«Não me sinto campeão, mas estamos mais perto». Tudo o que disse Amorim
Conferência de Imprensa do treinador do Sporting após o dérbi
Foi um dérbi de emoções. Foi a vitória da alma?
«Acaba por ser de alma quando o jogo é decidido no fim. Foi a alma dos jogadores, dos adeptos antes daquela bola parada. Foi também a vitória de muita competência com golos marcados em fases decisivas. Revelámos alguma ansiedade nalguns momentos mas fomos melhores defensivamente e a condicionar o Benfica. Mas nem sempre estivemos bem nas saídas, escolhendo o homem errado, mas fomos competentes. Admito que a vitória podia ter caído para os dois lados mas acho que foi um triunfo justo.»
Já se sente quase campeão?
«Não costumo falar com os jogadores no fim do jogo mas hoje fiz questão de o fazer. Não me sinto nada campeão. Provavelmente os jogadores vão ouvir isso mas amanhávamos já preparar o próximo jogo. Perdemos o Nuno Santos mesmo sem entrar em campo mas agora igualámos o confronto direto e temos melhor diferença de golos. Mas nada muda.»
Se vencer o título fica mais perto de continuar?
«Não foi falar do futuro, quero sempre responder mas há coisas que não posso responder. No ano passado tínhamos ficado em quarto lugar e achei que tinha de fazer algo diferente, não podia ser igual.»
Sentiu que houve estrelinha?
«Senti a equipa um pouco ansiosa. Morita, por exemplo. Mas depois fomos uma verdadeira equipa porque mesmo tendo um ou outro jogador todos estiveram muito juntos. Mesmo quando havia bolas precipitadas e devíamos rodar mais a bola senti que estávamos preparados. Estrelinha só se foi a mesma da Luz. Bem, o Geny marcar de pé direito… há coisas difíceis de explicar [risos]. Mas talvez no ano passado tivemos pouca estrelinha.»
Geny foi o herói improvável, já falou com ele?
«Não quero ser o mau da fita, mas Geny já fez jogos melhores, só que hoje decidiu. Imagino como está Moçambique e o telemóvel dele. Mas tenho de o acalmar porque teremos um jogo muito difícil em Barcelos.»
O selecionador de Moçambique diz que ele pode ser o Ronaldo moçambicano…
«Não sei a realidade de Moçambique, mas Ronaldo foi um dos melhores jogadores de sempre. Ele pode ser uma referencia, há muitos a festejar em Moçambique por serem adeptos do Sporting, mas acho que Geny pode crescer muito mais. Ainda tem muitas lacunas.»
Quais foram os ajustes que fez relativamente ao dérbi da Taça?
«Tudo foi importante. Geny não precisa de muitos apoios, ao passo que quando joga Esgaio ele precisa desse apoio. Com Geny em campo podemos pôr Trincão na posição 10 para os nossos médios terem espaço. Essas pequenas coisas fizeram a diferença. Geny encaixou em Aursnes, coisa que não aconteceu na Luz, porque este jogador na Luz ficava num espaço vazio. Na Luz, Di Mará jogou encostado à linha e obrigou Inácio a ir com ele, coisa que não favorece Inácio mas Matheus sente-se melhor. Fomos fazendo ajustes porque acreditámos que o Benfica não ia mudar o onze porque jogou bem na Luz. Mas isto só tem importância porque ganhámos.»
Dado o contexto em Barcelos, gostaria de ver o jogo na bancada?
«Não gostava de estar bancada, gosto muito do meu local. Quanto muito admitia sair e ver na TV, às vezes dava jeito.»
St. Juste fez 90 minutos e uma exibição consistente, concorda?
«Fez uma exibição ao estilo de jogo que o favorece. Sé ele consegue apanhar Rafa. Se calhar teve uma qualidade com bola superior à de Inácio, mas também arriscou menos. Estou satisfeito com todos.»
Schmidt disse que o Sporting tem o titulo na mão. O que é agora o mais difícil?
«Difícil é o que falta fazer. Não temos qualquer mão no título. Mas estamos mais perto. Temos de continuar desta maneira.»
Estrelinha não é palavra muito usada esta época. A estrelinha foi a forma como certos jogadores apareceram na altura certa?
«Podemos chamar estrelinha do treinador mas há muito trabalho dos jogadores, como Trincão para ultrapassar o que passou.»
Sente que esta equipa é a mais madura nestes cinco anos?
«Na primeira época também fomos maduros. E nestes cinco anos não ficámos com os mesmos jogadores. No ano passado Morita estava no Santa Clara. A equipa fica ansiosa, eu também fico. Mas voltámos a ter a alma que tivemos no primeiro ano muito por culpa do que passámos na época passada, voltámos a ter qualquer coisa que diferencia a equipa em vários momentos.»