Os destaques do Benfica: o nome de Eusébio pesa mas Rafa mantém-se leve
Rafa, avançado do Benfica em ação frente ao Arouca (Foto: Atlantico Press/IMAGO)

Os destaques do Benfica: o nome de Eusébio pesa mas Rafa mantém-se leve

NACIONAL06.01.202421:19

Nova grande exibição do avançado português, que já se tornou o melhor marcador da equipa, com 10 golos; Di María voltou a mostrar que não há como ele a controlar o tempo e o espaço; se Arthur Cabral foi avançado 'inteiro', Musa foi ponta de lança

O melhor em campo: Rafa (nota 8)

Para um jogador de quem se diz (com base em factos) ter um problema com a finalização, Rafa fez três golos em quatro ocasiões em que apareceu na cara de Arruabarrena: em dois desses momentos viu o golo ser anulado, numa marcou (à segunda tentativa) e noutra viu o relvado trair-lhe as intenções. Este último episódio (um monte fora do sítio) que fez a bola desviar-se do seu curso é a metáfora do jogo: só os elementos naturais poderiam travar o avançado português porque os adversários não o conseguiram. Frente a uma equipa com uma defesa subida, teve o tempo e espaço para ser o melhor Rafa e homenagear o nome que ele e todos os outros tinham nas costas: Eusébio.

7 Trubin — Aos 42’ teve um daqueles momentos que reforçam o estatuto de guarda-redes de equipa grande: Mujica tinha tudo para marcar, mas a mancha do ucraniano foi decisiva para manter a baliza do Benfica inviolável. Mais uma vez. Também muito por causa dele.

6 Aursnes — O norueguês nunca joga mal e nota-se que joga com prazer naquele lugar, sempre no seu estilo de jogador de coletivo, uma peça muito bem oleada que faz andar a equipa para a frente e ajuda Di María a mostrar o melhor que tem. 

6 António Silva — Mujica é um ponta de lança que dá trabalho, mas o central português deu-se geralmente bem, numa noite em que teve, também, de lidar com falhas de Otamendi. 

5 Otamendi — De regresso à equipa após uns dias de férias na Argentina, o capitão demonstrou algumas falhas pouco habituais tanto no timing dos cortes como na primeira zona de construção. Numa dessas desconcentrações (22’)b o Arouca esteve muito perto de marcar, por Mujica. 

6 Morato — Continua o  processo de crescimento numa posição que não a sua, mas cada vez mais sólido na vertente defensiva, afinal, a especialidade do brasileiro. Mas está a ser mais que isso: não se atrapalha nos momentos de construção a um e dois toques e, detalhe não menos importante, não perde a bola perante o pressing do adversário. Só não lhe peçam para ir à linha de fundo e cruzar para a área.

7 João Neves — Talvez o mais regular de todos os jogadores do Benfica porque acabou o jogo da mesma maneira como o iniciou: intensidade nos píncaros, velocidade de reação, muita rotatividade e detalhes reveladores de um jogador de outra dimensão, como aquele passe aos 16’ a isolar Arthur Cabral para o primeiro golo anulado a Rafa.   

7 Kokçu — Jogo de menos a mais do internacional turco. Tímido nas iniciativas ofensivas durante a primeira parte e uma falha grave (42’), num passe sem pressão para zona proibida que Trubin salvou com ótima mancha a Mujica. Melhorou muito na segunda parte, subindo metros no terreno, onde parece estar mais à vontade. Médio conhecido nos Países Baixos por ter muita chegada à área, voltou aos golos, quatro meses depois, a passe de Rafa. Fechou a noite com uma assistência para Musa, atuando no lado esquerdo, no lugar de João Mário.   

7 Di María — De regresso à equipa após uns dias de férias na Argentina, trouxe com ele o requinte habitual e um trato diferenciado com a bola, escondendo-a como nenhum outro consegue fazer nas águias e usando os olhos que tem na nuca para descobrir os colegas em posição de golo: de trivela, em arco, com passe curto ou passe longo. A assistência para o 1-0 de Rafa é sublime, a pré-assistência para Rafa no 2-0 (Kokçu) é preciosa e ainda esteve perto de um golo divino, num chapéu que passou perto da barra. É o jogador dos encarnados que melhor controla o tempo e o espaço. 

5 João Mário — Importante em manter a posse da bola, mas sem encontrar o espaço para ir além do jogo entrelinhas. 

6 Arthur Cabral — Há uma mudança em curso: o ponta de lança que se transforma em avançado de equipa. Jogou menos na área e mais em zonas recuadas ou nas alas (mais no lado direito), libertando espaço para Rafa explorar o espaço nas costas. Tudo isto com boa disponibilidade física e timing certo nas associações com bola. 

6 Musa — Entrada triunfante na pequena área aos 85’, ganhando as costas a Montero para um golo de classe, com a pare exterior do pé direito, quase de calcanhar. Arthur foi avançado, Musa foi ponta de lança.

5 Florentino — Um amarelo no primeiro minuto de jogo não lhe trouxe pressão mais fazer mais desarmes. 

- Tomás Araújo — Sem tremer no lado direito da defesa. 

- Tiago Gouveia — Sem tempo para se expressar.

- Gonçalo Guedes — Sem a explosão que era visível noutros tempos.