«O nosso foco está no melhor Benfica, não no que tropeçou...»

Portimonense «O nosso foco está no melhor Benfica, não no que tropeçou...»

NACIONAL12.05.202321:48

Na antevisão ao jogo deste sábado com o Benfica no Portimão Estádio (18 horas), o treinador do Portimonense, Paulo Sérgio, promete uma equipa que vai tentar lutar pelos três pontos.

Quanto aos encarnados, não espera por surpresas em termos táticos e desvaloriza a intermitência que a equipa treinada por Roger Schmidt experimentou recentemente, preferindo antes olhar para a produção que teve no jogo com o SC Braga.

«O Benfica teve um período muito difícil, com três jogos seguidos com o Inter de Milão e com o FC Porto, em que qualquer resultado é possível, e que não caíram para o seu lado. Depois há mais um jogo, em Chaves, que também não ganha e isso causa as dúvidas todas e deu ânimo à disputa da Liga. Mas vi um Benfica muito forte no último jogo, com o SC Braga, e é nesse que estou focado, não é no que teve a intermitência. Estou focado no Benfica que esteve muito forte e capaz na última partida, contra uma equipa também com uma qualidade superior. O nosso foco está no melhor Benfica, não está no outro que tropeçou», argumentou.

Sobre as dúvidas que há na constituição da equipa do Benfica, disse:

«O Benfica, mudando as peças, tem jogado sempre da mesma maneira. Em termos táticos não vai haver qualquer surpresa.»

Com a manutenção conquistada, o Portimonense pretende agora amealhar o maior número de pontos possível nos jogos que faltam.

«O Portimonense está tranquilo na classificação, mas enquanto profissionais e na véspera de um jogo convém que estejamos sempre um pouco tensos, para sabermos ao que vamos. E o campeonato não terminou, estão nove pontos em disputa e a nossa intenção é fazer o máximo de pontos possíveis», garante.

«Não falamos muito sobre isso. A atitude no trabalho tem sido boa, a nossa preocupação tem sido que eles continuem ligados, porque o campeonato ainda não terminou. Mas a atitude no trabalho tem sido boa, temos de alguma forma reduzido o volume de trabalho pelo adiantar da época – como todos estão a fazer – e trabalhar muito nos detalhes, que são pormenores, virados para cada partida. Temos um conhecimento bastante profundo das características dos nossos adversários para, respeitando aquilo que são as nossas capacidades, podermos criar um plano de jogo e uma intensão de competir sempre pelos pontos», acrescenta.

Sobre o facto de amanhã o estádio estar cheio de benfiquistas, não estranhou.

«É o normal, quando vêm cá os clubes grandes. Mas isso não influencia o nosso trabalho. Obviamente que o adversário se sente muito mais apoiado, joga como se estivesse na sua casa, mas a nós pouco influencia. Não controlamos isso e temos é que controlar as nossas tarefas, organização, intenções e conhecer as do adversário, para poder contrariá-lo bem e competir. Isto é uma competição desigual, dentro da competição: o número de clubes que tem, aquilo que são os orçamentos e qualidade da formação de cada grupo são díspares. E, naquilo que é o nosso principal objetivo, a quatro jornadas do fim estava conseguido, o que é muito bom num ano com muitas vicissitudes. O grupo está de parabéns por esse aspeto, mas temos a obrigação de procurar conquistar pontos até ao último dia do campeonato e essa é a nossa ambição. É isso que nos move», explica

O jogo com o FC Porto na última época, em que foi colocada em causa a seriedade do treinador, também foi abordado e mereceu longa resposta:

«Hoje em dia, isso não é só no futebol. É em todas as áreas da nossa sociedade. Parece que os especialistas estão todos em casa e os otários é que estão no ativo. Hoje qualquer pessoa tem liberdade de pegar num telemóvel e numa rede social dizer aquilo que lhe apetece. Também me parece que determinada qualidade de programas televisivos – que eu não vejo, porque quando vejo, não gosto – é polémico e isso é que faz com que as pessoas se mantenham nesses mesmos lugares a fazer esse tipo de programas. O povo gosta disso, certamente que quem dirige os canais televisivos sabe o que está a fazer, deve-lhes dar audiências. Há muita gente que vejo a comentar e a colocar em causa tudo e mais alguma coisa, que se calhar se fossem falar de futebol até o sabiam fazer, mas opta-se constantemente por não se falar da modalidade, e antes pôr em causa, muitas das vezes, a dignidade das pessoas. Talvez seja uma das grandes pechas dos governos nos últimos anos não investirem na formação, estamos a criar gerações de gente especialista em falar mal. Se tiver a vontade de criticar alguma coisa, algo ou alguém, eu tenho a disponibilidade para ir a uma rede social e fazê-lo, mas se eu gostar de alguma coisa e ver alguma coisa bem feita, parece que não nos toca, ir lá fazer o elogio. Não funciona da mesma medida e isso é uma coisa que me preocupa, porque eu tenho duas filhas jovens e isso é o caminho que a nossa sociedade está a levar, não só no futebol. Não me merece grandes comentários, até porque muitas das vezes, quando aparecem dez indivíduos a escreverem uma parvoíce qualquer, sei que existem duzentos que pensam o contrário, só que não se dão ao trabalho de escrever. A mim não aquece nem arrefece. Quando são pessoas que eu até conheci ligeiramente, ou alguns até com alguma profundidade, choca-me um bocado, e não tive qualquer problema em falar disso, quando foi da situação dos 7-0 no Porto, que me deixou bastante irritado com algumas pessoas. Mas isso é ignorância ou muitas vezes a necessidade de pôr comida na mesa que leva a que as pessoas se sujeitem a papéis tristes que vão fazendo na nossa sociedade. A mim não me belisca minimamente, eu comecei na 3.ª divisão, já ando aqui há uns anos e sei avaliar. Não vou dizer que não me chateia e não me irrita, gostaria de ter uma sociedade diferente, mais humana, séria e digna, mas não tenho muito mais a dizer sobre isso. A mim não me afeta minimamente.»