«Estou  confiante que será bom ano»
Fotografia Pedro Mestre/WSL

«Estou confiante que será bom ano»

SURF30.01.202405:06

Quase tudo em jogo nos próximos quatro meses para Frederico Morais. Quer garantir a passagem no ‘cut’ no circuito mundial de surf e o apuramento olímpico para Paris-2024

O Championship Tour 2024 (CT), circuito mundial de surf da World Surf League (Liga Mundial de Surf), arrancou na segunda-feira com período de espera no Havai, no Lexus Pipe Pro, em Pipeline, Oahu, com toque português. Frederico Morais, 32 anos, está, de novo, entre a elite mundial do surf, o que acontece pela terceira vez na carreira desde que se estreou na temporada 2017. 

Membro residente em quatro temporadas, 2017 (14.º) e 2018 (23.º), 2021 (10.º) e 2022 (29.º), ano em que foi afastado no cut (corte) a meio da temporada, Kikas sofreu duas despromoções que coincidiram sempre com o final da segunda temporada no CT. 

No ano passado, o surfista luso treinado pelo australiano Richard Dog Marsh garantiu o segundo regresso ao Championship Tour por via de requalificação na Challenger Series, circuito secundário de acesso ao World Tour onde terminou em 3.º do ranking

A época arrancou no Havai e, até abril, Frederico Morais terá pela frente dois desafios da maior importância. Além das cinco etapas antes do cut do circuito principal da WSL, em paralelo, terá no Mundial de surf ISA (Associação Internacional de Surf), em Margara, Porto Rico, 22 de fevereiro a 2 de março, a última possibilidade de se qualificar para os Jogos Olímpicos Paris-2024, a disputar-se em Teahupoo, no Taiti, na Polinésia Francesa, de 27 de julho a 5 de agosto.

Fotografia Pedro Mestre/WSL

«A preparação foi feita em Portugal, temos ondas ótimas de inverno. O nosso país tem todas as condições para preparar-nos para uma época intensa do World Tour. Sinto que, em casa, consigo apurar a condição física à mental e técnica para enfrentar uma temporada exigente», frisou Frederico Morais, em conversa com A BOLA, a partir do Havai. 

«Sinto-me motivado, preparado e contente e isso é o mais importante», assegurou o surfista. «Como sabemos, os desempenhos e os resultados dependem também das ondas e do mar», afirmou. E não só. «E há muito o fator sorte», realçou. «Mas dentro do que posso dominar e controlo, tentei maximizar as oportunidades ao máximo e agora é ir para dentro de água e dar tudo», prometeu o segundo surfista português a integrar a alta roda do circuito mundial de surf depois de Tiago Pires ter somado sete temporadas ao mais alto nível, entre 2008 e 2014.

Fotografia Pedro Mestre/WSL

«Estou há quase 15 dias no Havai, ambientado, tenho surfado em Pipeline e Sunset», palcos das duas primeiras etapas (29 de janeiro a 10 de fevereiro e 12 a 22 de fevereiro) do circuito de elite da WSL que antecedem a passagem por Peniche Supertubos (6 a 16 de março) e a dupla ronda pela Austrália, Bells Beach (26 de março a 6 de abril) e Margaret River 11 a 21 de abril). 

Terminadas as cinco etapas se decidirá o corte dos 36 para 24 surfistas no circuito masculino e de 18 para 12 no feminino. Mas antes da separação de quem seguirá pela disputa do título nas restantes quatro etapas e consequente final, em setembro, em Trietre, Califórnia, EUA, e os outros que lutarão pelo regresso, acontece outro evento de maior importância. 

A anteceder a vinda dos surfistas do CT a Portugal há «Porto Rico que pode dar a qualificação para os Jogos Olímpicos», assinalou o surfista português ao referir-se aos Mundiais de Surf da ISA e ansioso por garantir uma vaga nos Jogos Olímpicos Paris -2024 depois de, embora qualificado para Tóquio-2020, ter falhado a estreia olímpica ao ter testado positivo à Covid-19 nas vésperas de viajar para o Japão. 

