Rui Vitória: «Não é muito normal um treinador ganhar duas vezes nos primeiros dois anos»

Técnico português comentou diversos temas da atualidade do futebol nacional; considerou compreensível o momento do Benfica, encontrou mérito nos sucessos de Sporting e FC Porto e ainda «critério» e «frieza» nas escolhas de Portugal para o Euro 2024

Ainda livre no mercado depois de, em fevereiro, ter deixado o comando técnico da seleção do Egito, Rui Vitória mostrou-se particularmente atento à agenda desportiva do futebol nacional, nomeadamente o Benfica, que orientou entre 2015 e 2018, tendo conquistado três campeonatos nacionais. Agora a partir de fora, o técnico mostrou-se compreensivo perante o momento negativo que as águias, sob o comando técnico de Roger Schmidt, atualmente atravessam.

«É um processo em que, quer queiramos quer não, não é fácil nas equipas. Não é fácil ganhar-se permanentemente, não é muito fácil e nos últimos anos não há muita gente, nenhum treinador a fazê-lo», assinala o treinador.

«Nós tivemo-lo no Benfica, mas não é muito normal isso acontecer – um treinador ganhar duas vezes nos primeiros dois anos, portanto entrar e ganhar dois títulos. O que quer dizer, é que é possível que isto aconteça: um ano bom e outro menos bom, agora quem lá está, as pessoas nos clubes, é que têm de fazer essas ilações», analisou Rui Vitória, de 54 anos.

À margem da conferência 2 Build Talks 2024, que decorreu esta quarta-feira em Cascais e na qual assumiu uma inédita função de moderador, Rui Vitória enalteceu a justiça do título conquistado pelo Sporting e também abordou a vitória do FC Porto na final da Taça de Portugal.

«No lado do FC Porto, era de alguma forma um consolo ganhar a Taça de Portugal e ter um troféu e acho que também foi meritório por aquilo que também foi o jogo e a forma como os jogadores sempre trabalharam e a forma como sempre vi a equipa a bater-se», elogiou o técnico português.

Rui Vitória abordou ainda a convocatória de Portugal para o Euro 2024, recordando que os eleitos irão representar a bandeira nacional e merecem todo o apoio. «Acho que é o ponto alto de uma carreira, representarmos algo que muita gente gostava de representar e não o consegue fazer - Deus deu a esses jogadores o dom de representarem o nosso País. Portanto, quando isso acontece eu fico muito contente», transmitiu, esperançoso quanto a uma boa performance da equipa nacional.

Relativamente ao debate sobre se jogadores como Pedro Gonçalves e Francisco Trincão deveriam fazer parte da convocatória de Roberto Martínez. «Na minha perspetiva, o resumo de toda esta conversa é que o treinador preferiu aqueles jogadores para um qualquer critério que adotou. Ressalvo simplesmente isto e há que lidar com essa frieza da comunicação porque, de facto, chegamos à conclusão de que há uma escolha para um lado e uma não escolha para outra e isso é perfeitamente normal», considerou, com naturalidade.