Tudo o que ainda não sabemos (artigo de José Manuel Delgado)

CRÓNICAS DE UM MUNDO NOVO Tudo o que ainda não sabemos (artigo de José Manuel Delgado)

NACIONAL03.04.202011:09

A Covid-19 é uma ameaça global, que está a pôr em causa a saúde da humanidade e a fazer em fanicos a economia mundial. Os mais qualificados investigadores dos quatro cantos da Terra, dispondo de fundos ilimitados, procuram incessantemente a fórmula que trave o novo coronavírus e ao fim de vários meses foi possível constatar vários avanços, nenhum, porém, decisivo. Estou certo de que o tempo normal para desenvolver uma vacina ou criar um medicamento vai ser, neste particular da Covid-19, muito abreviado, mas a verdade é que ainda vivemos no desconhecimento relativamente a demasiadas coisas relacionadas com este vírus (e não se veja nestas palavras nenhuma ideia de teoria da conspiração).


Assim, não sabemos:

- Se devemos, ou não, usar máscara quando vamos à rua. A doutrina está dividida, mas o campo do Sim está a ganhar apoiantes: o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos vai aderir e aconselhar o uso de máscaras, seguindo o modelo asiático;

- Se o vírus pode regressar este ano numa segunda vaga, ou se estamos perante uma doença sazonal, com que temos de saber conviver daqui em diante, tese defendida, aliás, por Zhong Nanshan, principal conselheiro científico do governo chinês;

- Se é possível voltar a ficar infetado depois de receber alta;

- Como conviver, a longo prazo, com os infetados assintomáticos;

- Qual a fiabilidade dos testes rápidos à Covid-19;

- Afinal, o que infetou o paciente zero de Wuhan, uma vendedora de camarão no ‘wet market’ da cidade? Um chop-suey de cobra que tinha sido mordida por um morcego infetado, ou um guisado de pangolim chinês rico em Covid-19?

- Como vai ser processado o ansiado regresso à normalidade? Será por fases, com uma parte das pessoas nos habituais locais de trabalho e outra em teletrabalho?

- E porque estamos numa publicação desportiva, para quando o regresso das multidões aos estádios e pavilhões? Será preciso esperar por uma vacina para que possamos retomar a prática de assistir ao vivo às manifestações desportivas?

- Ainda no mesmo âmbito, a pressa não será má conselheira, no que toca aos prazos de retorno à competição que vão sendo aventados?

- E até que ponto será possível criar bolhas onde possa desenvolver-se, à porta fechada, a atividade desportiva? 
 

Nunca tantos, na história da humanidade, terão debatido, em tão pouco tempo, um só tema, como está a acontecer agora com a Covid-19, um verdadeiro buraco negro que suga a restante informação. E, mesmo assim, continuamos numa nebulosa em relação a questões que são essenciais para podermos formar uma ideia, mais ou menos precisa, de como será o ‘day after’.
 

O que sabemos é que, no presente, devemos prosseguir, sem hesitações, pascais ou outras, o isolamento social, desejar o melhor e prepararmo-nos para o pior…