Do Maia para as luzes da ribalta. Rui Silva subiu a pulso, fez sacrifícios para conseguir concretizar o sonho de se tornar profissional. Primeiro jogava na rua, depois passou para o pavilhão, seguiu-se o pelado e a afirmação na Madeira. Rui Silva teve uma infância feliz dividida entre Águas Santas, onde habitava com os pais, e Ardegães, onde frequentou a escola e viviam os avós. O primeiro contacto mais sério com a bola foi num pavilhão, sim, começou por jogar futsal, aos 9 anos, no Brás Oleiro, e jogava à frente, gostava de marcar golos, confessou a A BOLA numa entrevista em 2019. Curiosamente usava o 99 nas costas, por causa de... Vítor Baia. Mas, um dia, o guarda-redes faltou ao treino e os colegas pediram ao treinador que o colocasse na baliza porque era o mais alto (agora tem 1,91 metros). E nunca mais largou as luvas. Aos 13 anos foi jogar futebol para o Maia, onde fortaleceu o desejo de chegar ao topo e aos 17 já estava na equipa principal, o que despertou interesse de vários clubes, entre os quais o Sporting, antes de seguir para a Madeira, com Pedro Caixinha a dar o aval para a sua contratação. «Fiz testes no SC Braga e no Sporting, mas a diferença era que no Nacional me ofereceram um contrato profissional. Tinha 18 anos e para mim e para os meus pais era algo formidável, tratava-se de um clube com história e aceitei. Fui para longe, foi complicado no início»,contou a A BOLA. Foi no Nacional que se fez guarda-redes de referência, onde esteve quatro anos e meio, reconhecendo que houve um treinador que o marcou: «O Manuel Machado teve muita importância na minha evolução, o que sou e o que poderei tornar-me devo-o muito a ele.» Seguiu depois para o Granada, onde se impôs na segunda época (esteve lá quatro), viria a ser considerado o melhor guardião da II Liga e as porta de La Liga abriram-se com naturalidade. RECORDE DE DEFESAS NUM JOGO Ao serviço do Betis, sempre com Manuel Pellegrini no comando técnico, o guardião português foi sempre valorizado, é certo que foi alternando titularidade, mas destacou-se em várias ocasiões. Por exemplo, em outubro passado, na vitória dos sevilhanos frente ao Atlético Madrid (1-0), Rui Silva completou 50 clean sheets — partidas em que não sofreu golos — ao fim de 154 encontros em La Liga (67 ao serviço do Granada e 87 pelo Betis) e tem o recorde de defesas feitas num só jogo no campeonato espanhol, em 2023/2024, em que parou 11 remates também frente ao Atlético de Madrid. JÁ ESTÁ INSCRITO NA LIGA Agora, Rui Silva, que soma uma internacionalização de quinas ao peito, vai lutar pela titularidade no Sporting. O guarda-redes já está inscrito na Liga, pode ser utilizado quando Rui Borges assim o entender, e vai jogar com o 24 nas costas, que herda de Pedro Porro.