Edmundo Silva: presidente do Damaiense leva-o aos treinos e é braço direito na família, foi o primeiro a detetar qualidades
– Quais foram as qualidades que detetou no Geovany assim que o viu pela primeira vez?
– Um menino diferente, pois mesmo muito pequeno já tinha o objetivo de pôr a equipa a jogar . Gostava de assistir os companheiros. Era uma das qualidades que chamavam a atenção, a partilha de jogo. O atrair o adversário para poder servir o avançado para marcar. Isto num miúdo acabado de chegar ao nosso futebol era muito raro. O normal, nestes contextos, é quererem fazer tudo sozinhos..
Elogiado pelo selecionador nacional (em entrevista a A BOLA), é aos 16 anos uma grande esperança dos leões; camisola 7 joga em posição onde nasceram muitas estrelas leoninas; Alcochete volta a sonhar com um talento... extremo
– Como era ele nos primeiros dias que tiveram contacto. Miúdo tímido, mais atrevido, alguns traços de personalidade?
– Um miúdo com 9 anos muito humilde e um pouco à descoberta de outra realidade pois tinha acabado de chegar da Guiné-Bissau. Com uma atenção a tudo o que o rodeava e muito inteligente pois absorvia tudo o que se lhe dizia, completamente focado...
– E como jogador para quem não conhece. Que jogador é este?
– Um jogador com um pé esquerdo muito bom, com uma leitura de jogo muito acima da média. Hoje tem a vertente de jogar tanto por fora como por dentro e dá sempre tudo.
– Mesmo com a idade que tem... estará ele preparado para ser uma opção na equipa principal?
– Apesar dos 16 anos, já é um jogador maduro e sabe bem o que quer para a carreira. Ele joga nos sub-23, tal como joga nos sub-17. Com a mesma atitude e vontade. Foi o que destacou o mister Rúben Amorim: ele mantém o rendimento seja qual for a circunstância e é por isso que está mais perto de ter sucesso. Mas, para já, acredito que o foco dele seja em continuar evoluir, independentemente de estar na equipa A ou não.
– Quando olha para o Quenda que tipo de jogador vê?
– É injusto fazer comparações mas diria que tem algumas semelhanças com o Edwards na construção, apesar de serem diferentes. Falta-lhe a experiência normal da caminhada que tem que percorrer.
– Falam com regularidade?
– Sim. Todas as semanas. A mensagem é sempre pensar na diferença de ser um jogador da bola e um jogador de futebol. Para se ser jogador de futebol tem de haver trabalho, regras e exigências feitas pelo próprio. O caminho será de muita dedicação porque só o talento é pouco para consolidar uma carreira profissional e duradoura . E, acima de tudo, não perder a humildade para ouvir quem o rodeia no dia a dia, treinadores, colegas, dirigentes e família.
– Rúben Amorim e Quenda são feitos à medida para o Sporting?
– O Quenda está muito agradecido a tudo o que o Sporting fez por ele. Acho que foi um casamento feliz. Ele ainda tem muito para evoluir, para crescer e decerto que vai continuar a fazê-lo no Sporting. Se lhe for dado espaço para crescer, errar e evoluir, não tenho dúvida que vai ser um dos maiores talentos a passar no clube.