«Tive muita sorte em não ter ficado numa cadeira de rodas»
Iordanov com Fernando Ferreira, médico do Sporting em 1995 (A BOLA)

ENTREVISTA A BOLA «Tive muita sorte em não ter ficado numa cadeira de rodas»

NACIONAL10.06.202411:00

Iordanov teve grave acidente de viação em 1995 e lembrou-se do infeliz Cherbakov, que ficara paraplégico ano e meio antes

- Até agora, falámos de coisas basicamente felizes, mas queria falar consigo também de dois momentos infelizes. O primeiro é o acidente de aviação de 1995 que colocou em risco a sua carreira. Que se passou?

-Infelizmente aconteceu e não posso fugir a isso. Quando uma pessoa nasce, tem o caminho traçado, mesmo que vá para a esquerda ou para a direita, o caminho está traçado. Graças a Deus, tive sorte, muita sorte mesmo, em não ter ficado numa cadeira de rodas. Outra sorte foi poder voltar a fazer o que eu mais gostava, que era jogar futebol. Claro que ficará sempre gravado na minha memória.

- Foi na Bulgária, certo?

- Sim, ia encontrar-me com o presidente do clube onde eu tinha jogado e aconteceu no caminho. Não gosto muito de falar em culpa. Também tive culpa, claro, tal com o outro teve culpa, mas não gosto muito de falar nisso.

- Recuperação demorada?

- Fiquei uma semana na Bulgária, sempre deitado, porque tinha problemas na coluna. Depois chegou o médico do Sporting, o doutor Fernando Ferreira, acompanhado por um jornalista de A BOLA…

- Sim, o José Manuel Freitas.

As páginas de A BOLA durante a recuperação de Iordanov após o acidente de viação (A BOLA)

- Isso. Foram ver-me ao hospital e falaram com os médicos. Dois dias depois, puseram-me no avião e levaram-me para Lisboa para ser tratado.

-Ano e meio antes tinha acontecido o acidente de viação de Charbakov, que o deixara paraplégico. Lembrou-se disso?

- Sim, sim, sim. Claro que me passou essa ideia pela cabeça, mas sempre acreditei que podia voltar a andar, pois sentia as pernas e era diferente do Cherba. E fui muito bem tratado no hospital de Lisboa. Olha, recomecei a andar no dia do primeiro aniversário da minha filha. Quando ela fez um ano, foi ver-me ao hospital e eu tive de me levantar para ele não me ver deitado numa cama.