Paulinho deixou de ser o 'patinho feio' para assumir papel principal no Sporting
Paulinho (IMAGO)
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Paulinho deixou de ser o 'patinho feio' para assumir papel principal no Sporting

NACIONAL26.09.202312:58

À passagem da 6.ª jornada, avançado já soma tantos golos quantos os que marcou na época passada na Liga; chegada de Gyokeres deu-lhe mais liberdade

Paulinho, de 30 anos, que chegou a Alvalade em janeiro de 2021, oriundo do SC Braga, por €16 milhões pagos por 70% do passe, negócio a que muitos torceram o nariz, principalmente depois de o avançado marcar pouco e desperdiçar muito - Rúben Amorim (com quem tinha trabalhado no emblema minhoto) nunca deixou de acreditar nele – está a viver momento de glória.

No primeiro ano (meia época) de leão ao peito, marcou apenas três golos na Liga (14 jogos), em 2021/2022 assinou 11 tentos, número pouco apelativo para os adeptos, cujas críticas ao avançado adensaram-se no ano passado, em que não foi além de cinco golos marcados em todo o campeonato. 

Pois bem, Paulinho deixou de ser o patinho feio do Sporting para assumir papel principal no ataque leonino, curiosamente na época em que foi contratado o jogador mais caro da história do clube: Gyokeres, ponta de lança, de 25 anos, oriundo dos ingleses do Coventry (Championship) que custou por €20 milhões, mais quatro milhões por objetivos, ultrapassando a compra do próprio Paulinho. 

ÉpocaJogosGolos
2020/2021143
2021/20222911
2022/2023255
2023/202465

O camisola 20 deu excelentes indicações na pré-época e, na jornada inaugural, frente ao Vizela (3-2) saltou do banco para marcar o golo que viria a render os três primeiros pontos do Sporting na Liga. Desde então, tem pautado a presença em campo com boas exibições e golos decisivos que contribuem para o excelente arranque do líder Sporting. Paulinho não viu em Gyokeres um concorrente, mas sim um aliado e têm-se entendido na perfeição na frente de ataque, e o português é já um dos melhores marcadores da Liga (a par de Róbert Bozenik, do Boavista), com cinco golos à passagem da 6.ª jornada, tantos quantos os que marcou na época passada. 

Na última segunda-feira, na receção ao Rio Ave, até atuou a solo – Rúben Amorim poupou Gyokeres, tocado num joelho – e teve bom rendimento: um golo em dois remates enquadrados; sete duelos no jogo aéreo (ganhou quatro); criou duas ocasiões de golo flagrante; sofreu três faltas (originou dois amarelos) e recebeu 19 passes progressivos. 

Os avançados são muitas vezes julgados pelo número de golos que marcam e por vezes a função deles em campo até passa despercebida

A BOLA falou com Jorge Silvério, psicólogo do desporto, que enumerou alguns aspetos que podem estar ligados à performance do jogador. «É sempre analisar de forma, mas há muitos fatores que podem contribuir para isso. Os avançados são muitas vezes julgados pelo número de golos que marcam e por vezes a função deles em campo até passa despercebida. A falta de golos leva a críticas erradas, o próprio jogador sente-se crítico e relação a si próprio e a pensar onde falhou e isso é uma espiral que pode traduzir-se em falta de golos. Mas também há que ter em conta a como como a equipa joga, o que se passa na vida familiar, há uma imensidão de variáveis a ter em conta e que os adeptos se esquecem, pois o que querem é golos», realçou. 

O bom desempenho de Paulinho neste arranque de época aumenta a expetativa do avançado poder ouvir o seu nome constar da lista de convocados para representar Portugal, mas, para já, ainda não aconteceu. Uma possibilidade que, para Jorge Silvério, seria um tónico para o jogador.  «A chamada à Seleção Nacional é o reconhecimento máximo para cada atleta e devem usar isso como motivação, sem esquecer que os objetivos são as ferramentas motivacionais mais importantes da vida», concluiu.