«Os meus colegas gozavam comigo por causa do meu Opel Corsa»
Rodri, que está entre os candidatos à Bola de Ouro, abriu o livro
Foto: IMAGO

«Os meus colegas gozavam comigo por causa do meu Opel Corsa»

Rodri assume-se como uma pessoa normal pese o mediatismo do futebol

Estrela do Manchester City, referência da seleção de Espanha, candidato à Bola de Ouro. Rodri brilha no topo do futebol mundial, mas isso não mexe com a sua essência, nem com a perceção que tem da sua realidade: é um homem normal.

«Às vezes os rapazes gozam comigo por ser 'normal'. É engraçado porque se perguntarem à minha mulher ou até à minha mãe elas dirão que estou longe de ser normal. No que toca a futebol, sou viciado. Se sou normal provavelmente é no sentido de não me interessar por redes sociais ou ténis de 400 libras. Desde criança que simplesmente persigo um feeling...», contou num artigo no The Players' Tribune.

«Não dizia: 'Oh, quero ser jogador de futebol para poder ter um Ferrari'. Não era por isso, mas porque aquilo que os meus heróis faziam em campo fazia-me sentir vivo. Lembro-me de ter cinco anos, haver uma piscina no bairro e um pequeno jardim. No verão era: futebol, piscina, futebol, piscina. Almoço em casa. De volta à piscina. De volta ao campo», recordou.

Não só não tinha o sonho de ter um Ferrari como o primeiro carro estava bem longe dessa realidade: «Finalmente tirei a carta e disse ao meu pai: 'Tenho 3.000 euros para comprar um carro. Vê o que consegues arranjar-me'. Veio ter comigo no dia seguinte: 'Encontrei um bom. Uma idosa está a vendê-lo. Quer 4.000, mas tem computador'. E eu: 'Wow. Um computador? Negócio fechado'.»

E prosseguiu a história, com a reação dos companheiros do Villarreal: «Ele traz-me o carro. É um Opel Corsa. Entro no carro e o ecrã do 'computador' tem cerca de oito centímetros. Tocavas-lhe só para ligar o rádio e era basicamente isso. Fiquei espantado. Levava o carro todos os dias para os treinos. Os meus colegas gozavam comigo mas eu não queria saber. Adorava-o!»

Rodri lembrou também que o sucesso alcançado apanhou de surpresa os colegas de infância. «No ano seguinte fiz os primeiros jogos na La Liga e acho que os meus amigos de escola ficaram um pouco confusos. Disseram-me que estavam a ver o jogo na TV e que o tipo da sala de aula era o número 6... Não estavam a acreditar que era mesmo eu. 'É o mesmo tipo? Pesquisa no Google... Não, não pode ser o mesmo Rodrigo. Há muitos Rodrigos, não é ele'», partilhou.

«Quando estás na TV, vestido à jogador, pareces diferente, não? E provavelmente estava com uma cara séria. Muitos deles estavam convictos 'Não, não é ele'. Depois, quando comecei a jogar mais e mais, perceberam que era mesmo eu e disseram-me 'O que é que estás a fazer aqui pá? Estavas a jogar contra o Barcelona na noite passada...'», acrescentou.