Campeões Olímpicos

Logo Carlos Lopes
Carlos Lopes (Lusa)
Carlos Lopes

77 anos
Maratona
Campeão Olímpico em Los Angeles 1984

Após ter conquistado a medalha de prata na prova de 10.000 metros em Montreal 1976, na sua segunda participação olímpica, após Munique 1972, Carlos Lopes falhou a edição de 1980, que se disputou em Moscovo, devido a lesão.

Por isso, o atleta nascido em Viseu sabia que faria em Los Angeles a sua última aparição em olimpíadas. E sabia também que já não tinha nas pernas a velocidade necessária para se bater com os rivais nos 10.000 metros.

 

A decisão, por isso, só podia ser uma: preparar-se para ganhar a medalha de ouro na maratona. Sim: para Carlos Lopes, não se tratava de competir, mas sim de vencer. Mesmo que tenha chegado àquele 12 de agosto de 1984 sem ter triunfado em qualquer maratona, o primeiro campeão olímpico português sabia o trabalho que tinha feito durante dois anos e meio para viver o seu grande sonho.

E nada o podia parar. Nem mesmo um atropelamento durante um treino na Segunda Circular, duas semanas antes de viajar para os EUA. Nada. Dois dias depois, já Carlos Lopes estava de volta aos treinos.

A resiliência valeu-lhe a ele a ambicionada medalha de ouro, e ao país o virar de uma página no desporto. Foi Carlos Lopes quem mostrou o caminho com a exibição naqueles 42.195 metros que correu em 2:09,21 horas, recorde olímpico que se manteve durante 24 anos, até ser batido em Pequim, em 2008.

Afinal, Portugal também era capaz de se bater com os melhores dos melhores. E de ganhar. Essa será para sempre a herança de Carlos Lopes.

Logo Rosa Mota
Rosa Mota no pódio em Seul (ASF)
Rosa Mota

66 anos
Maratona
Campeã Olímpica em Seul 1988

Rosa Mota. Ou Rosinha de Portugal. E o diminutivo tem apenas a ver com os 157 centímetros que mede e o carinho que foi conquistando ao longo de décadas e que prevalece, muito para lá do ouro olímpico que conquistou em Seul, em 1988.

Porque na estrada, Rosa é espinho duro de bater. Não é por acaso que é considerada por muitos como a melhor maratonista de todos tempos.

E para o perceber basta mostrar números: das 18 maratonas que concluiu, Rosa Mota venceu 14 e a pior classificação que alcançou foi um 4.º lugar. Foi três vezes campeã europeia. Uma vez campeã mundial – em 1983, na estreia da maratona feminina na competição. Conquistou a medalha de bronze olímpico quatro anos antes de chegar ao ouro, em Los Angeles.

Nada mau para alguém que em menina preferia a natação ou o ciclismo, mas cujas origens humildes empurraram para o atletismo por ser um desporto mais barato.

Um encontro feliz entre a desportista e o desporto que valeu a Portugal a primeira medalha de ouro feminina Jogos Olímpicos. E que tirou Rosa Mota do anonimato para a tornar numa das maiores referências desportivas de Portugal.

Ainda hoje, é de Rosa Mota o recorde nacional, obtido em 1985, quando correu a maratona de Chicago em 2:23.29 horas, e que é o mais antigo máximo ainda em vigor no atletismo português.

E a Rosinha, aos 66 anos, continua a correr. E a ganhar. E a bater recordes. Como fez em fevereiro, ao tornar-se na mais rápida de sempre a correr a meia-maratona para atletas entre os 65 e os 69 anos.This is a test Athlete description 1

Logo Fernanda Ribeiro
Fernanda Ribeiro em 1996. Foto: ASF/PEDRO FERRARI
Fernanda Ribeiro

55 anos
10.000 metros
Campeã Olímpica em Atlanta 1996

Fernanda Ribeiro nem sabia o que era atletismo. Era apenas uma miúda que gostava de correr nas brincadeiras com os amigos, na aldeia de Novelas, no concelho de Penafiel.

Mas o pai percebeu que ela podia ter potencial e prometeu dar-lhe umas sapatilhas, uns calções e umas meias para correr. E foi isso que convenceu aquela que viria a tornar-se na atleta portuguesa mais medalhada de sempre. E na quarta campeã olímpica portuguesa.

Fernanda Ribeiro foi mais uma prova de que o talento desportivo pode ser o melhor elevador social. Ela, que só foi profissional de atletismo, nasceu numa família de sete irmãos, filhos de um pintor de automóveis e de uma doméstica, mas conquistou o mundo.

O ponto alto, porém, é aquela medalha de ouro dos 10.000 metros que venceu em Atlanta 1996, com 27 anos, ela que até tinha dado a carreira como terminada meses antes, devido a uma persistente lesão no tendão de Aquiles.

