Rodri: «Não é uma vitória só minha, mas também do futebol espanhol»

INTERNACIONAL28.10.202422:14

Espanhol foi o vencedor da Bola de Ouro 2024

Rodri é o grande vencedor da Bola de Ouro 2024. O médio espanhol do Manchester City arrecadou o prémio que distingue o melhor jogador do mundo e não escondeu a felicidade: «Noite incrível para mim. Tenho que agradecer a muita gente. Em primeiro lugar, à France Football e a UEFA pelo galardão. Depois, quero agradecer a todos os que me ajudaram e confiaram em mim. Sei que é um dia muito especial, não só para mim, mas também para a minha família e o meu país. Agradecer à pessoa mais importante da minha vida, a minha noiva. Sem ti, este caminho não seria o mesmo. Á minha família, por todos os valores que me passaram, por tudo o que representam para mim, porque me ajudaram desde o princípio a dar os passos corretos.»

«Também ao meu agente. Quem diria que iriamos chegar aqui? Quando me foste buscar, quando me levavas aos jogos com um amor incondicional. Não me quero esquecer dos meus companheiros. O futebol é um desporto coletivo e sem eles não estaria aqui. Obrigado ao Manchester City, a todo o staff, Rúben [Dias], obrigado por estares aqui. Para mim são muito especiais, sem vocês não teria conseguido. Estou no melhor clube do mundo e obrigado a eles por tornar tudo mais fácil. Obrigado também à minha seleção, ao Luis [de la Fuente], por confiar, há tanto tempo, em mim. Quero agradecer aos meus companheiros no Euro, de um em especial, Carvajal, que sofreu a mesma lesão que eu e que merecia estar aqui, a vencer a Bola de Ouro. Também a uma palavra a outro, que, certamente, irá estar aqui, Lamine [Yamal]. Continua a trabalhar, tens tudo à tua frente», continuou.

Durante o discurso, Rodri não deixou de mencionar outros jogadores espanhóis, que nunca conquistaram o prémio, e falou da posição que ocupa no campo: «Não é uma vitória só minha, mas também do futebol espanhol. Penso que se deveria reconhecer o futebol espanhol, há tantos jogadores que não ganharam e que mereciam, como o Xavi, o Iniesta, o Iker [Casillas], o Busquets, como tantos outros… Isto é uma vitória do futebol espanhol e da posição de médio-centro. Dou um pouco de visibilidade a todos os médios-centro tão importantes ao longo dos anos. Temos um trabalho mais na sombra, mas hoje saímos para a luz.»

O médio lembrou, ainda, o início de carreira e as dificuldades que enfrentou: «Por último, quero contar uma história, que fala um pouco do processo que me levou até aqui. Quando fiz 17 anos, fiz as malas, rumo a um sonho, ao Villarreal, para conseguir um sonho de chegar à primeira divisão. Lembro-me de um dia que disse ‘basta’. Liguei ao meu pai, a chorar, com a sensação de que tudo tinha acabado, de que tinha trabalhado toda a minha vida e o sonho estava a desvanecer-se. Lembro que me disse: ‘Se já chegaste até aqui, não vamos desistir. Vamos até ao fim.’ Desde esse dia, a minha mentalidade mudou, até agora. Fala de um rapaz normal, com valores, que estuda, tenta fazer as coisas bem... Estou orgulhoso de ser o melhor jogador do mundo.»

Rodri revelou, também, que aspeto do seu jogo é que procurou desenvolver nos últimos anos e descreveu-se como pessoa: «Eu sempre disse que uma das minhas características principais é que eu tento sempre melhorar todos os dias, tento desenvolver o meu jogo. Percebi que se quisesse melhorar, tinha de fazer melhor no último terço, assistindo e marcando. Por isso, nos últimos anos, o meu registo, em termos de golos, aumentou.  Tens de ter uma mentalidade de querer melhorar e todos podem melhorar nisso. Acho que é o papel atual do médio centro. Nos anos 2000, não era assim, mas agora temos de ser como avançados, porque nós sempre jogamos ao ataque. Acho que isso foi a chave para melhorar o meu jogo.»

«Sei que por não ter redes sociais, as pessoas não me conhecem tanto. Sou uma pessoa normal, aprecio o desporto, aprecio a minha profissão, tento ser a melhor versão de mim mesmo, todos dias, tento ser um líder e tento aprender sempre com os melhores. Sou uma pessoa calma, até me chatear. Sou só um rapaz normal a tentar dizer aos meus jovens que não precisam de ser extravagantes. Podem ser pessoas normais, a tentarem fazer o melhor», disse o médio, abordando, por fim, o processo de recuperação à lesão grave que sofreu: «Sinto-me melhor. Claro que foi uma lesão grave, mas faz parte da vida e do desporto. No futebol, corremos esse risco e foi a primeira vez que me aconteceu. Tento cuidar de mim próprio, tento ver o lado positivo, aproveitar o tempo com a minha família, o tempo livre, tento descansar. Quero recuperar e voltar mais forte.»