Mbappé e as críticas: «A minha carreira é um longo rio de incógnitas»

INTERNACIONAL08.12.202419:24

Francês deu uma entrevista e respondeu àqueles que o têm criticado pelas suas exibições no Real Madrid, garantindo que ainda se está a adaptar

Apesar de já ter conquistado um título (Supertaça Europeia) e de ter 13 contribuições diretas para golo em 21 jogos, a aventura de Kylian Mbappé no Real Madrid não começou da melhor forma. Recentemente, foram muitos os que criticaram as suas exibições, apontando principalmente para as duas grandes penalidades falhadas, que resultaram em derrotas com Liverpool e Athletic Bilbao.

No entanto, o francês afirmou estar feliz na capital espanhola e em começar este novo capítulo da sua vida, depois de muitos anos em Paris: «Muito feliz. Estou a iniciar uma nova etapa na minha vida. A minha primeira experiência no estrangeiro. Estou a descobrir um país fantástico, com pessoas simpáticas. É um país fixe. Sempre sonhei com o Real Madrid. Não sei quando nem como, mas sabia que ia jogar aqui. Vou ter sucesso aqui», começou por dizer, em entrevista ao programa Clique, confrontando, de seguida, essas críticas.

«Não foi o melhor início de época, mas estamos a preparar-nos para os troféus que vão contar. Já ganhámos a Supertaça Europeia. Não correspondeu às nossas expetativas, mas no Real estamos ansiosos pela segunda metade da época. É nessa altura que vamos ser julgados. Críticas? É mais um efeito boomerang, quando atinge as pessoas que nos são próximas. Eu não tenho qualquer contacto com a televisão francesa aqui. Não a vejo. São mais os meus amigos e a minha família que veem e falam comigo sobre isso. Eu queria mesmo descobrir algo aqui. Concentrei-me nisso, estava a saltar para o desconhecido, mesmo que falasse a língua. É preciso aprender sobre a cultura. Dei muita importância à adaptação quando cheguei», explicou, falando ainda sobre o amor que continua a ter pelo PSG.

«O PSG, o clube, significou muito para mim. Passei sete anos lá e é um sítio muito intenso, com bons e maus momentos. Tive sete anos extraordinários. Talvez o erro que cometi foi ter misturado tudo. Tive conflitos com pessoas, defendi os meus direitos como jogador, mas isso não representava o clube. Nunca misturei as coisas com os jogadores, as pessoas do Campus ou a equipa técnica. Com os adeptos, podia ter sido mais expressivo. Eles pensam que o Kylian não se importa. Pensam que era um passatempo antes de ir para Madrid. Continuo a ver os jogos do PSG. Conheço o clube de cor. Quando perdem, sei como é difícil. É preciso falar do PSG, porque é o clube que vende. É o PSG que dá de comer a toda a gente. Sempre estive ligado ao PSG. É uma relação que não desaparece», revelou, apontando para o seu objetivo principal... a Liga dos Campeões.

«Vejo sempre os jogos do PSG, joguei lá durante 7 anos. Conheço muito bem o estado de espírito dos jogadores e as dificuldades, porque toda a gente anda à procura da pequena fera com esta obsessão pela Liga dos Campeões. Mantive-me sempre em contacto com o PSG. O PSG vai ganhar a Liga dos Campeões? Neste momento, espero que não, porque quero ganhá-la. No futuro, espero que ganhe, porque as pessoas sofreram muito, mas agora não, porque eu tenho de a ganhar. Escrevi a minha história em Paris. Quebrei recordes e ganhei títulos. Agora estou no melhor clube do mundo», atirou, gerindo ainda as expetativas postas sobre si.

«Já me descreveram como super maduro. Por vezes, as mensagens são sem sentido, as pessoas vêem-nos como robôs, mas, no fundo, somos seres humanos como toda a gente. As pessoas criticam-nos e elogiam-nos. A minha carreira é um longo rio de incógnitas. Desde os meus 14 anos que toda a gente me dizia que eu ia ser grande, mas quando se é grande, por vezes sentimo-nos pequenos. Os adeptos de futebol são muito inconstantes. Se é bom ou mau, a pergunta é sempre a mesma. Se fores uma estrela, as pessoas falam de ti, mesmo que não fales. É por isso que estou a falar hoje. Todos os dias há alguma coisa, apesar de não ter dado nenhuma entrevista», atirou, queixando também do calendário, que não está a ajudá-lo a ter as melhores exibições em campo.

«Quando vejo o ranking dos desportistas mais bem pagos, há outros desportos. É verdade que ganhamos muito dinheiro. Não digo que não queiramos jogar, mas deixem-nos descansar também. Nas férias, gosto muito, porque o meu tempo é precioso. Tirem mil fotografias, não me interessa. Se querem que joguemos, nós jogamos, mas não temos um espaço de recuperação. A decisão é vossa. Continuo a querer jogar, mas dêem-nos tempo para recuperar. Na NBA, eles têm quatro meses de férias. Nós vamos para fora durante quinze dias. Na segunda semana, começamos a correr outra vez, isso não são férias», finalizou.