Equipa de Iúri Leitão queixa-se de falsa implicação em caso de dopagem
Espanhola Caja Rural fez chegar queixa à Guardia Civil por alegadas informações falsas que a implicam na Operação Ilex, que corre na justiça envolvendo casos de dopagem
A equipa espanhola Caja Rural-Seguros RGA anuncia que fez chegar à Guardia Civil uma queixa por alegadas informações falsas que a implicam na Operação Ilex, que corre na justiça envolvendo casos de dopagem e que tem como figura nuclear o médico Marcos Maynar, indiciado por ligações a casos de dopagem e está a ser julgado em Espanha por tráfico de droga e branqueamento de capitais.
As referidas informações que motivaram a ação da ProTeam espanhola em que corre o português Iúri Leitão junto das autoridades vieram a público no decurso da última Volta a Espanha e implicam elementos da equipa, incluindo ciclistas, que alegadamente terão mantido contacto com o médico espanhol Marcos Maynar.
A investigação surgiu durante a última Vuelta, onde todas as equipas receberam um documento de 23 páginas, no qual se alegava que a Caja Rural-Seguros RGA esteve em contacto com Maynar. Foi noticiado na imprensa espanhola que, em março de 2021, Maynar terá enviado um documento a um corredor da equipa espanhola com instruções sobre o uso de substâncias proibidas (ácido dicloroacético, teofilina, tiotácido e Actovegin).
No entanto, essa comunicação teria sido efetuada sem o conhecimento da Caja Rural e a identidade do ciclista não foi revelada. Também há rumores de que o documento foi revelado por um corredor da equipa que estava insatisfeito por não ter sido convocado para a Vuelta.
Depois de contactada pelos meios de comunicação espanhóis, a equipa divulgou o seguinte comunicado: «A equipa da Caja Rural-Seguros RGA apresentou uma queixa à Guardia Civil na qual informou estas autoridades dos acontecimentos ocorridos durante a Vuelta 2023. A equipa foi vítima de divulgação parcial, tendenciosa e descontextualizada de um boletim de ocorrência registado em arquivo judicial».
«As informações que aparecem referem-se a uma pequena parte de um procedimento legal da investigação sobre possíveis crimes contra a saúde pública e o desporto, em que nem a equipa nem nenhum dos seus membros está envolvido».
«Esta transmissão é protegida pelo anonimato com o único objetivo de prejudicar a equipa e os seus membros. Foi enviada por e-mail e correio a pessoas diretamente ligadas ao ciclismo profissional com o objetivo de prejudicar a reputação da equipa Caja Rural-Seguros RGA. Tendo em conta o exposto, a equipa Caja Rural-Seguros RGA informou a Guardia Civil destes factos através da correspondente denúncia, caso possam constituir crime».
«Dado que o reclamante não conhece o(s) responsável(eis) pelos factos, a reclamação não é dirigida contra uma pessoa específica, estando isso expressamente refletido na reclamação. Em qualquer caso, e sem prejuízo do acima exposto, a equipa reserva-se expressamente a qualquer ação que possa corresponder à pessoa ou pessoas responsáveis pela divulgação maliciosa e parcial do relatório de referência para preservar a nossa reputação, a nossa imagem e todo o tipo de direitos que possam ter sido violados».
Nos últimos meses, uma série de documentos chegaram à imprensa do país vizinho, com longas transcrições de áudios e mensagens de WhatsApp no âmbito da Operação Ilex, da Guardia Civil, a mesma operação de combate ao doping em que foi apontado o envolvimento do corredor colombiano Miguel Angel Lopez.
Lopez, então ao serviço da Astana Qazaqstan, foi implicado no caso, o que levou a equipa cazaque do WorldTour a despedi-lo. O sul-americano rumou ao seu país para ingressar na Team Medellín, mas desde 26 de julho último a União Ciclista Internacional suspendeu-o preventivamente. A entidade que superintende o ciclismo mundial baseia a decisão no alegado «uso e posse de uma substância proibida» pelo corredor nas semanas anteriores à Volta a Itália de 2022.