Queria falar de duas palavras: gestão e ambição. Pensa na gestão numa competição como a Taça da Liga onde a ambição prevalece?Acima de tudo a ambição. Temos alguns jogadores condicionados, que estão de fora, que não podem dar o seu contributo. O plantel também não é tão grande, por isso, mais do que a gestão é claro que gostaria de ter algum cuidado, naquilo que é gerir um ou outro jogador, que possa, às vezes, estar mais cansado. Mas, o que importa é a ambição de jogar a meia-final. A ambição de chegar à final, que pode dar-nos a conquista de um título. Se nós formos perguntar aos jogadores o que preferem, eu acho que é um bocadinho subjetivo. Claro, que há sempre o cansaço, ainda para mais com competições europeias, internas e é certo que há muitos jogos... Mas, se perguntar aos jogadores, vão dizer que preferem jogar sempre quarta-domingo, quarta-domingo. Eles querem é jogar. Mais do que o cansaço físico, tem de prevalecer aquilo que é a nossa ambição, o que representa o jogo em si, que nos pode meter na final de uma competição. Num jogo a eliminar, o facto de o FC Porto ter jogado apenas 14 minutos frente ao Nacional pode ser decisivo, no que diz respeito ao cansaço?Eu não olho para isso. Claro que queria ter toda a gente disponível, mas não tenho e não olho às limitações. Olho sim a quem está disponível e que pode dar o seu. É certo que o FC Porto não jogou, não tem essa sobrecarga, entre aspas, que nós tivemos num jogo bastante intenso, como foi o de Guimarães... Tudo isso, claro, pode ter aqui alguns senãos, ou algumas coisas diferentes, mas eu não me foco muito nisso. Foco-me mesmo naquilo que eu posso controlar, naquilo que nós podemos controlar no FC Porto, que é uma equipa bastante dinâmica em termos ofensivos, bastante intensa em termos defensivos. A ambição tem de prevalecer sobre tudo o resto. Eu acredito mesmo nisso e os nossos jogadores têm essa noção, e estão motivados para aquilo que representa o jogo. É a final de uma competição, que eles querem ganhar, querem acrescentar troféus àquilo que é carreira individual e coletiva, dar troféus àquilo que é a grandeza do Sporting, por isso, mais do que tudo o resto, essa ambição tem de prevalecer. Vai haver momentos em que estamos mais cansados, mas a equipa adversária também os terá, independentemente de terem jogado ou não. Por isso, acima de tudo, a ambição tem de estar sempre connosco, a motivação tem de ser enorme, por aquilo que representa o jogo, que é de uma competição diferente, e estamos perto do final dessa competição. Qual é o grau de importância deste jogo com o FC Porto, depois de se ter estreado com o Benfica e de ter ido a Guimarães. Vais ser importante para recuperar a confiança?Os jogadores estão confiantes. Eu já disse isso anteriormente, mesmo antes do jogo do Benfica, mesmo antes do jogo do Vitória. A equipa está confiante, esqueçam que a equipa está desconfiada. Nós não podemos deixar criar essa desconfiança, nem pode existir. Nós estamos nas competições todas e vamos tentar ganhá-las. É essa a exigência deste clube. Nós treinadores, jogadores e staff, sabemos que neste clube exige-se ganhar e conquistar troféus e é por isso que nós vamos lutar. Independentemente da exigência, a confiança está lá, e a confiança tem que lá estar. Não precisamos ganhar confiança, nós precisamos, sim é de adquirir comportamentos novos, e isso vai demorar tempo, porque não temos tido muito tempo ou semanas normais para treinar esses comportamentos. Mas, os jogadores têm sido fantásticos nestes dois jogos. Independentemente dos resultados, a equipa deu uma resposta muito grande àquilo que era a exigência dos jogos, e depois àquilo que era a transformação da ideia de jogo do novo treinador. Estou muito feliz com aquilo que tem sido a resposta da equipa. Eles precisam de adquirir esses comportamentos, vão adquiri-los aos poucos e temos trabalhado nesse sentido. Estou feliz com o que eles têm feito e têm conseguido, e sinto que eles estão a agarrar-se àquilo que nós queremos