Pedro Martelo leva 14 golos em 22 jogos pelo Leça, que lidera a Série B do Campeonato de Portugal; recordou uma experiência na Irlanda e olhou para o futuro; jogou com João Félix na formação do Benfica e com Francisco Trincão nas seleções jovens de Portugal
0 seconds of 23 minutes, 0Volume 90%
Press shift question mark to access a list of keyboard shortcuts
00:00
23:00
23:00
 

HISTÓRIA A BOLA Melhor marcador português jogou com Félix e Trincão: «Estou no sítio ideal para ganhar calo»

NACIONAL17.03.202508:15

Pedro Martelo leva 14 golos em 22 jogos pelo Leça, que lidera a Série B do Campeonato de Portugal; recordou uma experiência na Irlanda e olhou para o futuro; jogou com João Félix na formação do Benfica e com Francisco Trincão nas seleções jovens de Portugal

Mora em Leça da Palmeira o melhor marcador português em competições nacionais. Pedro Martelo, de 25 anos, passou pela formação do Benfica, onde foi colega de João Félix, e marcou, em 2018, o golo decisivo no prolongamento (109’ - o mesmo minuto em que Éder deu uma enorme alegria aos portugueses em França), que permitiu que Portugal conquistasse o Europeu de sub-19. Atualmente, o avançado veste a camisola do Leça e é de verde e branco que está a relançar a carreira, levando 14 golos em 22 jogos. 

Pedro Martelo festeja golo com a camisola do Leça. Foto Leça/Instagram

Em conversa com A BOLA, Pedro Martelo destacou o que o fez voltar a Portugal e mudar-se para o Leça, lembrando, antes, a experiência no Sligo Rovers, na Irlanda.  

«Uma das partes que mais me custou a adaptar foi o clima. Depois o futebol em si é diferente, mas no final de contas vai dar tudo ao mesmo. Uma pessoa tem de estar sempre nos limites, tem de trabalhar no máximo. Dentro do campo, o jogo é um bocado diferente, sem dúvida. Mas lá está, eu é que sou o desconhecido lá, ou seja, eu é que tenho de me adaptar. O jogo já é assim ali há muitos anos. Então, eu é que tenho de me adaptar. Acho que até fiz bastantes bons jogos, apesar de não ter feito muitos golos. Foi também uma das razões para não estar com a cabeça limpa e, entretanto, tomamos a decisão de eu ir embora. Mas sim, sem dúvida, para mim o que mais me custou foi o clima. É frio todos os dias, raramente se vê o sol. Isso para mim é uma coisa que me faz muita confusão», começou por confessar o jogador natural de Évora. 

Pedro Martelo não esteve muito tempo no Sligo Rovers, na Irlanda (IMAGO)

«Em Évora é sempre muito calor quando sai o Sol. Não é que precise disso, mas sinto falta. Não digo que seja todos os dias, mas pelo menos algumas vezes. Mas lá era raro isso acontecer. A equipa, gostei muito dos irlandeses. Os irlandeses, em si, são muito boa gente. Apanhei também malta nórdica da Suécia, Estónia. São pessoas que, sinceramente, me surpreenderam. Não conhecia ninguém desses países. Até tínhamos um bom grupo. Mas naquela altura eu cheguei no verão deles, ou seja, a meio da época. Fui basicamente uma contratação de inverno. E nessa altura também começaram a sair muitos jogadores da equipa e a equipa veio um bocado por aí abaixo na fase em que lá cheguei», apontou. 

Depois de deixar a Irlanda, o atacante esteve cerca de oito meses parado à espera do projeto certo... que acabou por aparecer.  

«Tive algumas oportunidades de Liga 3 na altura, que eu lembro-me mais ou menos. Mas não foi nada assim que me chamasse. Passei mesmo um bocadinho mal ali na Irlanda em termos psicológicos. Custou-me depois também chegar cá e estar de cabeça limpa para começar logo outra vez. Por isso é que decidi dar este tempo. Preferia chegar ao verão e entrar com uma equipa desde o início e não chegar em janeiro e entrar a meio», disse, confessando que foi tudo «muito rápido» quando recebeu a chamada do Leça. 