Felizmente para o desporto português, quis correr mais uma vez. E venceu. E depois quis continuar a correr mais vezes, mesmo com dores insuportáveis. E continuou a vencer. Como quando apareceu nos Jogos Olímpicos de Sidney em 2000 – na quarta de cinco participações olímpicas – e foi buscar forças sabe-se lá onde para agarrar a medalha de bronze.

Sempre a lutar contra as dores, Fernanda Ribeiro tornou-se numa colecionadora de medalhas. Entre Jogos Olímpicos (2), Mundiais ao ar livre (3), Europeus ao ar livre (1), Europeus de pista coberta (4), Mundiais de pista coberta (1) e títulos nacionais (22), a menina que começou aos 9 anos a correr em Novelas construiu uma carreira que a eterniza como uma das melhores desportistas portuguesas de sempre.

Logo Nelson Évora
Nelson Évora em Pequim 2008 (ASF/ANDRE ALVES)
Nelson Évora

40 anos
Triplo salto
Campeão Olímpico em Pequim 2008

«Eu não estou para brincadeiras hoje. Querem levar a medalha, vão ter de lutar.»

As palavras que proferiu, desafiador, após saltar os 17,67m que lhe valeram a medalha de ouro em Pequim resumem a imagem que Nelson Évora deixou enquanto atleta: se queriam ser melhores do que ele, precisavam mesmo de lutar.

Nascido em Abidjan, na Costa do Marfim, filho de pais cabo-verdianos, Nelson Évora chegou a Portugal ainda criança e quis o destino que fosse morar no mesmo prédio de João Ganço, antigo saltador que se tornou amigo, confidente e treinador do atleta.

Juntos, Évora e Ganço foram crescendo até atingir o topo do Olimpo num voo entre a chuva, em Pequim 2008, sete anos após ter competido pela primeira vez em representação do país em que cresceu.

12 anos depois de Fernanda Ribeiro, Portugal voltava a subir ao lugar mais alto do pódio nuns Jogos Olímpicos e Nelson Évora tornava-se num dos atletas mais acarinhados pelos portugueses que viam nele a ambição e humildade para não desistir de ser o melhor.

Ao longo da carreira, Nelson Évora participou em quatro olimpíadas: Atenas 2004 (40.º), Pequim 2008 (1.º), Rio de Janeiro 2016 (6.º) e Tóquio 2020 (não apurado para a final).

Começou a competir em Odivelas, mudou-se para o Benfica ainda adolescente, clube ao qual regressou após dois anos no FC Porto, para ali ficar até 2016, quando protagonizou uma polémica mudança para o Sporting. Em 2020 assinou pelo Barcelona, mas as lesões impediram-no de voltar ao nível que apresentara quando estava no auge.

Logo Pedro Pichardo
Pichardo em 2020. Foto: ASF/SÉRGIO MIGUEL SANTOS
Pedro Pichardo

40 anos
Triplo salto
Campeão Olímpico em Pequim 2008

Nascido em Santiago de Cuba há 31 anos, Pedro Pablo Pichardo saltou do seu país natal para Portugal em 2017 para se tornar, quatro anos depois, no quinto campeão olímpico com as cores lusas.

De espírito e rebelde, nunca fugiu a um confronto, fosse com quem fosse. Ainda em Cuba era assim. Em Portugal não mudou nem um milímetro.

Em 2017, após ter abandonado sem autorização um estágio da seleção cubana em Estugarda, foi anunciado como reforço do atletismo do Benfica e viu a federação internacional oficializar a naturalização por Portugal em outubro de 2018.

É treinado pelo pai, Jorge Pichardo, que considera o seu ídolo e o levou à conquista das três melhores marcas nacionais no triplo salto: 17,95m, 17,98m e 18,04m.

E se a sua veia ultracompetitiva se percebe fora das pistas – que o digam Nelson Évora, o Benfica e até a Federação Portuguesa de Atletismo, com quem já entrou em conflito – no tartã tem sido implacável.

O triplista chega a Paris como a grande esperança lusa para as medalhas. Ou não se tratasse do campeão olímpico em título.

Depois de muita incerteza sobre a participação de Pichardo, que esteve mais de um ano sem competir após se incompatibilizar com o Benfica, a resposta definitiva surgiu nos Europeus de junho sob a forma de recorde nacional.

Pichardo saltou 18,04 metros, numa demonstração de força que só foi abafada pelos incríveis 18,18m de Jordan Díaz, atleta espanhol também nascido em Cuba, que fez na prova a terceira melhor marca da história.

 

Fará na capital francesa a segunda participação olímpica, após a presença triunfal em Tóquio.