Casa Pia-Boavista, 0-1 Um Rei(sinho) de pé frio para abafar tanto calor (crónica)

Esquerdino não vacilou na hora de cobrar o penálti e ofereceu três saborosos pontos ao Boavista; termómetros não ajudaram ninguém, mas Casa Pia teve maior pendor ofensivo e pecou apenas na finalização

A seca de competição era grande, os jogadores (e os adeptos) estavam ansiosos para que a bola começasse a rolar, mas, em condições normais, a 10 de agosto não há milagres: o calor foi o principal inimigo no arranque da Liga para Casa Pia e Boavista. Mesmo num jogo que se iniciou às 18 horas! Se os jornalistas, na tribuna de Imprensa, estavam, literalmente, numa sauna, imagine-se os artistas, em pleno relvado. Gabamos-lhes o(s) esforço(s).

E talvez este cenário seja a justificação para uma partida que apenas a espaços teve momentos de emoção. Houve intensidade, sim, entrega inexcedível dos protagonistas, inegável, mas talvez o sol tivesse toldado algumas das ideias que, noutras condições, poderiam ter surgido com maior amplitude para que o espetáculo fosse de outra estirpe.

O Casa Pia foi a equipa que melhor se adaptou às condições climatéricas e a dupla Nuno Moreira-Pablo Roberto prometeu bastante nos instantes iniciais. Em duas situações, o extremo serviu o (improvisado) ponta de lança, mas os remates do brasileiro não levaram a melhor direção. Perto do intervalo, foi Nuno Moreira a tentar a sua sorte, mas João Gonçalves estava atento.

A etapa complementar reforçou a boa organização defensiva do Boavista, mas nesse período as panteras pareceram menos condicionadas com a temperatura e começaram a afiar as garras. Ibrahima Camará e Robert Bozenik ameaçaram, de longe, Miguel Reisinho concretizou: falta de Ricardo Batista sobre Joel Silva e o esquerdino, na cobrança do penálti, teve pé frio para abafar o calor.

Faltava pouco tempo, mas o Casa Pia reagiu. E com ímpeto. Já perto do fim, João Goulart e Samuel Obeng dispuseram de situações flagrantes para empatar, mas, em ambos os casos, João Gonçalves realizou excelentes intervenções e segurou o triunfo axadrezado.

Não foi a melhor estreia de João Pereira na Liga, mas o Casa Pia deixou bons indicadores. Cristiano Bacci, por seu turno, entrou com o pé direito (ou com o esquerdo, se pensarmos no golo de Miguel Reisinho…) no comando técnico do Boavista.