18 outubro 2023, 13:17
Serão estes os 10 melhores equipamentos de sempre?
Revista FourFourTwo atualizou o seu ranking das melhores camisolas de futebol
Hummel vestiu uma das mais populares seleções de todos os tempos: a Dinamarca de 1986
A inspiração do ‘Futebol Total’ num grupo de dribladores indisciplinados que não perdiam oportunidades para divertir-se (dentro e fora de campo), ainda por cima impecavelmente vestidos com dois dos mais bonitos equipamentos de todos os tempos (o principal foi considerado o número 1 pela FourFourTwo, mas também o secundário refletia um certo 'joie de vivre'), desenhados pela Hummel, e um alemão focado em dar sentido a tudo isto dão lugar a uma das mais apaixonantes seleções de sempre: bem-vindos à história da Dinamarca de 1986.
18 outubro 2023, 13:17
Revista FourFourTwo atualizou o seu ranking das melhores camisolas de futebol
'We are red, we are white, we are Danish Dynamite!' Os adeptos, que repetem o cântico até à exaustão, chamam-se a si próprios de 'Roligans', os bêbados mais felizes do planeta em plena era do hooliganismo, e também os jogadores gostam de fumar, de beber e dos prazeres da vida. O futebol na Dinamarca está longe do profissionalismo.
Depois de algumas medalhas olímpicas e de uma meia-final no Euro’64, conseguida à custa do improvável grupo de adversários Malta, Albânia e Luxemburgo, a Dinamarca cria a primeira liga profissional apenas em 1978.
Um ano depois, o patrocínio da Carlsberg permite à federação contratar o alemão Sepp Piontek, que aos poucos incute disciplina em futebolistas que não se levam a si nem à profissão muito a sério. A mudança dos estágios para a sede da Confederação Dinamarquesa de Desporto, infraestrutura de betão, rodeada de arame farpado e sem acesso a televisão e telefone, torna-se uma decisão estruturante. E é assim, ao fim de vários meses, que os futebolistas já toleram sessões táticas de várias horas e treinos cada vez mais exigentes.
Frank Arnesen, Soren Lerby, Jesper Olsen e Jan Molby passam pelo Ajax entre 1975 e 1982 e são inevitavelmente influenciados por Johan Cruijff, e a Dinamarca estrutura-se num 3-5-2 – que não contrasta muito na forma com o 1-3-3-3 holandês, embora os nórdicos sejam dribladores e os holandeses passadores – igualmente pressionante, com uma linha alta e agressiva de fora de jogo e a famosa rotatividade posicional.
Depois das meias-finais de 1984, as expectativas no México, dois anos depois, são mais baixas. Além do calor excessivo e do aumento de exigência, o experiente Allan Simonsen, que tinha passado por Borussia Mönchengladbach e Barcelona, acabara praticamente a carreira em França, com uma perna partida. No entanto, há que contar com a leitura do espaço de Morten Olsen, a versatilidade de Molby e Lerby, a visão de Michael Laudrup e o portento físico e técnico que é Elkjaer, e os dinamarqueses entram a todo o gás: 1-0 à Escócia e 6-1 ao Uruguai. É então que o orgulho fala mais alto.
Pela frente, está uma República Federal Alemã só vencida uma vez pelos dinamarqueses, em 1971, e mesmo nessa altura os germânicos tinham sido representados por uma equipa amadora. É ainda a RFA de um Piontek à procura de reconhecimento no seu país. O empate basta para a qualificação (e para fugir à Espanha e cruzar com o teoricamente mais acessível Marrocos nos oitavos de final), no entanto os nórdicos não fazem concessões e produzem mais uma grande exibição, que garante um novo triunfo, agora por 2-0. A única má notícia é a suspensão de Frank Arnesen, expulso depois de uma entrada mais dura sobre Lothar Matthäus.
Segue-se a Espanha. A Dinamarca marca primeiro, mas, perto do intervalo, Jesper Olsen - que com o castigo de Arnesen passa para a direita - tenta um passe sem olhar para o guarda-redes e isola Butragueño. 1-1. Na segunda parte, a Danish Dynamite implode, com um esclarecedor 5-1.
O selecionador queixa-se da falta de mentalidade ganhadora, da resignação precoce dos jogadores pelo que já tinham alcançado até aí. A história tinha passado à sua frente. Em 1988, perde os três jogos do seu grupo e, dois anos depois, não está na fase final, em Itália. Piontek muda-se para a Turquia.
Dois anos mais tarde, a Dinamarca é repescada para o Europeu da Suécia com a desqualificação de uma Jugoslávia em guerra. Liderada por Richard Möller Nielsen e Brian Laudrup – o irmão Michael incompatibiliza-se com o selecionador e fica em casa –, ganha o único título da sua história, numa versão bem mais pragmática do que aquela que tinha maravilhado o mundo seis anos antes. E com um equipamento bem menos interessante.
O romantismo, no entanto, permanece até hoje. Por vezes, até gravado nas paredes, como num antigo 'graffiti' de Copenhaga: «E se Jesus voltar? Colocamos Elkjaer na outra faixa!»