Processos disciplinares: Recorde aqui a cronologia e o que disseram Conceição, Baía e J. Marques

Liga Processos disciplinares: Recorde aqui a cronologia e o que disseram Conceição, Baía e J. Marques

NACIONAL20.04.202318:06

O Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) anunciou a instauração de processos disciplinares a Sérgio Conceição, a Vítor Baía e à FC Porto SAD, «na sequência de participações apresentadas pelo Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol e pela Sport Lisboa e Benfica, SAD», assim como a Francisco J. Marques, nesta caso na sequência de participação apenas do Conselho de Arbitragem da FPF.

Em causa estão declarações sobre arbitragem antes e depois da última jornada, que aqui recordamos.

Primeiro foi Sérgio Conceição, a 14 de abril, sexta-feira, na conferência de imprensa de projeção do jogo com o Santa Clara, ao ser confrontado com o facto do árbitro nomeado para a partida, Cláudio Pereira, não ser internacional, ao contrário do juiz da partida do Benfica em Chaves, João Pinheiro.
 

«Acho que à medida que caminhamos para o final da Liga, os jogos ganham o seu peso. Todos os erros e pontos perdidos podem ser decisivos. É evidente. Acho que todos os intervenientes têm de dar o seu melhor. Nós, jogadores e treinadores, estamos no máximo e queremos que toda a gente esteja no máximo. Provavelmente terei outro processo no final desta conferência. Óbvio que houve erros no passado, a ferramenta VAR é importante, mas quem está atrás é sempre uma pessoa. São três que lá estão, penso eu. Se o critério for o mesmo, errou, tudo bem. Todos erramos. Agora, não pode haver dois pesos e duas medidas. Parte tudo daí e nesta reta final é importante que as pessoas esteja no máximo, cada um no seu papel», disse.

No mesmo dia, mais tarde, foi a vez de Vítor Baía, vice-presidente e administrador, recorrer às redes sociais, aproveitando as declarações do treinador: «Que não se repitam erros que influenciam resultados», escreveu Baía.

No dia seguinte o Benfica perdeu em Chaves (0-1) com polémica, fruto de um penálti por marcar antes do golo da vitória flaviense, ao cair do pano, e logo a seguir o FC Porto venceu em casa o Santa Clara por 2-1, reduzindo de sete para quatro a diferença para as águias, que lideram o campeonato.

As intervenções de Sérgio Conceição e Vítor Baía, consideradas de pressão sobre as arbitragens, motivaram uma participação do Benfica ao CD da FPF, conforme anunciou Rui Costa na terça-feira (dia 18), antes da partida da equipa para Milão, para o jogo com o Inter, referente à Liga dos Campeões. «O Benfica vai fazê-lo, mas não deveria tomar nenhuma atitude. O Conselho de Disciplina, há pouco tempo, abriu um processo ao Benfica por notícias de jornais, não deveria ser o Benfica a ter de manifestar-se numa situação destas, que toda a gente noticiou durante a semana toda. É lamentável e acabou por ser um fim e semana como foi. Sabemos o que é que essa pressão originou. Não deveríamos ser nós a ter de fazer uma participação sobre isto, atendendo aos precedentes do Conselho de Disciplina com o Benfica. Posso adiantar que já o fizemos e vamos esperar as consequências. Que não seja o barulho externo o condicionante deste campeonato, que lideramos desde a primeira jornada até agora», disse o presidente encarnado.

E soube-se agora que as mesmas declarações de Sérgio Conceição e Vítor Baía também motivaram participação do Conselho de Arbitragem da FPF.

Na mesma noite de dia 18 (terça-feira), o diretor de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, falou sobre o tema no Porto Canal, motivando então mais uma queixa, neste caso apenas do Conselho de Arbitragem da FPF e não do Benfica também, segundo o comunicado do CD.

«Este alarido que o Benfica resolveu fazer é a maior prova da sua fragilidade. Durante meses as coisas corriam bem porque ganhava e beneficiava de alguns erros de arbitragem, foi tendo uma vantagem importante, mas de repetente esbracejam e lançam suspeitas para todos os lados. Depois dos erros no clássico, é no mínimo surpreendente que o Benfica venha queixar-se da arbitragem. Esse jogo é o exemplo de como o VAR não auxiliou o árbitro. Toda a máquina de propaganda do Benfica nada disse sobre isso, como nos jogos com o Vizela, com o V. Guimarães... Nessas alturas esteve sempre calado, agora vieram acusar o FC Porto de procurar condicionar a arbitragem. Qual foi o condicionamento? Sérgio Conceição disse que não pode haver dois pesos e duas medidas, qual é o condicionamento disto? E Vítor Baía disse que não queria que se repetissem erros, isto condiciona alguém ou adultera algo? Não. É um contributo positivo e um apelo para que todos estejam concentrados para que nas últimas jornadas não aconteça o que aconteceu em 2019/20, com vários erros que penalizaram muito o FC Porto. Todos nos lembramos do comportamento de Rui Costa no final do jogo da Taça, em Braga, quando foi confrontar o árbitro Tiago Martins. Pouco tempo depois, como VAR, Tiago Martins teve uma atuação desastrosa no FC Porto-Gil Vicente, com a expulsão errada de João Mário. Terá sido consequência do condicionamento de Rui Costa. E também houve condicionamento de Fernando Seara há uns tempos e de Lourenço Coelho logo no sorteio da Liga. Aquilo a que estamos a assistir esta semana é simples: instalou-se o pânico na Luz porque perceberam que as coisas estão a cair como um castelo de cartas e estão a pedir ajuda à arbitragem. Há uma necessidade de salvar o Benfica do buraco onde está», disse.