Taça de Portugal: «Sporting não facilitará e o Olivais estará na montra»
Rui Dias esteve envolvido no projeto do nascimento da Academia do Sporting; elogia o papel fulcral de Paulo Bento a nível desportivo; já no Olivais e Moscavide foi quem apostou em Miguel Veloso com médio
A vida dá voltas, num novelo de histórias que, de vez em quando, faz bem desfiar. Memórias de mais duas décadas que um jogo da Taça de Portugal faz agora recordar. Rui Dias fez parte da equipa de cérebros que arquitetaram o que viria a ser a Academia do Sporting.
«Trabalhava com o Aurélio Pereira no recrutamento para, posteriormente, ‘cozinharmos’ o que viria a ser a Academia em Alcochete. Foram tempos muito bons. Depois tivemos a sorte de ter um homem como o Paulo Bento que foi o trampolim. Deixou a sua bandeira no projeto da formação e no que era a cultura do clube, pois era na formação que havia mais resultados [em 2000/2001, os juniores de Paulo Bento sagraram-se campeões nacionais]», começa por recordar.
Posteriormente, Rui Dias avançou como treinador do Amora e, em 2005/2006, assumiu o comando técnico do Ol. Moscavide, numa altura em que recebeu no plantel mão cheia de jogadores cedidos pelo Sporting, nomeadamente, Fábio Paim, Bruno Pereirinha, André Marques, Carlos Saleiro e Miguel Veloso, este último, a quem mudou a posição no campo.
«Esses miúdos, na altura, foram verdadeiros heróis. Passarem das excelentes condições que tinham na Academia para o uma realidade completamente diferente. Tivemos muitas conversas, houve muita definição de objetivos, treino a treino, de modo a que encarassem a nova realidade como um degrau para subir na carreira. No caso específico do Miguel Veloso, tinha uma capacidade acima da normal, cheguei a discutir a posição dele [defesa-central] com o Paulo Bento, e depois viu-se como se entendia com o Moutinho! Ele sentia-se mais à vontade onde não tinha de andar a correr atrás dos pontas de lança, tinha excelente leitura de jogo, cortava muitos espaços e fazia com que a sua equipa não se desgastasse tanto. Foi aquele que mais volta mental deu. Mas eram todos fantásticos», justifica.
Leões têm lição do ano passado
Sobre as expectativas para o jogo da 3.ª eliminatória da Taça de Portugal, com Sporting e Olivais a Moscavide a defrontarem-se no Estádio José Gomes, na Reboleira, Rui Dias não tem dúvidas: «O Sporting vai ganhar. Não só porque é a sua responsabilidade, mas porque é a cara do treinador, adoro este Sporting! O Rúben Amorim é ambicioso, com discurso forte, bem sucedido e protegido pela Direção, muito maduro para a idade que tem, mesmo em termos de liderança do balneário.»
Quando à rodagem da equipa, para que os menos utilizados possam ganhar ritmo competitivo, Rui Dias defende que o núcleo duro da equipa vai manter-se: «O Sporting tem o exemplo do que aconteceu na época passada, em que foi logo eliminado pelo Varzim. Acredito, por isso, que metade da equipa sejam habituais titulares e vai entrar com um ritmo alto. Tenho uma costela de Olivais e Moscavide, um clube magnífico, que teve um sonho, do qual fiz parte [em Moscavide Rui Dias tornou-se no treinador mais jovem, com 29 anos, a subir uma equipa à Liga 2, mais concretamente, em 2005/2006], mas vai ter muitas dificuldades diante do Sporting, que não facilitará, e o Olivais estará na montra. São sempre jogos especiais.»