e pedimos. Vai levar tempo, mas a resposta deles tem sido muito boa. Vamos errar, mas não há problema, eu assumo os erros da equipa, e de todos eles, individual e coletivamente. Eles vão falhar imenso, mas eu fico triste é se eles não se agarrarem, não tentarem fazer as coisas, eles tentam, têm tentado, têm feito um esforço enorme nesse sentido. Têm sido competitivos, mas temos de ter a consistência que precisamos de ser mais competitivos durante mais tempo do jogo. O Gonçalo Inácio já treinou. Está recuperado para o jogo com o FC Porto?O Gonçalo Inácio está dentro e pode ser opção. Claro que teve aqui uma paragem prolongada e vai precisar de algum tempo para adquirir essa parte física. Quanto tempo é que falta para a equipa estar pronta como quer?O tempo é subjetivo, nós podemos andar aqui o ano todo e chegamos ao fim a achar que podemos melhorar alguma coisa. Há uma mudança, e vocês falam isso por causa do sistema, apesar de o sistema ser muito subjetivo, mas claro, há dinâmicas diferentes, defensivas e ofensivas. Vai demorar algum tempo. Sou um treinador que acredita muito na repetição das coisas e nós não temos tempo para repetir essas coisas, pois temos jogos atrás de jogos. Sinto deles que há essa aprendizagem e essa vontade de aprender cada vez mais rápido aquilo que nós queremos, e nós estamos a tentar ao máximo ajudar nesse sentido. Agora a verdade é que a equipa tem dado uma resposta fantástica e aos poucos cada vez mais confiantes. Temos de ter alguma humildade para percebermos que nos jogos não vamos ter momentos tão bons como queremos e temos de ser mais práticos, e em alguns momentos não estamos a ser. Não podemos deixar criar essa desconfiança e dar essa confiança ao adversário. É isso que aconteceu nos dois jogos, com o Benfica e o Vitória, principalmente nas segundas partes, em vez de simplificarmos algumas coisas, principalmente até no jogo ofensivo, complicámos. Isso passa confiança ao adversário, e passa desconfiança para nós. Nós temos de ser muito mais inteligentes nesse sentido, e mais práticos em alguns momentos. Nas segundas partes, o Sporting tem caído um pouco, e não tem tido o mesmo nível das primeiras partes. É um problema físico?É difícil para mim responder dessa forma. Eu acho que eles estão prontos em termos físicos. A exigência dos dois jogos foi grande, principalmente na primeira parte, e nós fomos uma equipa bastante competitiva e intensa. Perdemos algum fulgor físico nas segundas partes, mas penso que é normal. Mas, nós próprios causamos confiança ao adversário, para conseguir ganhar metros, para conseguir ter mais bola, para ter mais confiança naquilo que é o processo ofensivo deles. Foi o que aconteceu com o Benfica e com o Vitória, nos dois jogos, nas segundas partes. Tentámos sair sempre curto. Com o Vitória, nós na primeira parte, conseguimos criar perigo, o Vitória dava-nos espaço à profundidade, e nós criámos perigo assim. Na segunda parte, andámos sempre a tentar jogar curto… Precisamos ser mais práticos, perceber aquilo que o adversário nos está a dar. Nós com o 3-1, houve um pouco de relaxamento. Não fomos tão práticos, não estávamos tão rigorosos naquilo que era o espaço para provocar o adversário, e deixámos sempre o Vitória acreditar na pressão alta deles. Com o Benfica foi um bocadinho igual na segunda parte, quando andámos sempre a tentar sair curto, e o espaço existia lá para irmos buscar essa profundidade. Nós nesse pensamento temos de estar mais ligados aos jogos nas segundas partes, manter esse rigor e essa concentração do início ao fim dos jogos. Gyökeres disse, no final do jogo com o Vitória, que era inaceitável a equipa sofrer tantos golos. Viu isso como uma crítica à equipa técnica ou aos defesas?A equipa técnica também disse o mesmo. Eu disse que uma equipa que quer ser campeã não podia estar a ganhar 3-1 e sofrer quatro golos. Eu concordo com ele. Uma equipa que quer ser campeã não pode. Perdemos alguma concentração e saiu-nos caro. Uma equipa que quer ganhar sempre não pode