O que o treinador do Benfica disse antes do jogo com o Sporting

NACIONAL28.12.202415:28

Bruno Lage quer vencer, mas espera Sporting forte e com linha de três centrais; os esclarecimentos sobre António Silva e as viagens à Argentina

— Jogo grande, de grandes emoções, que expectativas tem para o dérbi em Alvalade?

— Temos as melhores expectativas, sabemos que é um dérbi, sabemos da importância do jogo para nós e para os nossos adeptos, pelo que o nosso foco é fazer um grande jogo e vencer o jogo.

— Que Sporting espera? Com linha de três centrais ou linha de quatro defesas? O facto de o Sporting ter um novo treinador dificultou a preparação?

— Vamos estar à espera de três centrais. Se são três centrais declarados ou não, vamos ver, poderão ser três centrais e eventualmente numa das laterais, um lateral. Olhámos para a dinâmica própria do Sporting e também para a forma de Rui Borges ver o jogo, tentámos perceber que dinâmica vamos encontrar. E vamos encontrar uma equipa que gosta de ter bola, que vai querer pressionar alto, simultaneamente iremos encontrar as características que temos visto ao longo dos tempos, com Gyokeres a atacar a profundidade, o Trincão a baixar para ligar o jogo e poder jogar entrelinhas, mantendo a largura, dois médios com enorme capacidade de construção. O capitão [Hjulmand] e Morita a tentar ligar jogo. Estamos preparados e sentimo-nos muito prontos.

— Pode esclarecer se Aursnes está em condições?

— Estamos todos prontos para ir a jogo, exceto Tiago Gouveia.

— Este jogo vale mais do que 3 pontos? Tendo em conta que Benfica é líder do campeonato.

— São 3 pontos, nesta altura do campeonato são 3 pontos importantes para nós e para o Sporting. Queremos passar o Natal em primeiro, com certeza também a passagem de ano e todas as festas em primeiro lugar, mas a mais importante é no final.

— Como foi preparar o dérbi em dois dias, sabendo que Otamendi passou mais de 50 horas em viagens de avião?

— Nós quando sentimos que temos de dar folga, damos folgas. Esta equipa não tem tido muitas folgas e nós demos 3 dias de folga para os jogadores poderem passar o Natal em família. 24 e 25 já estava previamente estabelecido. Normalmente não temos nada planeado, mas após uma vitória os jogadores esperam às vezes que eventualmente possamos dar dia de folga para recuperar. Com tantas jogos em dezembro, decidimos que todos os jogadores mereciam passar o Natal em família. No dia 26, eu e a minha equipa técnica estivemos aqui a preparar o jogo com o Sporting. Depois, a segunda situação, a viagem [de Otamendi] à Argentina. Foi autorizada por mim, que fique bem claro isso. É a gestão que tenho feito jogadores. Não me interessa quanto tempo estiveram em voo, mas neste momento que estejam física e mentalmente disponíveis para jogarem o que têm jogado. Um especialista de renome esclareceu que os dias, a viagem, o descanso são suficientes, sem problema algum para jogarem. E o que é que eu vejo dos jogadores? Vejo dois jogadores [Otamendi e Di María, que também passou o Natal na Argentina] comprometidos com o trabalho, com ambição enorme de ajudar o Benfica a vencer títulos. Se amanhã quiserem ligar um resultado menos conseguido ao facto de dois jogadores terem viajado para a Argentina, cá estou eu para dar o corpo às balas, sem problema. Mas o mais importante é a gestão que tenho feito destes jogadores. Quando me sentei aqui no primeiro dia, a pergunta era que o Nico [Otamendi] tinha de sair e que Di María era um problema para a equipa. O Di María no último jogo fez mais recuperações de bola do que o Florentino e tem marcado muitos golos que nos ajudaram a vencer e o Nico tem feito grandes exibições. Esta é a minha forma de gerir jogadores e o grupo, sinto que somos uma família muito grande, estamos prontos para o jogo amanhã.

— Jorge Mendes, agente de António Silva, diz que o jogador quer sair do Benfica e jogar na Juventus. Pergunto-lhe se António Silva já lhe comunicou essa vontade e se esse é o tipo de problema que dispensava numa altura como esta?

