Tudo o que disse Rui Borges antes do Sporting-FC Porto

NACIONAL06.01.202517:38

Treinador leonino fez a antevisão do jogo com os dragões, na meia-final da Taça da Liga, que se realiza às 19h45 desta terça-feira, em Leiria

Queria falar de duas palavras: gestão e ambição. Pensa na gestão numa competição como a Taça da Liga onde a ambição prevalece?

Acima de tudo a ambição. Temos alguns jogadores condicionados, que estão de fora, que não podem dar o seu contributo. O plantel também não é tão grande, por isso, mais do que a gestão é claro que gostaria de ter algum cuidado, naquilo que é gerir um ou outro jogador, que possa, às vezes, estar mais cansado. Mas, o que importa é a ambição de jogar a meia-final. A ambição de chegar à final, que pode dar-nos a conquista de um título. Se nós formos perguntar aos jogadores o que preferem, eu acho que é um bocadinho subjetivo. Claro, que há sempre o cansaço, ainda para mais com competições europeias, internas e é certo que há muitos jogos... Mas, se perguntar aos jogadores, vão dizer que preferem jogar sempre quarta-domingo, quarta-domingo. Eles querem é jogar. Mais do que o cansaço físico, tem de prevalecer aquilo que é a nossa ambição, o que representa o jogo em si, que nos pode meter na final de uma competição.

Num jogo a eliminar, o facto de o FC Porto ter jogado apenas 14 minutos frente ao Nacional pode ser decisivo, no que diz respeito ao cansaço?

Eu não olho para isso. Claro que queria ter toda a gente disponível, mas não tenho e não olho às limitações. Olho sim a quem está disponível e que pode dar o seu. É certo que o FC Porto não jogou, não tem essa sobrecarga, entre aspas, que nós tivemos num jogo bastante intenso, como foi o de Guimarães... Tudo isso, claro, pode ter aqui alguns senãos, ou algumas coisas diferentes, mas eu não me foco muito nisso. Foco-me mesmo naquilo que eu posso controlar, naquilo que nós podemos controlar no FC Porto, que é uma equipa bastante dinâmica em termos ofensivos, bastante intensa em termos defensivos. A ambição tem de prevalecer sobre tudo o resto. Eu acredito mesmo nisso e os nossos jogadores têm essa noção, e estão motivados para aquilo que representa o jogo. É a final de uma competição, que eles querem ganhar, querem acrescentar troféus àquilo que é carreira individual e coletiva, dar troféus àquilo que é a grandeza do Sporting, por isso, mais do que tudo o resto, essa ambição tem de prevalecer. Vai haver momentos em que estamos mais cansados, mas a equipa adversária também os terá, independentemente de terem jogado ou não. Por isso, acima de tudo, a ambição tem de estar sempre connosco, a motivação tem de ser enorme, por aquilo que representa o jogo, que é de uma competição diferente, e estamos perto do final dessa competição.

Qual é o grau de importância deste jogo com o FC Porto, depois de se ter estreado com o Benfica e de ter ido a Guimarães. Vais ser importante para recuperar a confiança?

Os jogadores estão confiantes. Eu já disse isso anteriormente, mesmo antes do jogo do Benfica, mesmo antes do jogo do Vitória. A equipa está confiante, esqueçam que a equipa está desconfiada. Nós não podemos deixar criar essa desconfiança, nem pode existir. Nós estamos nas competições todas e vamos tentar ganhá-las. É essa a exigência deste clube. Nós treinadores, jogadores e staff, sabemos que neste clube exige-se ganhar e conquistar troféus e é por isso que nós vamos lutar. Independentemente da exigência, a confiança está lá, e a confiança tem que lá estar. Não precisamos ganhar confiança, nós precisamos, sim é de adquirir comportamentos novos, e isso vai demorar tempo, porque não temos tido muito tempo ou semanas normais para treinar esses comportamentos. Mas, os jogadores têm sido fantásticos nestes dois jogos. Independentemente dos resultados, a equipa deu uma resposta muito grande àquilo que era a exigência dos jogos, e depois àquilo que era a transformação da ideia de jogo do novo treinador. Estou muito feliz com aquilo que tem sido a resposta da equipa. Eles precisam de adquirir esses comportamentos, vão adquiri-los aos poucos e temos trabalhado nesse sentido. Estou feliz com o que eles têm feito e têm conseguido, e sinto que eles estão a agarrar-se àquilo que nós queremos e pedimos. Vai levar tempo, mas a resposta deles tem sido muito boa. Vamos errar, mas não há problema, eu assumo os erros da equipa, e de todos eles, individual e coletivamente. Eles vão falhar imenso, mas eu fico triste é se eles não se agarrarem, não tentarem fazer as coisas, eles tentam, têm tentado, têm feito um esforço enorme nesse sentido. Têm sido competitivos, mas temos de ter a consistência que precisamos de ser mais competitivos durante mais tempo do jogo.

