt
8.º Toms Skujins (Let/Trek) a 1,29 m
9.º Tao Geoghegan Hart (Gbr/Ineos) a 1,30 m
10.º Vincenzo Albanese (Ita/Eolo) a 1,39 m
PONTOS
1.º Jonathan Milan (Ita/Bahrain)
MONTANHA
1.º Thibaut Pinot (Fra/Groupama)
JUVENTUDE
1.º Andreas Leknessund (Nor/Team DSM)
EQUIPAS
1.ª Ineos-Grenadiers 68.36,13 h
2.ª Jumbo-Visma a 1,49 m
3.ª Bahrain-Victorious a 2,15 m