Sousa Cintra: «Ter despedido Robson é algo que me vai acompanhar sempre…»
Antigo presidente dos leões, em conversa com A BOLA, não esquece episódio na viagem em que Bobby Robson foi despedido em 1994 após a derrota com o Casino Salzburgo
- O Sporting prepara-se para voltar a jogar na Áustria, um país onde nunca conseguiu vencer. O que recorda daquela eliminatória com o Casino Salzburgo. É um clube e equipa diferente?
- Bem… naquele tempo o Sporting tinha uma equipa forte, mas atualmente temos uma equipa para lutar em qualquer estádio, contra qualquer adversário. Um conjunto de jogadores com enorme valor, muito jovens, com talento, comprometidos com o que estão a fazer e aquele entusiasmo que existe permite-nos sonhar.
- Esta equipa dá-lhe maior confiança?
- Antes de mais queria destacar aquele que, na minha opinião, é o melhor avançado a jogar em Portugal: Gyokeres. Foi a grande contratação que o Sporting fez. Foram inteligentes. É um avançado que joga, não tem medo de nada, tem potência, cabedal para aguentar aquilo tudo… é fantástico. Espero que fique cá por muitos anos mas a jogar assim… no próximo ano vai ser uma guerra, pois é um elemento que faz a diferença dos outros.
- A política de reforços é o elemento diferenciador do ano passado?
- Além do Gyokeres, o Sporting tem ali outros que são bons. Este ano acertaram em todos os reforços. Tem uma equipa boa. Estou muito animado com este campeonato e o Sporting vai agora jogar lá fora, não interessa muito o passado e o que interessa é fazer uma boa figura.
- Falar do passado refere-se à eliminação com o Casino Salzburgo e o despedimento de Bobby Robson no avião no regresso a Lisboa…
- Não foi bem assim. Mas vou dizer uma coisa: foi algo que sempre me acompanhou e que me acompanhará sempre. Nunca imaginei que seria assim, não deveria ter tido esse comportamento, foi uma coisa horrível. De tudo o que fiz no Sporting é a única coisa que me arrependo. Do resto não me arrependo de nada. Foi ter despedido o Robson. Que foi um grande senhor. Encontrámo-nos várias vezes depois disso e sempre foi um gentleman, uma pessoa impar no tratamento. Podia ter ficado magoado comigo, mas nunca ficou. Sempre com uma boa disposição, entusiasmo e respeito. Gostei muito dele agora se me perguntar se fiz mal… claro que fiz.
- Mas foi uma derrota muito marcante para os adeptos…
- Nem vale a pena falar muito disso que faz parte do passado e até pode trazer azar… O que importa é que o Sporting faça uma boa figura e traga um bom resultado e que continue na Liga Europa. Os adversários agora parece acessíveis mas para a frente vamos ver o que irá acontecer. Hoje não existem mesmo equipas fracas e todas podem surpreender… Basta ver o que aconteceu ainda agora no Farense-SC Braga.
- Este início de época faz lembrar o ano do titulo com Rúben Amorim?
- Sim… a ideia que passa é que os jogadores estão todos unidos e, nestas coisas do futebol, a união faz mesmo a força. Esta união, alegria, entusiasmo, confiança… está patente em cada um dos jogadores e os sócios estão satisfeitos. Vamos ver o resultado final. Está a começar bem, não é? Esperemos é que continue assim até ao fim.