O Gonçalo Inácio já treinou. Está recuperado para o jogo com o FC Porto?

O Gonçalo Inácio está dentro e pode ser opção. Claro que teve aqui uma paragem prolongada e vai precisar de algum tempo para adquirir essa parte física.

Quanto tempo é que falta para a equipa estar pronta como quer?

O tempo é subjetivo, nós podemos andar aqui o ano todo e chegamos ao fim a achar que podemos melhorar alguma coisa. Há uma mudança, e vocês falam isso por causa do sistema, apesar de o sistema ser muito subjetivo, mas claro, há dinâmicas diferentes, defensivas e ofensivas. Vai demorar algum tempo. Sou um treinador que acredita muito na repetição das coisas e nós não temos tempo para repetir essas coisas, pois temos jogos atrás de jogos. Sinto deles que há essa aprendizagem e essa vontade de aprender cada vez mais rápido aquilo que nós queremos, e nós estamos a tentar ao máximo ajudar nesse sentido. Agora a verdade é que a equipa tem dado uma resposta fantástica e aos poucos cada vez mais confiantes. Temos de ter alguma humildade para percebermos que nos jogos não vamos ter momentos tão bons como queremos e temos de ser mais práticos, e em alguns momentos não estamos a ser. Não podemos deixar criar essa desconfiança e dar essa confiança ao adversário. É isso que aconteceu nos dois jogos, com o Benfica e o Vitória, principalmente nas segundas partes, em vez de simplificarmos algumas coisas, principalmente até no jogo ofensivo, complicámos. Isso passa confiança ao adversário, e passa desconfiança para nós. Nós temos de ser muito mais inteligentes nesse sentido, e mais práticos em alguns momentos.

Nas segundas partes, o Sporting tem caído um pouco, e não tem tido o mesmo nível das primeiras partes. É um problema físico?

É difícil para mim responder dessa forma. Eu acho que eles estão prontos em termos físicos. A exigência dos dois jogos foi grande, principalmente na primeira parte, e nós fomos uma equipa bastante competitiva e intensa. Perdemos algum fulgor físico nas segundas partes, mas penso que é normal.  Mas, nós próprios causamos confiança ao adversário, para conseguir ganhar metros, para conseguir ter mais bola, para ter mais confiança naquilo que é o processo ofensivo deles. Foi o que aconteceu com o Benfica e com o Vitória, nos dois jogos, nas segundas partes. Tentámos sair sempre curto. Com o Vitória, nós na primeira parte, conseguimos criar perigo, o Vitória dava-nos espaço à profundidade, e nós criámos perigo assim. Na segunda parte, andámos sempre a tentar jogar curto… Precisamos ser mais práticos, perceber aquilo que o adversário nos está a dar. Nós com o 3-1, houve um pouco de relaxamento. Não fomos tão práticos, não estávamos tão rigorosos naquilo que era o espaço para provocar o adversário, e deixámos sempre o Vitória acreditar na pressão alta deles. Com o Benfica foi um bocadinho igual na segunda parte, quando andámos sempre a tentar sair curto, e o espaço existia lá para irmos buscar essa profundidade. Nós nesse pensamento temos de estar mais ligados aos jogos nas segundas partes, manter esse rigor e essa concentração do início ao fim dos jogos.

Gyökeres disse, no final do jogo com o Vitória, que era inaceitável a equipa sofrer tantos golos. Viu isso como uma crítica à equipa técnica ou aos defesas?

