ENTREVISTA «Vivi para o Benfica, daí ter doído…»
Jair Tavares acredita que tinha valor para chegar à equipa principal do Benfica, mas mostra gratidão pelos anos em que jogou de águia ao peito
Jair Tavares esteve 15 anos ligado ao Benfica. Saiu em 2022, sem conseguir chegar à equipa A, e acredita que tinha valor para lá chegar, mas prefere realçar o sentimento de gratidão e assumir o desejo de voltar um dia. Neste excerto da entrevista dada a A BOLA, o agora jogador do Hibernian assume que custou muito fechar o ciclo de águia ao peito.
- O que o levou a aceitar a proposta do Hibernian? Tinha outras possibilidades naquela altura?
Tinha mais propostas, sim, mas o projeto agradou-me imenso, assim como a vontade que o treinador manifestou para contar comigo. Foi por isso que fiz esta escolha.
- Foi difícil fechar o ciclo no Benfica?
Sinceramente? Foi bastante difícil! É o clube do meu coração, o clube que representei dos 6 aos 21 anos. Foram 15 anos de respeito e dedicação, e foram 15 anos em que tudo o que conhecia era só Benfica. Eu literalmente vivi para o Benfica, daí ter doído. Confesso que doeu…
- Sentia que tinha capacidade para dar o salto para a equipa principal?
Eu penso que tinha capacidade para chegar à equipa principal, e acho que não era só eu… As coisas não foram por esse caminho, mas acredito que a história podia ter sido diferente. Mas, acima de tudo, só tenho de agradecer: agradecer ao clube por me fazer crescer, agradecer ao clube por me ter dado tudo do bom e do melhor, desde pequeno, por me tornar no jogador e na pessoa que sou hoje. No final de contas o Benfica nunca vai deixar de ser a minha casa e, se Deus quiser, talvez tenha ainda a oportunidade de vestir a camisola e jogar em frente a 65 mil benfiquistas no relvado do Estádio da Luz. Nunca vai deixar de ser um dos meus sonhos.
- Como tem visto a afirmação do António Silva e agora do João Neves, que foram seus colegas?
Sinto-me muito feliz por eles, e fico impressionado com a subida de rendimento que têm jogo após jogo. Eu sou e sempre fui fã do João Neves. Quando ele vinha treinar connosco à equipa B eu já dizia que ele era uma máquina, e não é à toa que os tubarões da Europa estão todos atrás dos dois. Mas isto não termina no João e no António, também temos o Tiago Gouveia, Samu e o Tomás Araújo, jogadores que partilharam balneário comigo mais anos, não só no Benfica como também na seleção. Andam a somar minutos atrás de minutos, e representam aquilo que é a capacidade de produção do Benfica e a qualidade existente no Seixal. Fico muito feliz por todos.
- Tem dois irmãos futebolistas: Miguel no Belenenses e Cláudio no Portalban, da Suíça. Tem o desejo de partilhar o balneário com eles, um dia?
(Risos) Seria das melhores coisas, se eu pudesse ter os meus irmãos na minha equipa. Por acaso nunca pensei muito nisso, mas acredito que seria muito bom.
- Também tem um primo futebolista. Quando é que vamos voltar a ver a melhor versão do Renato Sanches? O que é preciso para que ele volte a ser feliz a jogar?
Não sei o que posso dizer. Toda a gente sabe da qualidade que ele tem, um jogador com características diferentes dos ditos médios normais, de hoje em dia e que tem tido azar só pelas lesões que tem tido mas tenho a certeza que o sol voltará a brilhar para ele, porque ele merece e ainda tem muito para dar ao futebol.
- O Jair já foi internacional jovem por Portugal, mas tem também nacionalidade cabo-verdiana. Em breve vamos vê-lo jogar pelos Tubarões Azuis?
(Risos) Não sei, não sei… É um assunto que já foi falado aqui em casa. É óbvio que tenho o sonho de representar a seleção portuguesa, vou ser sincero, mas se os ventos me levarem a Cabo Verde, também não negaria essa hipótese.