Vítor Reis no City? O Brasil agora é fábrica de centrais

INTERNACIONAL19:30

Defesa de 18 anos titular do Palmeiras, de Abel, é desejado por Pep Guardiola. O país outrora conhecido por produzir médios criativos e atacantes em série, especializou-se em 'zagueiros'

Nos últimos dias, o interesse do Manchester City em Vítor Reis, central do Palmeiras, por valores na ordem dos 40 milhões de euros tem feito manchetes na imprensa brasileira. Mas o jogador de 18 anos que se tornou titular da equipa de Abel Ferreira, ao lado do capitão Gustavo Gómez, e à frente na hierarquia do experiente Murilo Cerqueira, é apenas o último zagueiro produzido por um país historicamente famoso por criar médios ofensivos e atacantes em série.

Antes do Palmeiras, os rivais Corinthians e São Paulo negociaram centrais jovens para a Europa. Em agosto de 2023, o Timão vendeu Murillo por €12 milhões, mais três em cláusulas, para o Nottingham Forest, que bateu o Nápoles e outra vez o City na corrida pelo atleta. Cinco semanas depois de chegar, o atleta de 22 anos estreou-se, frente ao Brentford, e não largou a titularidade até ser considerado o melhor jogador do clube na temporada 2023/2024. Esta época é um dos pilares da fortaleza defensiva montada por Nuno Espírito Santo no clube.       

E o Tricolor transferiu em janeiro de 2024 o defesa Lucas Beraldo para o Paris Saint-Germain. O jogador de 21 anos conquistou a titularidade naquela época, que vai dividindo este ano com o colombiano Willian Pacho e com o compatriota Marquinhos, um dos capitães de uma seleção brasileira muito bem servida de centrais. Além dele, há Eder Militão, no Real Madrid, Gabriel Magalhães, no Arsenal, ou Bremer, na Juventus, entre muitas outras opções que vão retardando a afirmação no palco da seleção de Beraldo, Murillo e Reis.

«O futebol brasileiro começou a perceber que tinha de formar zagueiros velozes, com bom passe e boa técnica, o tipo de jogador que a elite do jogo procura», diz Alexandre Lozetti, comentador dos canais Globo, a A BOLA. «Como o Brasil tem muitos jogadores com essas características não foi difícil transformá-los em defensores mas alguns deles são muito bons com bola e frágeis a defender, o Vítor Reis consegue equilibrar a qualidade em ações defensivas e ofensivas.»

O Palmeiras não queria ceder Reis antes de o expor na montra do Mundial de Clubes, onde os portugueses poderão ver o talentoso central frente ao FC Porto, 15 de junho, no duelo entre os gigantes brasileiro e português. Mas a pressão de Pep Guardiola deve fazer o Porco mudar de ideias, até porque a ideia da presidente Leila Pereira era lucrar €30 milhões com o jogador e a oferta inicial dos ingleses supera logo em 10 milhões essa previsão. «Está difícil segurar», admitiu João Paulo Sampaio, coordenador da formação alviverde.