A equipa técnica também disse o mesmo. Eu disse que uma equipa que quer ser campeã não podia estar a ganhar 3-1 e sofrer quatro golos. Eu concordo com ele. Uma equipa que quer ser campeã não pode. Perdemos alguma concentração e saiu-nos caro. Uma equipa que quer ganhar sempre não pode estar a ganhar 3-1 e deixar o jogo ir a 4-3. Temos de melhorar alguns comportamentos. Senti um desabafo e bem, do jogador de uma equipa que quer ser campeã, e é campeã nacional. Esse relaxamento não pode existir, ou essa falta de concentração não pode existir, principalmente nas segundas partes. O que aconteceu com o Benfica e o Vitória foi que perdemos um bocado essa concentração no processo principalmente ofensivo, mais do que no defensivo.

Que significado tem esta Taça da Liga para o treinador Rui Borges, que pela primeira vez tem a possibilidade de ganhar um título?

Tem uma importância grande, porque representa uma competição diferente. Estamos nas meias-finais e queremos chegar à final. É a minha ambição, mas é a minha ambição desde que nasci, por isso é que felizmente se calhar cheguei ao Sporting. Essa ambição trouxe-me até aqui. Agora é focar-me no jogo do FC Porto primeiro. E depois sim pensar na final, se isso acontecer, e no troféu em si. Para chegar ao troféu temos de ganhar dois jogos muito difíceis. Claro que a felicidade de entrar na história do Sporting e acrescentar troféus ao Sporting, e à sua história, engrandece-me a mim, a toda a equipa técnica e aos jogadores em si.

Foi contra este FC Porto que sofreu a maior derrota desta temporada, ainda como treinador do Vitória. O que é que ainda pode retirar deste jogo de setembro?

Agora treino outra equipa, treino jogadores diferentes. Foco-me sim naquilo que a minha equipa neste momento poderá ser capaz de contrariar o FC Porto. O FC Porto está numa fase bastante positiva. Uma equipa, em termos defensivos muito forte, muito competitiva, muito forte nos duelos. Vamos ter de estar preparados para sermos mais fortes nesses duelos. É uma equipa que em termos ofensivos tem algumas dinâmicas com médios, com extremos por dentro… Acredito que a nossa equipa está preparada para aquilo que poderá encontrar. Agora também o FC Porto sabe que vai encontrar uma equipa que também está motivada e quer chegar à final. Acredito que será um bom jogo.

Sente que tem havido alguma dificuldade a essas novas dinâmicas defensivas ou por também algum cansaço acumulado?

Há comportamentos específicos, seja da linha defensiva, seja da linha média, seja da linha de dois, que eles não estão habituados. O Rúben [Amorim] pedia uns comportamentos, eu peço outros. Precisamos de treino, os jogadores precisam de errar, não temos tido esse tempo em campo. Gosto sempre que os jogadores se sintam confortáveis com o que eu estou a passar. Se eu exigir uma coisa e eles não estiverem confortáveis, vai dar barraca, vai dar asneira. Mas, sinto que estão agarrados e ligados, falta-nos é o treino diário. Sou um treinador que gosta muito de perceber o conforto deles dentro daquilo que é a minha ideia de jogo.

Já disse que está satisfeito com o plantel que tem à sua disposição, mas é natural que também queira fazer alguns ajustes no mercado. O Fresneda é um jogador que depois da Taça da Liga pode sair?

É simples. Se alguém sair, ficaremos carenciados, e aí acredito que teremos de ir ao mercado. Seja na direita ou em qualquer posição. O Fresneda é opção para jogo. É isso que sinto. Olho para ele como jogador do Sporting.

João Simões faz 18 anos. Está na sua cabeça a renovação do contrato?

Isso tem de estar na cabeça do presidente. Não é para mim (Risos). Esse assunto é da estrutura, não comigo. Estou feliz por o miúdo fazer 18 anos. É muito maduro e bastante comunicativo em campo com um jovem de 17/18 anos. Surpreendeu-me bastante nesse sentido. Fico feliz pelos 18 anos e desde já lhe desejo as maiores felicidades do mundo.

Edwards não treinou está fora das opções para jogo?

Está em dúvida para o jogo devido a problemas típicos nesta casa da época.

Quem vai jogar na baliza do Sporting?

São os três opção. Todos os dias dizem que chega este e aquele e sai este e aquele. Eu estou desligado disso.  Entrar e sair gente é natural no futebol. Tenho confiança nos três. Já rodei guarda-redes, já não rodei… É preciso perceber o momento.

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