Os meninos de Klopp: como o treinador do Liverpool potenciou os jovens para ganharem títulos
Lewis Koumas, Jayden Danns e Trey Nyoni, três dos jovens que estiveram na conquista da Taça da Liga (IMAGO)

Os meninos de Klopp: como o treinador do Liverpool potenciou os jovens para ganharem títulos

Olhamos para a base de formação dos 'reds', com especial destaque para os jogadores que foram peças fundamentais na Taça de Inglaterra e na final da Taça da Liga

Diogo Jota, Mo Salah, Darwin, Szoboszlai, Alexander-Arnold, Joel Matip, Alisson. Estes são nomes de jogadores do Liverpool, todos eles possíveis titulares (alguns, até, indiscutivelmente) mas também têm mais uma coisa em comum. Todos estes atletas estavam lesionados tanto a 25 como a 28 de fevereiro, dias em que os reds jogaram a final da Taça da Liga de Inglaterra e os oitavos de final da FA Cup. Venceram ambos os jogos, mesmo sem estes elementos, muito por culpa... da formação.

Mas quem são estes atletas e, sobretudo, que influência têm tido no plantel do Liverpool? Olhemos para alguns dos que mais têm marcado esta fase da equipa que, para além de já ter conquistado um troféu, continua a lutar por mais três.

Com 18 anos de idade, 10 passados nas escolas do Liverpool, Jayden Danns foi o principal destaque da vitória por 3-0 do Liverpool nos oitavos de final da Taça de Inglaterra, frente ao Southampton. Nessa partida, Danns entrou ao minuto 63 e, aos 73' e 88', bisou para carimbar o resultado final.

Jayden Danns é filho de Neil Danns, ex-futebolista que passou por Crystal Palace, Birmingham e Leicester, e uma das grandes forças motrizes por trás do filho. «Se não fosse ele, havia momentos em que não queria treinar. Agora, é difícil falhar, porque criei a rotina. A minha mãe ajuda com a dieta. Estou em dívida para com eles, devo-lhes a minha vida», confessa o jovem, em entrevista ao Liverpool.

Aos 16 anos, foi diagnosticado com doença de Osgood-Schlatter, que causa dores nos tendões dos joelhos, e esteve fora durante oito meses. «Num espaço de tempo muito curto, passei de 1,58 metros para 1,83. Estive fora durante oito meses e foi um período muito difícil. Pensava 'o que é que me está a acontecer?' Claro que valorizas muito o regresso. Esta época, estou a adorar o meu futebol. Gosto de aparecer na frente, gosto de vir buscar jogo atrás. Está tudo a correr bem.»

Após marcar os dois golos, revelou que está «a viver um sonho»: «É um sonho tornado realidade. Apoio este clube desde que nasci, entrar e marcar em frente ao Kop (bancada histórica de Anfield) é fabuloso! Não parece real, parece que estou num filme. O segundo foi pura diversão, não pensei que chegasse, estava satisfeito com um.» E nesse momento, mais uma vez, não esqueceu a família. «Quando me estreei, o meu pai chorou. Não sei o que ele estará a fazer agora!»

Jayden Danns revelou, no seu Instagram, o nome do seu ídolo: «Se tivesse de escolher um, seria Cristiano Ronaldo», disse o jovem craque, referência esta que coincide com a de outro colega: Lewis Koumas.

Quando Jayden Danns entrou, já o Liverpool vencia por 1-0, muito por culpa de Lewis Koumas, autor do primeiro golo da partida. Filho de Jason Koumas, também ele futebolista, juntou-se aos reds vindo do Tranmere Rovers quando tinha 11 anos. Tal como Danns, é um jogador muito versátil na frente de ataque e isso viu-se no encontro com o Southampton, em que abriu o marcador. «Era o sonho da minha vida, marcar na minha estreia em Anfield. Uma noite que nunca vou esquecer. Obrigado Liverpool!», disse o jogador, na sua conta na rede social X, ele que já tinha falado sobre como era estar rodeado pela experiência do plantel sénior.

«O meu pai era um grande jogador e muita gente sabe isso. Ele deixa-me fazer as coisas à minha maneira. Mas se tiver alguma dúvida, vou-lhe perguntar», disse o jogador. «Honestamente, ainda é como se estivesse atrás de um ecrã. Vi o Luis Díaz a jogar, por exemplo, e agora estou ali atrás dele. É uma loucura, na verdade. É bom estar rodeado de alguns dos melhores do mundo, vencedores de Liga dos Campeões», acrescentou, antes do jogo com o Southampton. «Sinto que tenho de chegar e mostrar ao treinador o que posso fazer. E se tiver oportunidade de me estrear, tenho de tentar marcar.» Parece ter sido um plano vencedor...

Certo é que estes Klopp's Kids, como já são chamados, bateram um recorde: pela primeira vez na história do Liverpool, dois jogadores com 18 anos marcaram no mesmo jogo! Mas a verdade é que as apostas de Jurgen Klopp não se resumem ao ataque, e isso comprova-se com aquela que é, possivelmente, a maior surpresa do plantel nesta época.

Tem 20 anos, é irlandês e conseguiu o feito de conseguir fazer esquecer Trent Alexander-Arnold. Conor Bradley assumiu a lateral direita e o Liverpool parecia uma máquina tão oleada como sempre. Com velocidade, irreverência e decisão para lá da idade, o jovem já fez um golo e assistiu outros cinco desde que se estreou, a 21 de janeiro, frente ao Bournemouth. Os dias que se seguiram revelaram-se felizes mas, sobretudo, trágicos.

Foi a 31 de janeiro que o Liverpool goleou o Chelsea por 4-1. Bradley marcou um e assistiu dois. Uma das melhores exibições individuais da época por parte de um jovem no seu segundo jogo com a equipa sénior. «É um sonho, estou tão feliz! Não conseguia acreditar que tinha marcado!» Um momento de sonho que viria a tornar-se pesadelo: três dias depois, o seu pai, Joe Bradley, morreu, após doença prolongada.

Apesar disso, a compostura de Bradley dentro de campo parece inalterada. Raramente erra defensivamente e adiciona muito no ataque, ao ponto de se discutir se a mudança de posição de Alexander-Arnold - desde sempre ligado ao meio-campo, devido à sua capacidade de passe - é a melhor forma de aproveitar o talento de ambos. Foi titular na final da Taça da Liga e um elemento importante para a equipa não sofrer golos e conquistar o primeiro título da temporada.

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Uma época não se faz de uma competição e um plantel não se faz de um onze titular. A profundidade é uma questão na cabeça de todos os treinadores e muitos deles gastam milhões e milhões para alcançarem esse 'privilégio'. Jurgen Klopp parece ter encontrado uma forma de, não só poupar esse dinheiro, como manter, num clube histórico, a cultura local que tanto se elogia. Ao fim destes nove anos, e com nomes como Danns, Koumas e Bradley, mas também Quansah, Ben Doak, Trey Nyoni, Kaide Gordon ou Bobby Clark a mostrarem que podem ser uma mais valia para o futuro dos reds, pode ser mesmo essa mentalidade o maior legado deixado pelo técnico, que sai de cena no final da temporada.