Judoca do Benfica falou sobre a desilusão por desta vez não ter chegado à medalha após há um ano ter conquistado o ouro, mas que sabe que está no bom caminho. Que precisou de ir de férias, ver a família, e por isso não está no melhor da forma para esta altura do ano e porque não irá ao Grand Slam de paris da práxima semana
«Acho que foi um dia longo, como têm sido todas as minhas competições, por isso mostra produtividade. Se fosse curto teria perdido logo na primeira ou segunda luta», começou por declarar Bárbara Timo (14.ª do ranking), vendo o lado positivo da sua prova, após perder o combate para a medalha de bronze do Grand Prix de Portugal ao sofrer um segundo wazari frente à húngara Szofi Ozbas (7.ª), bronze no Mundial de Doah-2023.
Desfecho que, no final do segundo dos três dias do evento, mantém a Seleção - bastante desfalcada de algumas das suas principais figuras devido a lesões - afastada das cerimónias de pódio nesta etapa portuguesa que marca o início do Circuito Mundial de 2024 e a reta final para a qualificação olímpica para os Jogos de Paris-2024, que termina em junho.
Nas duas anteriores edições do grand prix lusitano, realizadas em Almada, Portugal conquistou quatro pódios em 2022 e três em 2023, entre os quais a medalha de ouro nos -63 kg de Bárbara Timo.
«Nas minhas últimas quatro competições tenho disputado medalhas e têm sido muito difíceis. Durante esse período já devo ter feito perto de… 20 combates, o que significa que tenho sabido lidar com a pressão, competir e ter resistência física e mental. Mas está a faltar alguma coisa e como sou insaciável irei procurar essa coisa. Mas, primeiro, vou descansar. Depois, daqui a alguns dias, voltarei a procurar», garantiu a olímpica do Benfica cujo rosto, apesar do sorrido, não escondia o momento de desilusão e que as lágrimas haviam corrido. E voltariam a correr…
Com o 5.º lugar, Bárbara, de 32 anos, somou 252 pontos para o ranking mundial e olímpico, tendo neste uma confortável 11.ª posição que, este momento, a coloca nos Jogos de Paris-2024. O ouro nos -63 kg foi para a britânica Lucy Renshall (8.ª), que na final derrotou a australiana Katharina Haecker (4.ª), por ippon. Atleta que havia travado a passagem de Timo na final. O 3.º lugar foi repartido entre Szofi Ozbas e a israelita Inbal Shemesh (12.ª).
Masculinos -73 kg: Otari Kvantidze, 9.º classificado (2 v-1 d) -73 kg: Thelmo Gomes, não classificado (1 v-1 d) -73 kg: Saba Danielia, 9.º classificado (2 v-1 d) -73 kg: Pedro Horta, não classificado (0 v-1 d) -81 kg: João Fernando, não classificado (0 v-1 d) -81 kg: Anri Egutidze, não classificado (0 v-1 d) -81 kg: Filipe Almeida. não classificado (0 v-1 d) -81 kg: Manuel Rodrigues, não classificado (0 v-1 d)
Mas está-lhe a custar mais não ter conseguido a medalha para Portugal como desejava ou a forma como acabou por sofrer os dois wazaris? «Acho que o que está a custar mais é mesmo o dia em si…», responde, voltando a ter a voz mais trémula. «No ano passado acabei com o ouro. Desta vez não vinha com a pressão de ter de o conseguir, mas com a confiança de que era capaz. Perder essa oportunidade de uma medalha em casa dececiona».
«Dói… Dói tudo. Trabalho muito, a minha equipa trabalha muito, para que chegue aqui da melhor maneira possível. É uma luta. Por um lado estou chateada e bastante triste. Por outro sei que estou no caminho certo. Ganhei à sul-coreana, que tem chegado aos pódios em quase todas as competições e depois lutei com a israelita que foi bronze… É isso, tenho que olhar pelo lado positivo, mas não luto para ser 5.ª, por isso dói», acrescenta a duas vezes medalhada em Mundiais e uma no Europeu.
Judoca do Benfica procura segunda medalha na etapa portuguesa do Circuito Mundial após ter sido ouro em 2023. Irá ter pela frente a húngara Szofi Ozbas, 7.ª do ranking e bronze no Mundial de Doah-2023
Mas quando refere que trabalha com a sua equipa para chegar aqui da melhor maneira possível. Desta vez chegou ao nível que desejava? Com a preparação certa para esta altura de começo da temporada? «Sei que não estou no meu melhor, ainda que seja relativo para este período. Vim de férias. Fui ao Brasil, tive de refrescar a cabeça com a família. Estava a precisar, mas não estou fisicamente no meu melhor», reforça.
«Depois há a perda de peso, que dessa vez custou muito… Foram férias, com picanha de Brasil», brinca, voltando a sorrir. «Mas estava confiante. Quando estou com vontade e quero competir as coisas correm bem. Foi o que aconteceu hoje. Até metade do dia…», acabou por lamentar.
E na próxima semana, estará no Grand Slam de Paris? «Não, não dá. No ano passado fiz isso e depois custa. E mais tarde pesa. Mas vou aproveitar o estágio que haverá cá nos próximos dias. Muitas atletas fortes ficam para prepararem o Grand Slam de Paris e treinarei com elas. Depois apenas irei ao estágio internacional que também há em Paris. Mas hoje e amanhã é para tentar descansar», concluiu.