Visita do líder portista a Luanda aguardada com enorme entusiasmo. Agostinho Rocha, mais conhecido por Rochinha, é o presidente da casa do FC Porto da capital angolana e conta a A BOLA tudo o que envolve o projeto e a sua parte social, acarinhando a Missão Católica de Calomboloca e os meninos desfavorecidos que apoiam
Luanda contas as horas para a chegada de André Villas-Boas a Angola, onde a partir de terça-feira o presidente vai conviver com os dragões da Casa do FC Porto de Luanda. Um espaço de lusofonia, onde angolanos e portugueses partilham a paixão pelo clube, embora os rivais sejam bem vindos. Há uma exceção. «Nos clássicos, e só nestes casos específicos, não convidamos os amigos rivais para os jantares, mas a porta da casa está sempre aberta, e benfiquistas e sportinguistas acabam sempre por aparecer», situa Manuel Novais, diretor de comunicação.
«Não sei se vamos ter um mar de gente à espera do presidente. Acho que vai ser mesmo um oceano de gente», exulta Agostinho Rocha, mais conhecido por Rochinha, presidente da casa. Mais que o protocolo da visita, importa para este portista um ponto de paragem: a Missão Católica de Calomboloca. «Aqueles miúdos são top. Espero, e sei que vai acontecer, que o presidente lhes leve carinho e solidariedade. Esse é que é o ponto alto da visita», sentencia Rochinha, nascido em Angola, mas que ganhou paixão pelo dragão quando passou pela cidade do Porto.
Os miúdos da Missão Católica que a casa do FC Porto apoia são top. Espero, e sei que vai acontecer, que o presidente lhes leve carinho e solidariedade. Esse é que é o ponto alto da visita!
«Esse projeto social é-nos muito querido, levamos comida para os almoços de domingo, a casa recolhe cabazes de bens essenciais, fizemos um campo de futebol e sala de estudo. Estamos a falar de crianças desfavorecidas, que vivem em casa dos pais, mas são acompanhadas pela Missão», corrobora o diretor-geral da casa, Cláudio Barbosa, natural de Arcos de Valdevez e em Angola há 18 anos a trabalhar no grupo Omatapalo.
Amor. Essa é a palavra que mais ouvimos. Pinto da Costa visitou a casa em 2014. «Sempre nos apoiou muito», lembra Rochinha, com gratidão. Criada em outubro de 1997, a casa portista em Luanda ganhou dois Dragões de Ouro e é extraordinariamente ativa. Em 2019 levou de Angola uma exposição de várias peças exibidas no Museu do FC Porto e que teve também uma parte cultural com um concerto na Casa da Música.
Confraternização com os adeptos da Casa do FC Porto em Luanda inclui visita à Missão Católica de Calomboloca, jantar com o embaixador Francisco Duarte Alegre e receção do ministro da Juventude e Desportos, Rui Falcão
TRIUNFO DA LUSOFONIA
A distância para o Estádio do Dragão e Portugal é encurtada pelos convívios à mesa quando joga o FC Porto, a Seleção Nacional e Angola. É através destes almoços ou jantares sempre animados que a casa gere a sua independência financeira e, como um clube, seduziu um conjunto de patrocinadores, entre os quais empresas portuguesas e outras internacionais, para refazer de raiz as instalações.
«Da casa que o presidente Pinto da Costa visitou em 2014 ficou o esqueleto. Refizemos tudo e tudo foi criado de raiz, decoração, mesas, enfim, foi uma obra de monta. Sem os patrocinadores e o dinheiro gerado pelos sócios nos convívios seria impossível erguer esta obra», relata Manuel Novais, lisboeta de nascimento e portista de coração radicado há 21 anos em Angola.
«Sabemos que André Villas-Boas vai ficar sensibilizado com o trabalho social da casa», antecipa Cláudio Barbosa. «Ele viu vários vídeos que lhe enviámos e ficou claramente emocionado», complementa. Mas uma coisa é ver essa realidade num ecrã, outra é vivenciá-la no local. Uma casa de um clube distante ajudar entre 150 e 200 crianças que vivem sem água e sem luz, a mais de uma hora de distância da capital, faz parte da singularidade deste grupo de portistas. «Quem não se arrepiar com o que vai ver não é gente, não é humano. Vamos difundir essas imagens e vão poder comprovar isso», atira o líder da casa.
Rochinha desdobrou-se nos últimos dias em viagens e contactos institucionais para que a visita de Villas-Boas corra bem. «Isto aqui não é como viajar de Espinho para Viana do Castelo», brinca, a propósito da dimensão geográfica da grande metrópole angolana. «Vai correr tudo bem, tão bem como da vez em que Pinto da Costa cá esteve. Luanda é especial. Pessoalmente fico contente pelo triunfo da lusofonia. Existe Portugal em Angola e isso deixa-me feliz», remata.