«Tive mais convites agora do que quando ganhei a Premier League, recusei todos»

Claudio Ranieri tinha acabado a carreira de treinador. Só dois clubes o fariam voltar atrás: um deles era a Roma

Um ciclo que se fecha. Claudio Ranieri vai terminar de uma vez por todas a carreira de técnico no clube da cidade onde nasceu e onde começou a sua carreira de futebolista, em 1973. «Comecei aqui como jogador, termino aqui como treinador», disse o técnico de 73 anos, durante a apresentação como sucessor de Ivan Juric.

É a terceira vez que estará no banco dos giallorossi depois do período 2009-2011 e 2019. Na verdade, tal nem era para ter ocorrido, mas o coração falou mais alto. «Eu já tinha terminado a carreira de treinador. Tive mais convites agora do que quando ganhei a Premier League com o Leicester e a todos disse não. Só dois clubes me fariam mudar de ideias: o Cagliari ou a Roma

A imprensa italiana estranhou a escolha tendo em conta as críticas que Ranieri fez a Dan Friedkin, o milionário americano dono do clube, que acusou de «frieza» após a exoneração de De Rossi do cargo de treinador. «Eu digo tudo na cara. Mas fiquei de boca aberta pela forma como ele me respondeu. Investiu muito dinheiro no clube e os resultados não apareceram de acordo com o que ele pretende. Isso convenceu-me», explicou.

Agora há que tirar os romanos do 12.º lugar da Serie A, com 13 pontos, a 11 do sexto, o último lugar que dá acesso às competições europeias (no caso, a Liga Conferência). E há um jogador que poderá ganhar mais oportunidades: Mats Hummels, internacional alemão de 35 anos que assinou pelo clube no verão mas que soma apenas… 23 minutos com a nova camisola. «Estive a ver de novo a final da Champions [o central foi titular pelo Dortmund no jogo frente ao Real Madrid] e outros jogos e pergunto-me porque ele não tem jogado. Veremos, se calhar estou enganado.»

Daqui a uns meses estará no gabinete, como conselheiro dos proprietários norte-americanos e com uma proximidade permanente, numa realidade muito diferente daquela que conheceu no Chelsea, por exemplo: «Em Itália temos este hábito porque nos clubes estrangeiros fala-se pouquíssimo. Só  falava com [Roman] Abramovich [antigo dono do Chelsea] no aviãom, estava na graça de Deus. Só nós, italianos, precisamos desta figura. Se Friedkin me chamou é porque acha que precisa de outra pessoa para representá-lo.»