Calendário Championship Tour 2024

- Lexus Pipe Pro (Banzai Pipeline, Havai, EUA)
29 Janeiro a 10 de fevereiro

- Hurley Pro Sunset Beach (Sunset Beach, Havai, EUA)
12 e 22 de fevereiro

- MEO Rip Curl Pro Portugal (Peniche, Supertubos)
6 a 16 de março

- Rip Curl Pro Bells Beach (Bells Beach, Austrália)
26 de março a 5 de abril

- Margaret River Pro (Margaret River, Austrália)
11 a 21 de abril

- Cut de meio de temporada: 36 surfistas masculinos e 18 femininos reduzem para 24 e 12, respetivamente.

- SHISEIDO Tahiti Pro (Teahupo'o, Tahiti)
22 a 31 de maio

- Surf City El Salvador (Punta Roca, El Salvador)
6 a 15 de junho

- VIVO Rio Pro (Saquarema, Rio de Janeiro, Brasil)
22 e 30 junho

- Fiji Pro (Cloudbreak, Fiji)
20 a 29 de agosto

Ao olhar para o preenchido mapa até abril, Frederico Morais, quinta temporada no CT, reconhece serem «quatro meses muito atribulados, muitas etapas e muito surf». Um calendário carregado sobre o qual demonstra sentimentos ambivalentes. «Por um lado, é bom, há muito ritmo competitivo, dá-nos muita bagagem, mas por outro é complicado, porque são etapas muito em cima umas das outras», alertou. «Não digo que definam uma temporada, mas estou confiante que será um bom ano», atirou Frederico Morais, que volta a vestir a licra de elite da WSL. 

Para já, os primeiros adversários do ano de Frederico Morais (30.º no ranking WSL), na bateria 8, são o seu amigo italiano Leonardo Fioravanti (9.º) e o australiano Liam O’Brien (18.º). Caso não termine nos dois primeiros lugares, nada fica perdido, abrindo-se a porta da repescagem (heat 1).

Circuito Mundial: domínio brasileiro no masculino

A temporada do circuito mundial de surf 2024 arrancou no Havai debaixo do domínio brasileiro na competição masculina. O bis de Filipe Toledo na WSL Finals em Lower Trestles, Califórnia (EUA), a 8 de setembro do ano passado, colocou o Brasil pela sétima vez na lista dos campeões mundiais masculinos de surf, um quadro onde cabem sete nações (África do Sul, Austrália, Brasil, Estados Unidos da América, Havai, Peru e Reino Unido).

Nos últimos 10 anos, só o havaiano John John Florence (2016 e 2017) se intrometeu no samba dentro de água iniciado por Gabriel Medina (2014, 2018 e 2021), a que Adriano de Souza (2015) e Ítalo Ferreira (2019) deram continuidade. 

Do lado feminino, a luta tem estado entre a Austrália e o Havai (África do Sul, Estados Unidos da América e Peru são os outros países a terem campeãs) e duas surfistas suas representantes, Stephanie Gilmore, australiana oito vezes campeãs do mundo e Carissa Moore, cinco títulos. A havaiana de 31 anos, a primeira medalha olímpica de ouro, despede-se do surf profissional após Pipeline a pensar ... na revalidação do ouro olímpico. 

Disputado desde 1976, a Austrália tem o maior número de títulos entre os homens (20) e entre as mulheres (24) e é a pátria das duas maiores campeãs da história, Stephanie Gilmore (entre 2007 e 2022), com oito, e Layne Beachley, com sete títulos. O americano Kelly Slater, 11 títulos mundiais (o primeiro em 1992 e o último em 2011), é o maior campeão da história. O australiano Peter Townend foi o primeiro vencedor (1976) e a havaiana Margo Oberg, no ano seguinte, a primeira campeã.