Relógio suíço chegou adiantado em quase tudo (crónica)
Diakaté sentiu muitas dificuldades para travar os avançados da equipa helvática (LUSA)

SC Braga-Servette, 0-0 Relógio suíço chegou adiantado em quase tudo (crónica)

NACIONAL08.08.202422:55

Noite difícil (e muito apagada…) da equipa minhota, sem chama, poucas ideias, num jogo desligado em que o melhor acabou por ser mesmo o empate a zero que mantém tudo em aberto para a decisiva partida na Suíça

O SC Braga não entrou bem e passou mal. Muito mal. Por sinais que saltavam à vista de qualquer adepto, Mesmo aqueles que não fossem especialistas da tática percebiam que quase nada estava bem na equipa minhota. Com passes mal medidos, precipitados, uma desinspiração de Roger e Bruma gritante, muitos jogadores a chegarem com atraso a todos os lances, mau posicionamento (sobretudo sem bola), hesitações defensivas sempre que surgia uma ameaça suíça, enfim, uma equipa desligada, sem chama, com poucas ideias.

Pois bem, agora imaginem este dia ‘não’ quando juntamos um adversário com muitas rotinas, bem trabalhadas, mais ativo e incisivo, com jogadores acima da média (atenção a este Cognat, Antunes e Crivelli), muito inteligente na exploração dos espaços e debilidades… pouco há a dizer. Foi uma noite difícil. Daniel Sousa aproveitava todas as paragens para tentar corrigir. Porque o SC Braga, nos primeiros 45 minutos só aparecia quando Ricardo Horta conseguia ter bola.

SC Braga sentiu muitas dificuldades, sobretudo na primeira parte (LUSA)

Ao intervalo, um único conforto para a equipa minhota: tudo estava a zero. E a equipa suíça até se podia lamentar daquela «pontinha de sorte» que os treinadores tanto gostam de se agarrar. Porque havia criado oportunidades mais que suficientes para construir um resultado volumoso no primeiro tempo. Valeu Matheus (enorme defesa aos 9’), o atraso de Antunes (num desvio que quase deu golo aos 20’) e a falta de acerto de Crivelli (oportunidade clara aos 28’). Do SC Braga… tudo a zero. Algumas ameaças, mas, imagine-se, nenhum remate enquadrado no primeiro tempo.

Banco com crédito

Na segunda parte, Daniel Sousa não mudou. Manteve a ideia e, por certo, apelou a uma mudança na dinâmica da equipa na conversa do balneário. Não alterou o seu 4x3x3, que também se transformava num 4x2x3x1, dois sistemas que assentavam, em termos ofensivos, no equilíbrio de Moutinho, na construção de Zalazar e Ricardo Horta que, no meio desta dupla, servia de estratega, de forma a abrir espaços para os alas Roger e Bruma encontrarem a lança Roberto Fernández na área.

A história, essa, tornou-se um pouco diferente. Porque a equipa bracarense conseguiu, pelo menos equilibrar. A trabalhar melhor nas zonas de pressão ao adversário, a recuperar mais bola, finalmente a tentar mandar no jogo, algo que nunca tinha feito até então. Foi, então, possível, confirmar que o relógio suíço do Servette também tinha alguns defeitos. Não de fabrico, pois esta equipa de Thomas Harbeli apresenta mecanismos que oferece sempre garantias.

Daniel Sousa mexeu na equipa a pouco mais de 20 minutos do fim e foi nesse período que os bracarenses mais apareceram. Porque El Ouazzani apresentou uma melhor mobilidade (a dupla Horta/Roberto Fernández poucas vezes funcionou), porque o Servette caiu em termos físicos e, por fim, porque o SC Braga tem mais (e melhores argumentos) que este adversário.

Crivelli ganhou muitos lances no setor defensivo dos minhotos (LUSA)

Provou essa superioridade apenas nos últimos minutos, é certo, com duas claras ocasiões de golo, a primeira por El Ouazzani, na qual valeu a saída arrojada do guarda-redes Frick e outra por Bruma, em mais uma excelente iniciativa do marroquino que terminou com um remate do extremo português às malhas laterais. Escasso para uma noite que se esperava mais brilhante. É certo que estamos no terceiro jogo oficial da época para os bracarenses, mas em breve, sobretudo já nas decisões desta eliminatória na Suíça, vai ser preciso fazer mais. E melhor…