— Para nós não é problema algum, por duas razões: primeiro, ninguém falou comigo sobre esse assunto, segundo, vejo o jogador completamente focado no Benfica. Ainda ontem estivemos a trabalhar várias situações específicas da posição dele, quer à direita, quer à esquerda, para ele perceber cada vez melhor as duas posições, e ele treinou motivado e focado. Vejo-o muito determinado em ajudar o Benfica a ser campeão. Falo disso, porque até pelo que vejo seria uma situação de empréstimo. Olho para os três centrais da mesma maneira: Nico [Otamendi] tem mercado, o Tomás Araújo com certeza também tem e o António também. No final da época, quem não tem contrato pode estar livre para decidir o seu futuro, quem tem contrato… tem de esperar pelas cláusulas de rescisão. Há uma coisa que é certa, quem quiser jogadores do Benfica tem de vir com a carteira. E nos últimos anos tem vindo com a carteira recheada. As coisas vão acontecer, já aconteceu no passado com vários jogadores, vai acontecer no futuro de certeza com o António ou com o Tomás. O que não podemos vender é o nosso centro de treino e a forma como os jogadores evoluem para jogar na primeira equipa, isso é que está fora de hipótese e não podemos vender. De resto, em função do mercado, as grandes equipas com poderio financeiro chegam aqui, convencem o jogador, pagam a cláusula e o jogador vai embora.

— Que vídeos mostrou aos jogadores na preparação do jogo? Do Sporting de Ruben Amorim, do Sporting de João Pereira ou do V. Guimarães de Rui Borges?

— Mostrámos fotografias de posicionamentos semelhantes das três situações. Curiosamente, foi isso. Porque há muitas semelhanças entre o Sporting de Ruben Amorim e o de João Pereira, muitas vezes não defendia com os cinco e apenas com quatro. Vitória também defendia assim com o Rui [Borges]. O mais importante é estarmos preparados para aquilo que é a nossa dinâmica. E não interessa quem é o favorito, interessa sentirmos que estamos prontos para fazer um grande jogo.

— Amdouni é o jogador com mais golos na Liga marcados como suplente utilizado. Já merece ser titular? E pode ser utilizado como um 9 e meio, atrás de Pavlidis, ou descaído para uma das alas?

— É sim e sim. Há muita gente a merecer jogar mais tempo, mas o mais importanete para mim é decidir a estratégia para cada jogo e feliz do treinador que tem este plantel à disposição para tirar o melhor de cada um dos jogadores. Na semana passada, falávamos da crise [de golos dos avançados], entretanto Pavlidis marca um golo, Zeki [Amdouni] marca dois. Arthur [Cabral] estava tocado e decidimos dar mais algum tempo de recuperação. Não é primeira vez que os avançados marcam golos [no mesmo jogo], estamos satisfeitos com o rendimento e sentimos que poderemos tirar mais rendimento deles e de todo o plantel, é para isso que trabalhamos. E o Zeki [Amdouni] dá-nos essa possibilidade de podermos jogar como ponta de lança, como avançado entrelinhas ou até mesmo nas alas, a procurar o jogo interior.

— Sente que é a melhor altura para defrontar o Sporting, uma equipa que acaba de perder a liderança da Liga e que já vai na segunda mudança de treinador?

— Sinto o Sporting forte, independentemente dos resultados, e o que quero é jogar contra uma equipa forte, é o que os jogadores gostam e querem. Sente-se ligeiramente a diferença quando jogam estes desafios, os jogadores estão prontos, que é o mais importante. Vamos defrontar grande equipa e grande treinador e queremos que o jogo chegue o mais rapidamente possível.

— Se Aursnes não estiver a 100 por cento, Leandro Barreiro pode ser titular? Renato Sanches está pronto para ser opção?

— Fredrik [Aursnes] está pronto, estão todos prontos com exceção de Tiago Gouveia. Renato Sanches já está a treinar com a equipa. Aquilo que queremos enquanto equipa técnica é ajudar o Renato Sanches a ser o Renato Sanches de que todos gostamos, é o que querem também os adeptos, todos o ambicionamos. Renato com alegria, transporte [de bola], a jogar para a frente, com qualidade. Estão todos prontos, agora cabe-me decidir a convocatória e o onze.