Só por seis vezes neste século tal não aconteceu
Seja qual for o líder da Liga no final de 2024, terá muitas possibilidades de se sagrar campeão nacional no final da temporada. Se olharmos para aquilo que aconteceu nos últimos 25 anos, quem estiver na frente no final da jornada 16 terá cerca de 75 por cento de hipóteses de vencer o campeonato.
Isto porque, desde 2000/2001, só por seis vezes o líder (ou colíder) no final do ano civil não se sagrou, cinco meses depois, campeão nacional. Aconteceu com FC Porto em 2001, 2005, 2019 e 2016 e Benfica em 2009 e 2020. O Sporting, sempre que foi campeão, era líder no final do ano. E por duas vezes (2013 e 2022), sendo líder na passagem de ano, não se sagrou campeão nacional. Aqui ficam os seis campeonatos que contrariam a tendência.
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O xadrez de Jaime Pacheco em 2001
O FC Porto de Fernando Santos chegou ao final de 2000 com dois pontos de avanço sobre o Boavista de Jaime Pacheco. Tinha Vítor Baía, Aloísio, Jorge Andrade, Jorge Costa, Secretário, Paulinho Santos, Deco, Capucho, Domingos, Drulovic e Pena, por exemplo, mas não resistiu à ponta final de um xadrez com jogadores como Ricardo, Pedro Emanuel, Frechaut, Rui Bento, Sanchéz, Petit, Martelhinho, Jorge Couto ou Silva.
O Boavista fez fantástica segunda metade da prova, com 13 vitórias, 2 empates e 2 derrotas, enquanto o FC Porto abriu 2001 com apenas um triunfo nos primeiros cinco jogos (derrota com Boavista, Benfica e Paços de Ferreira, empate com Belenenses e triunfo sobre Estrela da Amadora). Apesar de ter terminado a época com dez vitórias nos últimos dez jogos, os dragões não impediram que os axadrezados vencessem o seu único Campeonato Nacional.
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Águia de Trapattoni em 2005
O FC Porto, mesmo sem José Mourinho, Deco, Costinha, Ricardo Carvalho e Paulo Ferreira, parecia, no final de 2004, ter o caminho controlado para o tricampeonato. Tinha apenas um ponto de avanço sobre Sporting e Benfica, dois sobre o Boavista e três sobre o SC Braga, é certo, mas perdeu logo à entrada de 2005 (1-3 em Braga) e teve mês terrível entre as jornadas 25 e 28: 0-4 em casa com o Nacional, 0-2 em Alvalade, 0-1 no Bessa e 1-0 no Dragão ao Gil Vicente). Enquanto isso, o Benfica de Giovanni Trapattoni, embora realizando campeonato medíocre quando comparado com épocas anteriores, teve 11 vitórias, quatro empates e quatro derrotas em 2005, terminou a época com mais três pontos do que o FC Porto e mais quatro do que o Sporting, recuperando o título que não ganhava desde 1993/1994.
O tetra de Jesualdo em 2009
O Benfica de Quique Flores tentava impedir o tetra do FC Porto de Jesualdo Ferreira e, no final de 2008, liderava a Liga com dois pontos de vantagem sobre os dragões, embora com apenas 12 jornadas realizadas. Não perdera qualquer jogo entre agosto e dezembro de 2008, mas perderia nada menos de cinco até final da prova: Trofense, Sporting e Nacional fora de casa e V. Guimarães e Académica na Luz. O FC Porto, ao invés, não foi derrotado nas últimas 23 jornadas e apenas sofreu cinco empates: Marítimo, Trofense, Benfica, Sporting e SC Braga, todos no Estádio do Dragão. Sagrou-se campeão com quatro pontos de avanço sobre o Sporting, com o Benfica a terminar em terceiro a 11 pontos do líder.
Rui Vitória bate Jorge Jesus em 2016
No final de 2015, FC Porto liderava com um ponto de avanço sobre o Sporting e nada menos de cinco sobre o Benfica. Porém os dragões (primeiro de Julen Lopetegui e depois de José Peseiro) entraram mal em 2016 (derrota em Alvalade, Guimarães e em casa com o Arouca) tinham já seis pontos de atraso para Benfica e Sporting no início de fevereiro. Depois, até final, foi luta entre águias e leões, estes com 9 vitórias nos últimos 9 jogos, mas aqueles com 36 pontos nas derradeiras 12 jornadas (uma delas, a 25.ª, em Alvalade). E o Benfica de Rui Vitória venceu, na ponta final, o Sporting e Jorge Jesus, sagou-se campeão nacional.
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Lage/Conceição em 2019
Há seis anos, o Benfica de Bruno Lage alcançou algo verdadeiramente improvável. Terminara 2018 a quatro pontos do FC Porto e, perdendo em Portimão na primeira jornada de 2019, ficou com sete pontos de atraso para o FC Porto de Sérgio Conceição. O título, pensava-se, estava fora de possibilidade, até porque estava ainda atrás de Sporting e SC Braga. Porém, nos 19 jogos de 2018/2019, arrancou nada menos de 18 vitórias e um empate (2-2 com a B Sad, na Luz). E recuperou o título perdido, em 2017/2018, para o FC Porto, terminando com dois pontos de avanço sobre os dragões.
Conceição/Lage em 2020
Se o Benfica de Lage fez algo improvável em 2018/2019, voltou a fazê-lo em 2019/2020. Só que no sentido inverso. Tinha quatro pontos de vantagem sobre o FC Porto de Sérgio Conceição no final de 2019, aumentou-a para sete após a jornada 17, mas a derrota no Dragão na ronda 20 (2-3) e em casa com o SC Braga de Ruben Amorim na 21 (0-1), colocaram as duas equipas separadas por apenas um ponto. Os últimos 12 jogos foram catastróficos (5 vitórias, 5 empates e 2 derrotas), enquanto os do FC Porto foram muito melhores (8 vitórias, 2 empates e 2 derrotas).