Rafa, a história de um adeus esperado
Rafa (Foto: Ricardo Larreina/IMAGO)

Rafa, a história de um adeus esperado

NACIONAL30.12.202323:00

Decidiu sair ainda no verão, quando percebeu que a SAD não lhe deu o que ele pediu para renovar; nega ter pedido prémio de assinatura; Schmidt exerce grande influência nele

Rafa Silva decidiu, ainda no verão, que esta seria a sua última época no Benfica. Foi na sequência das conversas ocorridas sobre a potencial renovação, nas quais o avançado sentiu que a SAD liderada por Rui Costa não correspondeu às suas expectativas em termos salariais.

Mas não foi só a diferença de verbas: Rafa também não gostou de ver informações que deram conta de que ele pediu um prémio de renovação de €10 milhões, algo que o internacional português garante a todos os que lhe são próximos não ser verdade. 

Esta foi a gota de água para um jogador conhecido por ter um caráter muito especial. Recorde-se, por exemplo, quando renunciou à Seleção Nacional, em setembro de 2022: entre os vários motivos que ajudaram à decisão foram as notícias sobre a alegada falta de compromisso na equipa das quinas.

Reservado para fora, mas extrovertido em ambiente de balneário, uma das características apontadas a Rafa por quem o conhece é a intransigência quando sente que está a ser passada para fora uma imagem que ele considera injusta. Quando assim é, não se desvia do rumo: o que decide está decidido, sem nuances.

A SAD, aliás, há muito que já dá Rafa como perdido. Quer nas conversas formais com o empresário do avançado de 30 anos, António Araújo, quer nos sinais que ele tem transmitindo internamente. 

Fiel ao treinador

Mas porque razão continua Rafa a ser tão decisivo na equipa? Por causa de Roger Schmidt. No rescaldo das negociações falhadas para a renovação, o treinador falou com ele e transmitiu-lhe uma mensagem: seria ele e mais dez durante a temporada e não queria saber de situações contratuais. Isto fez o jogador aumentar o sentimento de fidelidade ao treinador e os números estão aí: é neste momento o melhor marcador da equipa, com nove golos (a par de Di María) e o jogador com mais assistências (oito).

O desabafo de Rafa, no final do jogo de anteontem frente ao Famalicão, foi o exteriorizar da tristeza antecipada que o vai invadindo, mas sendo ele a definir o timing. «É disto que vou ter saudades», disse, sobre os 300 jogos pelo Benfica e a relação com os colegas. 

Médio Oriente à espera dele

O futuro poderá passar pelo Médio Oriente, como jogador livre. Rafa recusou uma proposta do Catar, no verão, no valor de €7,5 milhões/ano líquidos. O avançado pediu cerca de €3,5 milhões/ano para continuar na Luz (mais um milhão do que aufere atualmente), mas as águias recusaram e até admitiram vendê-lo. «Muita gente quis que ele saísse», recordou anteontem Roger Schmidt, dando o mote para 2024: «Se ele sair, que saia como campeão.»