Marítimo «Nunca vi uma gestão destas»

A temporada 2022/2023  está quase a entrar na reta final e no horizonte maritimista o epílogo não se advinha famoso. A equipa verde e rubra está teimosamente estacionada no penúltimo lugar da Liga, com singelos 13 pontos somados em 63 possíveis, e a queda na Liga 2 parece aguardar ao virar da esquina. Na presidência do clube desde outubro de 2021, Rui Fontes está no centro de toda a contestação. Dos adeptos às mais altas figuras ligadas ao Marítimo.

João Luís Lomelino, conhecido sócio e antigo dirigente - esteve mais de duas décadas ligado ao departamento de futebol, tendo trabalhado com Rui Fontes na sua primeira passagem pela Direção, entre 1988 e 1997, e depois acompanhado Carlos Pereira, que ocupou a presidência durante 24 anos -, não tem dúvidas que o momento é grave e que Rui Fontes, não sendo o único, é o principal responsável.

«O presidente é sempre o responsável, por isso, é que é presidente. Ele ganhou as eleições e toda a gente estava à espera que ele alterasse não só o relacionamento com os sócios, como também toda a dinâmica da equipa. Afinal foi tudo ao contrário. Primeiro, desculpou-se com a SAD, porque tinha formado mal o plantel, depois, destituiu a SAD e ficou ele com a liderança da SAD e do clube. Tem sido muito confusa toda esta gestão que ele tem feito. Não sendo o único é claramente o principal responsável. Nunca vi uma gestão destas e olhe que estive no Marítimo, como dirigente, mais de 20 anos», afirmou a A BOLA.

Pela experiência que acumulou no futebol, João Luís Lomelino, embora mantenha sempre a esperança, teme que o destino do Marítimo esteja mesmo traçado.
«Esta é uma crise muito grande e, pelo que vi nestes últimos jogos vai ser muito difícil dar a volta. O próximo jogo, com o Santa Clara, pode definir o play-off, pois entendo que qualquer outra posição mais acima é muito difícil. Infelizmente, a descida de divisão está iminente. Como referi,  vejo as coisas muito complicadas para que a equipa consiga a manutenção», lamentou.

Desafiado a analisar o consulado de Rui Fontes, desde outubro de 2021, o antigo diretor para o futebol do clube é muito claro. «Penso que o Rui Fontes tem um problema: esteve muito tempo afastado do futebol. Não se pode estar muito longe do futebol e depois regressar. Isso não pode acontecer pela simples razão que um presidente tem que estar sempre dentro dos canais do futebol, canais esses onde estão os empresários, os jogadores, as ligações com associações, Federação, Liga.... Rui Fontes foi perdendo todas essas ligações e quando agora regressou teve muitas dificuldades em reentrar nesses canais. Aliás, talvez até nunca tenha lá entrado», observou.

Para João Luís Lomelino, uma queda do Marítimo na Liga 2 terá consequências que extravasam o clube. Será, defende, um rombo muito grande para a Madeira: «Sem dúvida alguma. Será um cenário mesmo muito mau para a Madeira. Não ter nenhuma equipa da região na Liga é algo que há muitos muito anos não acontece. A Madeira fica a perder em todos os aspetos.»