O bravo Gyokeres e o excluído Edwards, num mar de dúvidas: tudo o que disse Rui Borges

O Sporting desloca-se a Vila do Conde este sábado com muitos jogadores a apresentarem queixas musculares o que dificulta a tarefa do treinador dos leões

Depois de um início com jogos exigentes, teve uma semana limpa, com mais tempo para treinar. Muda alguma coisa em termos de mentalidade?

Foi uma semana um pouco diferente, com um dia ou dois anos mais para treinar, mas não foge um bocadinho daquilo que tem sido feito e daquilo que é a recuperação. É claro para toda a gente que a equipa está claramente em fadiga, têm jogado quase sempre os mesmos jogadores, devido a algumas lesões que nos têm acontecido. Há alguma sobrecarga, temos de ter algum cuidado, e temos tido, mas deu para treinar mais um ou outro pormenor. Claro que não é em dois dias que vou fazer tudo e mais alguma coisa. Mas, deu para acrescentar, para eles perceberem melhor uma ou outra situação, com mais calma principalmente. Uma outra situação que achamos que é mais importante, no sentido de recuperar alguma fadiga que existe, para depois entrar novamente aqui num ciclo muito forte de jogos. Estamos aqui com alguns contratempos, com os jogadores que jogam mais tempo, mais minutos, e tudo isso requer algum cuidado.

Falou em alguns contratempos e questões físicas, perguntava-lhe qual é a situação física de Gyökeres e de Eduardo Quaresma e no sentido contrário já contou com o Daniel Bragança no treino. Já está em condições de ir a jogo?

Sim, o Dani pode ir a jogo. Claro que teve algum tempo parado e temos de fazer alguma leitura daquilo que ele é capaz ou não, e durante quanto tempo é capaz, ou não, de ajudar a equipa. Mas, estou feliz por ele voltar e estar disponível para ir a jogo. No sentido inverso, o Quaresma está fora e o Viktor vai estar em dúvida até a hora do jogo.

Depois deste tempo que já tem como treinador do Sporting, já sente uma pressão diferente da que tinha no Vitória de Guimarães?

Neste momento a diferença é a competição, o Vitória é exatamente o mesmo desafio em termos de jogos, aliás estão com mais jogos do que o Sporting. Claro que é diferente, há uma grande a luta por títulos e existe uma maior pressão. Mas, é uma pressão, como eu disse no dia que cheguei aqui, para a qual nós lutamos todos os dias da nossa vida para um dia poder alcançar. Estou feliz por alcançá-la, feliz por estar aqui neste grande desafio, feliz por treinar uma grande equipa e poder lutar por títulos. Isso é o que todos nós queremos na nossa carreira.

Já tinha cinco jogadores ausentes. Se perder também Viktor Gyokeres isso deixa-o preocupado e implica ir ao mercado, para reforçar o ataque da equipa?

Se nós fomos ao mercado por cada jogador que se lesiona acabamos a época com 50 jogadores no plantel. Nós temos de adaptar-nos. Nós treinadores portugueses, felizmente, temos sido valorizados porque somos capazes de nos adaptar a todos os contextos a que somos expostos. Seja em termos de campeonatos, seja naquilo que são as dificuldades. O Viktor é um jogador importante, acredito que possamos contar com ele no jogo, e nos próximos jogos também. Mas, se não o tivermos temos de arranjar uma forma de sermos competitivos e ganhar. O futebol é isto. É nós temos a capacidade de nos adaptar. Nós jogamos 11 jogadores contra 11 jogadores, depois no campo é que se vê quem é que é o melhor. Não me agarro a quem não está. Agarro-me é a quem está. Esse é que vão jogar, lutar e correr. É nesses que eu me foco. Eu foco-me naquilo que é a solução, não no problema. Senão há problemas todos os dias e nós não andamos para a frente da nossa vida.

Marcus Edwards não foi a opção para a final da Taça da Liga, tem sido apontada a saída do clube. O que lhe pergunto muito diretamente é se conta ou não com o jogador para o jogo?

E eu muito diretamente respondo-lhe que é uma questão interna, e ele está fora do jogo.

O Rui Silva chegou há pouco tempo. Já está pronto para jogar ou ainda precisa de tempo de trabalho?

O Rui chegou, está a treinar, logo por aí é opção para o jogo e está disponível. Conto com ele como com qualquer outro guarda-redes.

