O 'mister de A BOLA' do Benfica-Famalicão: Rafa 'trubinado'
Trubin, guarda-redes do Benfica (Miguel Nunes/ASF)

O 'mister de A BOLA' do Benfica-Famalicão: Rafa 'trubinado'

NACIONAL30.12.202317:19

O avançado do Benfica esteve nos três golos ao Famalicão (3-0) e Trubin segurou o jogo na baliza

1 - A matriz

O Benfica conseguiu uma vitória gorda, mas ela não espelha as dificuldades causadas pelo Famalicão. Havia alguma expectativa sobre a substituição de Di María, a escolha recaiu em Tiago Gouveia, passando João Mário para a direita. Mas o Benfica não alterou a matriz e desta vez projetou-se mais pelo lado esquerdo, com Morato a subir mais do que habitual e com Tiago Gouveia muito prometedor e intenso. Pelo lado direito, Aursnes teve de ser mais defesa do que lateral devido ao dinamismo de Francisco Moura e Chiquinho. Aursnes não pôde subir tanto como costuma. 

2 - Momento ballet de João Neves

Foi, então, um Benfica que entrou muito forte e dominador, frente a um Famalicão muito bem trabalhado e com excelentes jogadores. O Benfica pressionou nos primeiros 15 minutos, mas sentiu dificuldades no corredor central, onde o Famalicão teve Topic e Youssouf e Gustavo Sá, que foi segundo avançado com perfil de médio, que Rafa não tem, e isso deu superioridade ao Famalicão no corredor central. Mas nesse setor o Benfica tem a felicidade de contar com o menino-prodígio que é João Neves, a quem as pilhas nunca acabam. Kokçu não esteve ao seu nível e foi ele praticamente sozinho quem carregou a equipa, na recuperação da bola e também no lançamento do ataque. E foi de uma obra de arte, de um momento de ballet de João Neves, de um hino ao futebol que nasceu o primeiro golo: João Neves simulou e lançou Rafa, que depois cruzou para Arthur Cabral. Tudo simples, objetivo, mas com muita qualidade por parte de João Neves. Nesses momentos de transição o Benfica sentiu-se sempre bem e voltou nesta fase a ficar por cima do jogo, quando o Famalicão já o tinha equilibrado, mas, porém, sem conseguir oportunidades de golo. Aqui, uma palavra para Tomás Araújo, um belo central, e para Arthur Cabral, que parece mais solto, mais liberto. Mas ainda não é clara a hierarquia de ponta de lança: se Tengstedt, Cabral ou Musa. O primeiro está lesionado, Cabral melhorou, mas não o suficiente para corresponder ao que dele se espera e Musa, que neste jogo com o Famalicão teve grande impacto em apenas 20 minutos de jogo. Para mim, o melhor é o Musa.

3 - O turbo e o Trubin

O Benfica começou bem a segunda parte, com boa defesa de Luís Júnior a remate de Arthur Cabral, mas a partir dai o Famalicão pegou no jogo, foi ambicioso e fez segundos 45 minutos de equipa grande. O jogo poderia ter caído para os dois lados, mas Trubin fez defesas determinantes. Só João Neves a meio-campo não chegava, com Kokçu a passar ao lado do jogo, Tiagou Gouveia apagou-se e Cabral ficou cansado, pelo que a entrada de Florentino ajudou a estancar o Famalicão, embora não logo de início; Guedes trouxe uma influência e agitação que Gouveia ainda não consegue e Musa foi determinante. Ainda assim, a saída de Aursnes e as mudanças na defesa, Tomás para a direita, com Jurásek a entrar para a esquerda e Morato a juntar-se ao centro, provocaram alguma descoordenação posicional. O jogo estava aberto, mas Rafa reapareceu onde se sente mais confortável, nas transições, e foi um turbo que apanhou o Famalicão mais subido e desequilibrado. Marcou o 2-0 e houve uma falência emocional do Famalicão, pelo que o 3-0 foi natural. Se João Neves foi o melhor em campo, Rafa, que esteve nos 3 golos, foi o homem do jogo.

5 - Sem férias

Mesmo com as ausências do goleador Di Maria e do patrão Otamendi, o Benfica foi um justo vencedor, mas defrontou um adversário muito competente, que cria muito, mas falha na concretização – não é por acaso que tem o pior ataque do campeonato. Foi um Benfica sem direito a férias (de Natal e Ano Novo) porque o Famalicão o obrigou a trabalhar muito (e no final do jogo os famalicenses, com a entrada de Pablo e apostando num 4x4x2 clássico, ainda tentaram algo...) e também a saber sofrer como equipa grande.