Sevilha corta relações com o rival Betis e longo comunicado explica tudo
Em causa a suspensão de três jogadores após denúncia por causa de símbolo; rivalidade «saudável» passou para outro nível
O Sevilha cortou relações com o rival Betis. Em causa ações de três jovens da formação, que festejaram com uma bandeira do Betis com o símbolo riscado e posteriores declarações de Ángel Haro, presidente do Betis.
Juanlu Sánchez, José Ángel Carmona e Isaac Romero exibiram uma bandeira do Betis com o símbolo alterado para celebrar a vitória no último dérbi de Sevilha, em outubro, o que motivou queixa na Federação.
Foi precisamente esta queixa que desagradou ao Sevilha, que acabou por suspender os três jogadores, que não puderam estar no fim de semana no jogo de despedida de Jesus Navas.
As razões são enumeradas num longo comunicado:
«O Sevilha FC, perante a queixa do Betis que levou a que três dos seus jogadores, Isaac, Juanlu e Carmona, fossem suspensos para o jogo contra o Celta na passada jornada, deseja comunicar:
-Que entende que o comportamento dos diretores do Betis, ao denunciarem o festejo dos jogadores perante os órgãos federativos e não perante a Comissão Anti-Violência viola um código importante e abre um precedente perigoso, ao procurar punições desportivas através de atos não desportivos.
-Que considera que os factos denunciados pelos dirigentes se inserem no contexto de uma celebração de um jogo de máxima rivalidade, no seu próprio campo, e sem qualquer tipo de objeto ofensivo, e não entende que possam ser interpretados como geradores de violência. É surpreendente que o clube verde e branco não entenda estes acontecimentos no contexto da rivalidade. E é igualmente surpreendente a decisão de sancionar estes eventos de forma desportiva, abrindo um precedente perigoso em todo o futebol espanhol.
-Que o Sevilha tem dado provas cabais de seriedade em casos semelhantes, como quando jogadores do Betis ou mesmo dirigentes gozaram publicamente com os jogadores do Sevilha, entendendo que certos excessos e mesmo ofensas devem ficar no âmbito dos festejos, mesmo que sejam sinais de falta de educação e decoro.
-Que o Sevilha considera que os diretores do Betis não estiveram à altura das circunstâncias, nem da instituição que representam, nem dos seus adeptos, que souberam interpretar muito melhor a situação que estamos a viver
(…)
-O Sevilla constatou que tem um entendimento muito diferente das relações entre os dois clubes, que devem ser cordiais e respeitosas no quadro saudável da nossa rivalidade desportiva. Um quadro que o Betis decidiu transgredir, de forma dececionante, para procurar benefícios desportivos fora do campo.
É por esta razão que o nosso clube decidiu romper relações com o Betis, pois não entendemos como podem continuar a existir tais relações quando os diretores do clube verde e branco procuraram deliberada e conscientemente prejudicar o nosso clube. Prejudicar desportivamente o Sevilla foi o objetivo da denúncia de comportamentos antidesportivos perante os tribunais da competição. Consequências que eram bem conhecidas na entidade verde e branca. Por último, o Sevilha deseja reiterar a sua deceção pela atitude inadequada dos diretores do Betis, não só em relação a outro clube, mas sobretudo em relação ao Sevilha. E também a sua deceção com as decisões dos comités federativos».
Haro defendera-se na terça-feira, em reunião de acionistas: « Fiquei surpreendido [com a suspensão]. Os profissionais têm de respeitar as instituições e os símbolos. O Betis colocou algumas imagens à disposição dos diferentes comités, não denunciou nada. Apenas as disponibilizámos para serem avaliadas. Não pedimos sanção desportiva e não somos responsáveis por os jogadores terem falhado um jogo.»