O Sporting vai entrar agora numa fase decisiva, é arriscado nesta altura colocar o Gyokeres, no sentido de ele poder agravar esse problema físico, e ficar de fora depois em jogos que podem ser decisivos, contra adversários de outra dimensão?

O Viktor já é competitivo por ele próprio. É um jogador e um atleta que eu costumo dizer que é bravo. Não verga. Quer sempre ir a jogo, quer ajudar sempre a equipa. É muito competitivo, tem uma mentalidade competitiva e vencedora fora do normal. Por isso, nós temos de ter aqui algum cuidado, não só com ele. Se fizeram uma retrospetiva dos últimos jogos há malta que tem jogado muito tempo. O Morten, o Trincão… São muitos jogos seguidos e há sempre um pequeno risco, por mais que não queiramos. Tentamos, entre todos, evitar esse ao máximo esse risco. Nós treinadores, a parte da fisiologia, os médicos, toda a gente tenta diminuir ao máximo esse risco. Agora, há coisas que nós às vezes não conseguimos evitar. É o ser humano e cada um reage de forma diferente, mesmo ao nível daquilo que são fibras, e muscularmente… A fadiga existe, por mais que a gente tente treinar e tirar essa fadiga, ela continua a existir. Tem sido aqui muito congestionada esta semana, mesmo com mais 2 ou 3 dias para respirar um bocadinho, mas vamos entrar novamente num ciclo de jogos de 2 em 2, ou 3 em 3 dias. Temos de trabalhar dia a dia, sentir o atleta, sentir como é que esta essa parte muscular, porque eles têm tido mais problemas musculares. Não dá para fazer futurologia. Agora, o jogo importante neste caso é o Rio-Ave. Não é o de quarta-feira. É o próximo, que é para o campeonato, que é o nosso grande objetivo. É aí que temos de nos superar.

Sobre as lesões, o Morita já dá para arriscar para este jogo? Já teve alguma explicação para estas lesões todas, porque nunca, nestes últimos anos, vimos tantas lesões no Sporting como agora?

O Morita também está em dúvida para o jogo. É muito dia-a-dia. Vai ser muito isso. É viver o dia-a-dia e sentir também com o atleta como está, se o risco é grande ou não tão grande. O risco vai existir sempre e depois é tomar decisões. Eu estou focado no Rio Ave porque é um jogo difícil, e é uma equipa que não perde há 20 jogos em casa. O sentimento é o de chegar lá e fazer um bom jogo. Vai ser um jogo competitivo, contra uma equipa também muito competitiva, à imagem do seu treinador, com muita qualidade individual. Vamos ter alguns problemas, mas queremos sair vitoriosos, independentemente de tudo.

O Edwards não conta para este jogo, mas conta para si no Sporting ou já tem a porta de saída certa?

O Edwards está fora do jogo por opção técnica, ponto. Tem contrato com o clube. Já disse que futurologia não é para mim.

O Edwards treinou ou não treinou com a equipa?

O Edwards está fora por opção técnica. Eu não vou estar aqui a especificar tudo, senão estamos aqui a falar de todos os jogadores. Vocês fazem-me 10 perguntas, zero perguntas do Rio Ave. Já me perguntaram cinco vezes sobre o Gyokeres. Simplifiquem as coisas. Está fora por questão técnica. Ele é jogador do clube, tem contrato com o clube, se sai ou não, isso também é uma questão do clube. É jogador do clube, amanhã está fora do jogo por uma questão técnica, ponto. Eu não tenho de dizer se ele treinou ou não.

O Rio Ave vem de uma vitória motivadora na Taça de Portugal, frente ao Casa Pia. Preocupa-o a capacidade que podem ter para contrariar o Sporting?

Não, não me preocupa. Faz parte do nosso trabalho enquanto equipa técnica perceber o que é que o Rio Ave poderá ou não ser capaz de fazer. É uma boa equipa. Um treinador que em termos estratégicos procura sempre tirar partido ou anular o adversário. Por isso é um jogo difícil, num campo difícil. É uma equipa também um bocadinho híbrida. Às vezes constrói a quatro e outras a três, pelo lateral esquerdo. Cria um 3x4x3. Tem alguma variabilidade em termos posicionais e também em termos ofensivos. Em termos defensivos também e em alguns momentos tem 4x1x4x1 e noutros tem 4x4x2. O meu trabalho como treinador é perceber ao máximo o que é que o Rio Ave poderá ser capaz de nos apresentar, passar informação específica aos meus jogadores e estarmos preparados ao máximo para aquilo que será o jogo.