Pedro Martelo festeja golo com a camisola do Leça
Pedro Martelo festeja golo com a camisola do Leça. Foto Leça/Instagram

«Falaram-me do projeto e chamou-me logo a atenção a maneira como eles me contavam as coisas do projeto. Começam a falar contigo e não acreditas que aquilo é um Campeonato de Portugal. A verdade é que trabalham como uma equipa praticamente de Primeira Liga. É o projeto em que eu me vejo. Tanto a minha pessoa como o meu jogador. É o projeto em que em me via e foi isso que me levou a aceitar. Não aceitei pela divisão, aceitei pelo projeto e pelo clube», afirmou. 

Leça? A verdade é que trabalham como uma equipa praticamente de Primeira Liga

Pedro Martelo, melhor marcador da Série B do Campeonato de Portugal, que é liderada pelo Leça - já garantiu bilhete para a fase de subida -, destaca a qualidade da prova.

Três equipas já sonham com a Liga 3

16 março 2025, 18:18

Três equipas já sonham com a Liga 3

Vitória de Guimarães B, Leça e O Elvas já garantiram bilhete para fase de subida ao terceiro escalão do futebol português

«Já tinha visto muitas pessoas a dizerem isto, mas depois de chegares aqui é quando tu dás mesmo conta. Quando cheguei aqui e vi a equipa que tinha pensei assim... isto não pode ser Campeonato de Portugal. Pelo menos não sei se é por estar aqui inserido e a única comparação que consigo fazer é com os meus colegas que trabalho diariamente. Por exemplo, não me lembro tão vivamente da minha equipa no Belenenses. Como é que eram os treinos. Lembro-me que era uma equipa muito boa também. Mas não conseguia comparar a equipa do Belenenses com a equipa do Leça. A partir do momento que cheguei aqui, meti na cabeça que tínhamos aqui uma grande equipa para fazer coisas bonitas. E sem dúvida que se tem vindo a provar isso», atirou, falando das características do CP. 

«É um jogo mais duro, diria. Um bocadinho aquelas pancadas, é preciso ganhar um bocado de calo. É o sítio ideal para ganhar calo que é preciso para te preparar também para os próximos jogos. Acho que hoje em dia o futebol está muito equiparado. E tivemos o exemplo deste ano da Taça de Portugal. Foi uma coisa absurda. Não me lembro de ver tantas equipas de divisões inferiores conseguirem eliminar tantas equipas de divisões superiores como este ano. Hoje em dia o futebol está muito competitivo», referiu. 

Claro que seria também um bocado ingénuo se não dissesse que o objetivo era subir

«Sem dúvida que já joguei este ano contra jogadores que me surpreenderam muito. Acaba por ser mais difícil fazer golos, números e jogar bem. São sempre jogos muito pegados. Por exemplo, contra o Gondomar, que na realidade é uma equipa que está a lutar para não descer, o jogo foi desbloqueado por um penálti e graças a Deus calhou para o nosso lado. Estava um bom jogo. Nós talvez com mais domínio. Mas era um jogo que estava a ser completamente disputado taco a taco», acrescentou. 

Apesar de dizer que não há favoritos, Pedro Martelo assume que seria «ingénuo» se não dissesse que o objetivo passa por subir à Liga 3. 

«Há quem invista mais, há quem invista menos. Se formos capazes de ser melhores do que aquilo que fomos no fim de semana passado, melhor. O objetivo vai ser sempre os três pontos até ao final. Mas claro que seria também um bocado ingénuo se não dissesse que o objetivo era subir. Acho que já mostramos que temos futebol para tal. E quem é que vai à fase de subida e não quer subir? Acho que posso já dizer de boca cheia que o objetivo é subir», apontou, deixando uma mensagem aos adeptos do Leça: «Temos um grupo muito especial e da experiência que eu tenho, são os grupos especiais que conseguem fazer grandes coisas. Podem confiar em nós, que vamos dar tudo pelo clube para alcançar os objetivos.»