estar a ganhar 3-1 e deixar o jogo ir a 4-3. Temos de melhorar alguns comportamentos. Senti um desabafo e bem, do jogador de uma equipa que quer ser campeã, e é campeã nacional. Esse relaxamento não pode existir, ou essa falta de concentração não pode existir, principalmente nas segundas partes. O que aconteceu com o Benfica e o Vitória foi que perdemos um bocado essa concentração no processo principalmente ofensivo, mais do que no defensivo. Que significado tem esta Taça da Liga para o treinador Rui Borges, que pela primeira vez tem a possibilidade de ganhar um título?Tem uma importância grande, porque representa uma competição diferente. Estamos nas meias-finais e queremos chegar à final. É a minha ambição, mas é a minha ambição desde que nasci, por isso é que felizmente se calhar cheguei ao Sporting. Essa ambição trouxe-me até aqui. Agora é focar-me no jogo do FC Porto primeiro. E depois sim pensar na final, se isso acontecer, e no troféu em si. Para chegar ao troféu temos de ganhar dois jogos muito difíceis. Claro que a felicidade de entrar na história do Sporting e acrescentar troféus ao Sporting, e à sua história, engrandece-me a mim, a toda a equipa técnica e aos jogadores em si. Foi contra este FC Porto que sofreu a maior derrota desta temporada, ainda como treinador do Vitória. O que é que ainda pode retirar deste jogo de setembro?Agora treino outra equipa, treino jogadores diferentes. Foco-me sim naquilo que a minha equipa neste momento poderá ser capaz de contrariar o FC Porto. O FC Porto está numa fase bastante positiva. Uma equipa, em termos defensivos muito forte, muito competitiva, muito forte nos duelos. Vamos ter de estar preparados para sermos mais fortes nesses duelos. É uma equipa que em termos ofensivos tem algumas dinâmicas com médios, com extremos por dentro… Acredito que a nossa equipa está preparada para aquilo que poderá encontrar. Agora também o FC Porto sabe que vai encontrar uma equipa que também está motivada e quer chegar à final. Acredito que será um bom jogo. Sente que tem havido alguma dificuldade a essas novas dinâmicas defensivas ou por também algum cansaço acumulado?Há comportamentos específicos, seja da linha defensiva, seja da linha média, seja da linha de dois, que eles não estão habituados. O Rúben [Amorim] pedia uns comportamentos, eu peço outros. Precisamos de treino, os jogadores precisam de errar, não temos tido esse tempo em campo. Gosto sempre que os jogadores se sintam confortáveis com o que eu estou a passar. Se eu exigir uma coisa e eles não estiverem confortáveis, vai dar barraca, vai dar asneira. Mas, sinto que estão agarrados e ligados, falta-nos é o treino diário. Sou um treinador que gosta muito de perceber o conforto deles dentro daquilo que é a minha ideia de jogo. Já disse que está satisfeito com o plantel que tem à sua disposição, mas é natural que também queira fazer alguns ajustes no mercado. O Fresneda é um jogador que depois da Taça da Liga pode sair?É simples. Se alguém sair, ficaremos carenciados, e aí acredito que teremos de ir ao mercado. Seja na direita ou em qualquer posição. O Fresneda é opção para jogo. É isso que sinto. Olho para ele como jogador do Sporting. João Simões faz 18 anos. Está na sua cabeça a renovação do contrato?Isso tem de estar na cabeça do presidente. Não é para mim (Risos). Esse assunto é da estrutura, não comigo. Estou feliz por o miúdo fazer 18 anos. É muito maduro e bastante comunicativo em campo com um jovem de 17/18 anos. Surpreendeu-me bastante nesse sentido. Fico feliz pelos 18 anos e desde já lhe desejo as maiores felicidades do mundo. Edwards não treinou está fora das opções para jogo?Está em dúvida para o jogo devido a problemas típicos nesta casa da época. Quem vai jogar na baliza do Sporting?São os três opção. Todos os dias dizem que chega este e aquele e sai este e aquele. Eu estou desligado disso. Entrar e sair gente é natural no futebol. Tenho confiança nos três. Já rodei guarda-redes, já não rodei… É preciso perceber o momento.